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THE IMPORTANCE OF NURSE IN THE INTEGRATION OF PATIENTES IN SEARCH OF INTERVENTION, EMOTIONAL CONFORT AND IMPROVED QUALITY OF LIFE IN DIALYSIS. SYSTEMATIC LITERATURE REVIEW

 A IMPORTÂNCIA DO ENFERMEIRO NA INTEGRAÇÃO DE PACIENTES, EM BUSCA DE INTERAÇÃO, CONFORTO EMOCIONAL E MELHORA DA QUALIDADE DE VIDA NO TRATAMENTO DIALÍTICO. REVISÃO SISTEMATIZADA DA LITERATURA

 

 

Luiz Antony Monteiro – Enfermeiro - Aluno do Curso de Especialização em Enfermagem em Cuidados Intensivos Métodos Dialíticos e Transplante / Universidade Federal Fluminense (UFF).   E-mail: monteirox@oi.com.br. Profa. Dra. Isabel Cruz. Titular da UFF. isabelcruz@uol.com.br

 

 

ABSTRACT O paciente renal crônico é vítima de uma enfermidade que resulta em inúmeros procedimentos adaptativos, aliado a isso sofre de várias restrições decorrentes da doença e do tratamento. Por isso, pode manifestar diversos sintomas de abalo emocional. O presente estudo tem a finalidade de demonstrar, através de embasamento teórico, que a participação do enfermeiro na formação de grupos de pacientes em prol de uma boa relação, para além de estreitar a comunicação, debater aspectos relativos à patologia, pode caracterizar-se em um alívio do sofrimento emocional do enfermo. A pesquisa foi do tipo interpretativa e descritiva.  Para a concretização do estudo, foi utilizada coleta de dados realizada sobre 11 artigos relacionados ao tema, nos quais foram procuradas evidências de que a formação de grupos pode favorecer uma melhora para o paciente. Estes estudos validaram as hipóteses levantadas. Chegou-se à conclusão de que os profissionais de enfermagem, com a conduta de implantação desses grupos, pode também melhorar o seu atendimento, incidindo sobre uma revitalização das suas funções cotidianas.

Key-Words: Chronic Renal Patients, Practice Nursing, Quality of Life

 

 

RESUMO

 

O paciente renal crônico é vítima de uma enfermidade que resulta em inúmeros procedimentos adaptativos, aliado a isso sofre de várias restrições decorrentes da doença e do tratamento. Por isso, pode manifestar diversos sintomas de abalo emocional. O presente estudo tem a finalidade de demonstrar, através de embasamento teórico, que a participação do enfermeiro na formação de grupos de pacientes em prol de uma boa relação, para além de estreitar a comunicação, debater aspectos relativos à patologia, pode caracterizar-se em um alívio do sofrimento emocional do enfermo. A pesquisa foi do tipo interpretativa e descritiva.  Para a concretização do estudo, foi utilizada coleta de dados realizada sobre 11 artigos relacionados ao tema, nos quais foram procuradas evidências de que a formação de grupos pode favorecer uma melhora para o paciente. Estes estudos validaram as hipóteses levantadas. Chegou-se à conclusão de que os profissionais de enfermagem, com a conduta de implantação desses grupos, pode também melhorar o seu atendimento, incidindo sobre uma revitalização das suas funções cotidianas.

Palavras-chave: Paciente Renal Crônico, Prática de Enfermagem, Qualidade de Vida

 

INTRODUÇÃO

 

A presente pesquisa investiga de que forma a formação de grupos, realizada pelo enfermeiro, entre pacientes renais crônicos, pode fazer com que estes tenham a sua ansiedade diminuída, além de garantir-lhes mais conforto.

O estudo se desenvolve tentando apontar a ajuda proporcionada por essa interação, no que diz respeito às trocas de experiências, ao entender no outro os seus próprios anseios e dilemas e, também, verificar e esclarecer ao paciente, dúvidas sobre o seu tratamento. É relevante um estudo como esse, no sentido de apontar para os profissionais de enfermagem a importância dessa ação para a terapêutica e para o auxílio emocional do paciente.

 

SITUAÇÃO PROBLEMA

 

O paciente renal crônico realizando hemodiálise, tem uma perspectiva de vida prolongada pelo tratamento dialítico, até que ocorra o transplante renal. Diante disso, o paciente fica submetido a uma terapêutica que não possui data definida para se encerrar,  provocando complexas repercussões orgânicas e mentais, tais como: medo, angústia, depressão, entre outras. 

A finalidade do tratamento hemodialítico é permitir ao paciente uma sobrevida em relação à severidade da patologia. Atualmente, com a melhora das técnicas dialíticas tem se orientado o enfermeiro para a melhora da qualidade de vida desses pacientes.

Essa orientação se concretiza através de ações voltadas para a humanização e não-somente para o lado técnico da profissão.   Uma dessas propostas é incentivar a participação do enfermeiro na formação de grupos de pacientes que tenham um bom relacionamento interpessoal, com o intento de favorecer a troca de experiências, consulta de enfermagem e dúvidas. Nessa expectativa, vislumbrar em relação ao paciente, uma ajuda para minimizar seu desconforto emocional.

JUSTIFICATIVA

 

É justificável um trabalho que deixe latente para o enfermeiro que, proporcionar a interação entre pacientes renais crônicos, poderá levá-los a trocar experiências, desvendando algumas dúvidas, suavizando alguns desconfortos, ou seja, fazer com que eles se sintam mais informados e, ao mesmo tempo, mais aliviados. Nesse sentido, pode-se promulgar que o enfermeiro poderá contribuir, e muito, no esclarecimento de algumas dúvidas, na humanização e no cuidar de todo um cabedal de sentimentos, provocados pela doença nesses pacientes.

 

Desdobramento da flamejante questão clínica

 

 

DESCRIÇÃO

P aciente

Renal Crônico

I  ntervenção de enfermagem

Formação de grupos de pacientes

C  omparação

Assistência de Enfermagem X Integração de pacientes

O (Resultado)

Conforto emocional

 

PERGUNTA PESQUISA     

 

Qual a importância de um enfermeiro na formulação de grupos que tenham um bom relacionamento interpessoal, favorecendo a troca de experiências, consulta de enfermagem e dúvidas, comparado com o aumento de conforto emocional em relação ao tratamento dialítico?

 

OBJETIVO

 

Investigar de que modo à interação das relações interpessoais entre pacientes renais crônicos pode minimizar e aliviar a ansiedade e também proporcionar conforto emocional para os mesmos.

METODOLOGIA

 

A metodologia utilizada para este estudo, foi a revisão bibliográfica através de pesquisa manual e computadorizada, procurando identificar produções científicas de enfermagem no período compreendido entre 2005 e 2009, utilizando as palavra-chaves/key-words (paciente renal crônico, prática de enfermagem, qualidade de vida), na seguintes base de dados da BIREME utilizando os seguintes descritores: diálise renal, enfermagem, prática profissional, promoção de saúde, educação em saúde, família. .  Dos 18 textos identificados, foram selecionados 12 artigos (oito artigos em Português e cinco em inglês) para análise, por manterem relação com os objetivos deste estudo.

Os artigos encontrados foram selecionados e filtrados de acordo com a relação estabelecida com o tema proposto.  Utilizou-se como critério de inclusão artigos ou periódicos de enfermagem. Foram descartadas as pesquisas que se mantinham mais afastadas do tema e as publicações antigas.  O levantamento e a coleta de dados ocorreram no período de outubro-dezembro/2009. 

 

RESULTADOS:

Tabela 1 – Publicações localizadas, mencionadas na base de dados, Niterói, 2009.

 

Autores, Data e País

Objetivos das Pesquisas

Tamanho das Amostras

Tipo de Estudo / Instrumentos

Principais Achados

Conclusão

dos Autores

Reis CK

Guirardello EB, Campos CJG1

2008

Brasil

Analisar as diferentes fontes de demanda de atenção vivenciadas por pacientes com IRC

8 mulheres

19 a 53 anos

Análise descritiva por meio  de técnica de análise de conteúdo

Ausência de perspectiva quanto ao futuro, morte como possibilidade iminente.

Dificuldades para a pessoa em direcionar atenção para situações importantes, como o tratamento e a busca por uma melhor qualidade de vida.

Martins MRI

Cesarino CB2 

2005

Brasil

Avaliar a qualidade de vida de pessoas em tratamento de HD

125 pacientes

HD

Descritivo: Questionário Genérico de Qualidade de Vida e Entrevista

Foram evidenciados prejuízos na qualidade de vida.

Através do estudo o enfermeiro e a equipe têm subsídios para perceberem a necessidade de avaliar a qualidade de vida de pessoas com doença renal crônica

 

Broscious SK, Castagnola J.3 2006

EUA

Desenvolver orientações práticas clínicas
e um sistema de classificação uniforme para doença renal crônica (DRC).

Pacientes com sinais de DRC.

Estudo descritivo.

Cuidados críticos
dos enfermeiros

podem determinar a eficácia
das intervenções

A avaliação irá permitir a rápida
detecção de alterações sistêmicas
relacionados com a DRC e intervenções apropriadas.

Fried et al.4

2005

EUA

Avaliar sintomas e sua relação com a qualidade de vida e depressão.

162 pacientes

Coleta de Dados Análise multivariada

Os sintomas físicos e emocionais são predominantes

A incorporação de um padrão de avaliação de sintomas para o atendimento a pacientes em hemodiálise de manutenção pode fornecer um meio para melhorar a qualidade de vida nesses pacientes.

Mevill D5

2005

EUA

 

Diagnósticos e intervenções em enfermagem: informações aos clientes sobre seus tratamentos.

24

artigos

Bibliográfica / coleta em base de dados

Problemas relacionados aos clientes levantados durante a pesquisa, como a falta de informação sobre seu tratamento.

Implantar o diagnóstico de enfermagem com a meta de esclarecer o cliente em tratamento dialítico.

Terra FS. Costa AMDD6

2007

Brasil

Conhecer a expectativa de vida dos clientes renais crônicos submetidos a hemodiálise.

30 clientes

Estudo descritivo, transversal e quantitativo.

Uma grande maioria (56,67%) dos nefropatas crônicos pretendem fazer a cirurgia de transplante.

Conclui-se que cabe aos profissionais de saúde devem manter uma luta constante em prol do aumento de doação de órgãos.

Holewinsky L.

Cruz I.7

2008

Brasil

identificar os cuidados de enfermagem prestados aos clientes submetidos ao transplante renal.

18 artigos

Bibliográfico Coleta de dados

Profissionais de enfermagem devem estar capacitados para fornecer uma assistência de qualidade

Conclui-se que há um consenso acerca do protocolo de enfermagem antes de serem definidas as ações e as intervenções de assistência.

Souza EF. De Martino MMF. Lopes MHB.8

2007

Brasil

Identificar os diagnósticos de enfermagem mais freqüentes nos clientes renais crônicos

20 pacientes de unidade dialítica

Coleta de dados por meio de levanta-mento de dados

Os principais diagnósticos de enfermagem, encontradosforam: risco para infecção, proteção alterada e conforto alterado.

A utilização da teoria de King permite ao enfermeiro coletar e identificar dados relevantes para a assistência de enfermagem.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Quintero JR.9

2005

EUA

Estabelecer um modelo inovador na prática que incorpora
enfermeiros, médicos e
auxiliares em atendimento, resultando na melhoria da saúde para todos.

Pacientes familiares

Estudo descritivo.

Um plano interdisciplinar de cuidados tende a influenciar  diretamente nos resultados terapêuticos na relação saúde e doença de pacientes de uma forma geral.

Instigar o trabalho interdisciplinar entre  as equipes de saúde para obter um melhor resultado em todos os aspectos para os pacientes.

Santos AB. Bandeira MA. Coiado CRP10.

2008

Brasil

 

 

Avaliar o perfil dos pacientes com IRC submetidos a HD.

30 pacientes

Descritivo Pesquisa de Campo, prospectivo com abordagem quantitativa

Os resultados apontam para uma incidência de depressão relevante, fazendo-se necessário o trabalho do enfermeiro indispensável para o diagnóstico precoce.

Investir em programas e apoio para a melhoria na qualidade de vida destes pacientes.

Barbosa GS. Valadares GV.11

2009

Brasil

Discutir a relação do enfrentamento do cliente de HD em termos de possibilidades para o cuidado de enfermagem.

Não cita

Pesquisa qualitativa, utilizando os princípios básicos da Teoria Fundamentada nos Dados (TFD)

As informações foram analisadas considerando-se os procedimentos básicos pertinentes a TFD: codificação aberta, codificação axial e codificação seletiva.

O estudo aponta para a relação de interdependência entre conhecimento e sensibilidade para garantir que o cuidado prestado esteja embasado na visão sistêmica do indivíduo.

Queiroz MVO Dantas MCQ.  Ramos IC, Jorge MSB12

2008

Brasil

Identificar situações de aprendizagens que sirvam de base para a prática de educação em saúde.

06 pacientes

Estudo qualitativo

A necessidade de aprofundamento em temas específicos como a questão social e a sexualidade.

O estudo demonstrou a necessidade de aprendizagem e apontou estratégias a serem utilizadas na proposta de educação em saúde.

Fonte: UFF – Especialização Enfermagem em Métodos Dialíticos e Transplante

 

A IMPORTÂNCIA DO ENFERMEIRO NA INTEGRAÇÃO DE PACIENTES, EM BUSCA DE INTERAÇÃO, CONFORTO EMOCIONAL E MELHORA DA QUALIDADE DE VIDA NO TRATAMENTO DIALÍTICO. REVISÃO SISTEMATIZADA DA LITERATURA

 

DISCUSSÃO

 

O doente renal crônico experimenta uma brusca mudança no seu viver, convive com limitações e com o tratamento sofrido, como é o caso da hemodiálise. Convive também, com a possibilidade de submeter-se ao transplante renal e a expectativa de melhorar a sua Qualidade de Vida1,2,6, 10, 14.

A reação do paciente renal crônico frente ao diagnóstico da patologia renal faz emergir sentimentos de medo pelo desconhecimento da doença, incerteza quanto ao futuro e o pensamento na possibilidade de morte, além disso, a “negação” como um mecanismo de defesa1,3,8.

A literatura é unânime em proclamar que a doença do paciente renal crônico vem acompanhada de conflitos, medo e incerteza, tais como: sentimentos de tristeza, revolta, isolamento social, abandono das suas responsabilidades e desesperança pela certeza da severidade de uma doença grave e que pode a qualquer instante levá-lo à morte.

A desesperança engloba a ausência de perspectivas quanto ao futuro e sentimentos de tristeza e solidão, que emergem pelo fato da cura estar distante da realidade daquele indivíduo. É difícil elaborar planos e ter expectativas quanto ao futuro, justamente por frustrações anteriores e por considerar que a ausência de planos torna a vida menos sofrida, pois caso estes não sejam alcançados não haverá frustração1.

As diversas restrições e limitações resultam para o indivíduo em uma perda da sua autonomia, pois a sua vida passa a depender de um tratamento prolongado, doloroso, desgastante, porém, necessário. Tal questão também está relacionada com o próprio tratamento de hemodiálise, que torna o indivíduo dependente de uma máquina e de profissionais de enfermagem3,4.

Nesta perspectiva, é que se torna relevante a participação dos enfermeiros na assistência e na humanização do trato com o paciente renal crônico.  Fica evidente, a dificuldade dos pacientes, bem como da equipe, em lidar com assuntos relacionados à morte. Um tema que deve ser velado, quando alguém do grupo de hemodiálise falece.

O óbito é um resultado constante em pacientes renais crônicos, pois, apesar do progresso nos tratamentos dialíticos, a expectativa de vida de pacientes em estágio final de doença renal é muito menor do que a descrita nos diversos grupos da mesma faixa etária da população em geral2,11.

Na insuficiência renal crônica, quando há a demora na identificação diagnóstica o quadro geralmente apresenta sérias complicações tornando-se ainda mais grave. Portanto, o papel de enfermagem nesses casos, sobretudo no que se refere ao diagnóstico, ou seja, quais as limitações e riscos iminentes e quais as ações devem ser estabelecidas relativas à monitoração e assistência3,5,6,8.

O conforto proporcionado por parte dos enfermeiros é de suma importância nesse processo de humanização do paciente renal crônico.  A morte faz parte da vida, assim como a angústia, e enfrentar a dor com dignidade é a tarefa mais difícil neste encontro.  Nessa relação, descobrir que se tem uma doença grave também pode ser um caminho para reflexões sobre os motivos ou objetivos para continuar vivendo7,11.

Entre os contratempos enfrentados, o paciente renal crônico pode apresentar risco para ter débito cardíaco diminuído, pois possui desequilíbrios hídricos devido ao acúmulo de substâncias tóxicas que seriam excretadas pelo rim e estão sendo acumuladas no organismo (uremia), favorecendo o aparecimento de alterações na circulação, sobrecarregando a função do miocárdio e a resistência3,4.

Esses pacientes portadores de insuficiência renal crônica possuem: nutrição alterada menor que as necessidades corporais devido aos distúrbios gastrintestinais, devido à uremia e efeitos colaterais de medicamentos, resultando em anorexia, náusea/vômito e estomatite, restrições dietéticas e perdas de peptídeos e aminoácidos (blocos construtores para proteínas) durante a diálise.  É também, evidenciada por ingestão inadequada de alimentos, sensação alterada do paladar, atividade bucal ferida4.

A fraqueza e a fadiga estão diretamente relacionadas à anemia, deixando o paciente indisposto para realizar as tarefas diárias.  As repetidas punções para a realização da hemodiálise, o desconforto pela presença da FAV favorecem limitações das atividades, impedindo uma mobilidade do membro eficiente5

Assim, a ansiedade geralmente acompanha a doença crônica, pois o paciente quer sair deste estado de limitações e voltar às atividades diárias que costumava exercer e a doença o impede de sua liberdade10,11.

A imagem corporal do paciente renal crônico é totalmente alterada pela síndrome urêmica, resultando em perda do apetite, emagrecimento, hálito urêmico, pele empalidecida, anemia etc. Com isso, o paciente apresenta isolamento social, sentimento de desesperança e medo da morte devido à percepção de seu corpo, dificultando o tratamento6. O cliente renal crônico tem risco para injúria, sendo necessária à observação de sinais flogísticos, realização periódica de exames e curativos para obter uma via livre de microorganismos, observação e cuidado quanto à perda do acesso4,5,8,10.

Como já aventado, a expectativa de vida de pacientes em estágio final de doença renal é muito menor do que a descrita nos diversos grupos da mesma faixa etária da população geral. Esse dado poderá desencadear, nos envolvidos com o tratamento, uma série de fantasias sobre a morte que precisam ser acompanhadas por uma equipe multidisciplinar2,9,10.

É relevante que a patologia renal carece de atendimento interdisciplinar, na medida em que suas complicações provêem de multifatores. Ao enfermeiro cabem ações inseridas na equipe interdisciplinar com vistas ao atendimento do paciente de forma integrada, atuando na prevenção de agravos7.

Nos últimos anos, alguns estudos têm avaliado a importância do trabalho em equipe interdisciplinar no tratamento de pacientes com doença renal crônica, com base em intervenções psicoeducacionais. Esses estudos têm como objetivo principal a divulgação de informações sobre a Doença Renal Crônica, sua prevenção e seu tratamento para os portadores de doença renal e seus familiares9.

Os benefícios desse tipo de intervenção foram observados em um estudo no qual os pacientes que receberam cuidado interdisciplinar na pré-diálise tiveram sobrevida de 8 meses a mais após entrarem em terapia dialítica, quando comparados aos pacientes que receberam apenas o cuidado médico tradicional8,12. Observaram também, que pacientes renais crônicos que passaram por intervenção interdisciplinar tiveram maior sobrevida quando comparados a pacientes que foram acompanhados de forma tradicional9.

A hemodiálise na maioria das vezes representa uma esperança de vida, já que a doença é um processo irreversível. Contudo, observa-se que geralmente as dificuldades de adesão ao tratamento estão relacionadas à não aceitação da doença, à percepção de si próprio e ao relacionamento interpessoal com familiares e ao convívio social10,11. Diante dessa premissa, cabe ao enfermeiro coordenar a assistência prestada, identificando as necessidades individuais de cada cliente, proporcionando meios de atendimento que visem uma melhor adequação do tratamento, garantindo assim uma qualidade de vida melhor, aproveitando todos os momentos para criar condições de mudanças quando necessário. A prática do cuidar personalizado está diretamente ligada à qualidade da assistência prestada, e uma das formas de alcançar este objetivo é através do processo de enfermagem7,10.

Entende-se que programar processos de relacionamentos através da formulação de grupos, adotar processos de interação, favorecer o diálogo e a troca de experiências, reexaminar posturas e fatos, diagnosticar a doença e revelar suas consequências são práticas que o enfermeiro deve experimentar para que se desenvolva um melhor conforto emocional em relação ao método terapêutico1,2,11,12.

O grande objetivo no processo de humanização das assistências e das relações se impacta na questão: não ultrapassar a importância destinada à competência técnico-científica, em detrimento da humanização. Portanto, os atos de saúde, por representarem, muitas vezes, ações rotineiras, cotidianas e técnicas não contemplam um trabalho voltado para a atenção ao ser individual, que se estaciona na pessoa do paciente crônico renal5,6,8,12.

A convivência contínua na hemodiálise permite o desenvolvimento de uma relação de cumplicidade e confiança entre a equipe de Enfermagem e os pacientes. Com isso, estes acabam por compartilhar o choro, o desabafo, a emoção, uma vez que sentem necessidade de conversar sobre a situação em que se encontram e as dificuldades porque passam11.

Atualmente, na prática, uma grande maioria de enfermeiros já presta esta assistência ao traçar metas fundamentais para a realização do cuidado, planejando, observando, trocando, fazendo, comunicando, ouvindo e também levando em conta o lado subjetivo através da imaginação, intuição, emoção e interpretação dos sentimentos aflorados pelos clientes no momento da doença.

Em relação ao esclarecimento das dúvidas sobre o tratamento, a diversidade e a complexidade de informações, normalmente interferem na compreensão do paciente quanto ao seu problema de saúde e sua terapêutica. A abordagem a esses pacientes, pelos profissionais de enfermagem, deve ser realizada de maneira que se possa transmitir as informações em uma linguagem acessível, principalmente ao se considerar a especificidade da linguagem técnica e o nível de escolaridade do paciente. Uma informação inadequada pode resultar em uma dificuldade de se compreender o processo de tratamento.  Então, as informações devem ser transmitidas aos poucos e de forma clara, e o profissional de saúde deve se certificar do entendimento do paciente, auxiliando-o nesse aspecto12.

O enfermeiro deve realizar ações com o intuito de promover a saúde e o bem estar do cliente. Deve, durante suas ações, explicar todos os procedimentos que estão sendo realizados, o porquê e para qual finalidade, tanto para o cliente como para seus familiares, pois o paciente se encontra numa situação muito complicada, ocorrendo neste momento um grande conflito de sentimentos como culpa, angústia, depressão, apatia e medo da morte11. Neste sentido é necessário agregar à competência técnica e científica com um compromisso com a ética, respeitando a singularidade e a humanização na percepção das necessidades do paciente8.

Alguns relatos baseados em pesquisas e entrevistas com pacientes renais crônicos apontam que eles, diante da enfermidade, sentem a necessidade de reafirmarem para si próprios que, mesmo com as restrições, permanecem íntegros.

Estudos norte-americanos demonstram a importância de acompanhamento e suporte terapêutico ao doente, rede social de apoio (atividade ocupacional, reuniões de grupos com situações semelhantes, apoio monetário da Previdência Social). Contudo, a situação dos doentes no Brasil difere muito da norte-americana. Entre outros fatores, as condições econômicas e sociais brasileiras não favorecem os doentes, visto que, em muitos casos, não podem mais trabalhar no decorrer do tratamento.

Quando o paciente descobre que possui uma doença crônica fica desesperado, pois sabe que a doença é grave, e a qualquer momento poderá morrer.  Esses pacientes irão precisar de enfermeiros preparados e qualificados para administrarem cuidados específicos direcionados para essa patologia3, 12

 

SUGESTÃO PARA A PRÁTICA DE ENFERMAGEM

 

O enfermeiro deve ter em mente que para trabalhar com ser humano, deve apresentar interesse, amor, afeto, responsabilidade e preocupação em busca de ajuda para promover o bem estar, sendo tudo isso atributos morais e não apenas requisitos profissionais2,10. E entre essas ações uma das propostas que podem ser positivas é a de formular grupos de pacientes que tenham um bom relacionamento interpessoal e que venham favorecer a troca de experiências em relação à terapêutica da doença. 

O cuidado de enfermagem é um fator chave na obtenção de resultados positivos para o paciente e na manutenção, reabilitação e prevenção de certos aspectos do cuidado de saúde.  O elemento crítico para a efetividade de um cuidado planejado é relevante conforme o histórico do paciente, sendo necessário os fatores físicos, psicológicos, sócio-culturais, cognitivos, econômicos, estilo de vida e outros para documentarem no prontuário. Na maioria das vezes apenas são sinalizadas as intervenções técnicas, marcadamente os aspectos biológicos do cuidado sem atentar para questões subjetivas7.

Assim, fica evidenciado que o apoio social, a educação e orientações que promovam o bem-estar são intervenções que devem fazer parte do planejamento da assistência ofertada pelos enfermeiros a esta clientela, adotando assim um enfoque mais abrangente ao cuidado, antes de tudo dotado de complexidades, singularidades e especificidades2.

Deve-se reforçar a necessidade de que sejam relatados os processos inerentes ao apoio dado ao paciente e a família. Na prática conversa-se tanto com os pacientes, contudo, invariavelmente não se atenta ao seu estado emocional, angustias, temores, saudade de seus familiares, preocupa-se somente em registrar no prontuário apenas as alterações hemodinâmicas e seus pertinentes cuidados11.

Diante de tantas mazelas, o paciente renal crônico necessita de um enfermeiro com motivação para exercer o cuidar e demonstrando a sua disposição para ajudar, e o desejo de que ele viva, ensinando-o a conviver com os mistérios da vida e da morte.

Nessa perspectiva, é próprio dizer que a enfermagem deve ter como meta direcionar o cuidado não apenas para a patologia e sim para a visualização da cura do paciente como um todo, levando em conta a sua vontade de viver. Isso poderá ser realizado por toda a equipe multidisciplinar, na qual o enfermeiro é peça principal para atuar, contribuindo e ensinando a enfrentar as dificuldades imposta pela doença9.

Os enfermeiros precisam colocar o cuidado como essencial em suas vidas e devem sempre objetivar a cura, mesmo em casos adversos como é o caso do paciente renal crônica. O enfermeiro deve prestar uma assistência de enfermagem ampla, com a finalidade de orientar e ajudar ao cliente a identificar problemas potenciais que estão expostos, desenvolvendo e implementando relações interpessoais de auto cuidado para que melhore as condições de sua vida e o conforto emocional em relação ao tratamento5,8.12.

Portanto, vale ressaltar que o papel do enfermeiro como educador, é de suma importância, tanto na promoção das ações educativas, com também, na ajuda da retomada do controle sobre a vida alterada, pelo cotidiano imposto pela hemodiálise e pela perda da autonomia associada12.

CONCLUSÃO

 

Esta pesquisa traz como conclusão que a formulação de grupos de pacientes com o intento de efetivar um melhor relacionamento, troca de experiências e esclarecimento de dúvidas em relação à doença e a sua terapêutica, certamente trará um conforto emocional ao paciente renal crônico, vítima de uma patologia de alta incidência atualmente.

Fica imperativo afirmar que em um ambiente de hemodiálise, além dos procedimentos e protocolos de enfermagem, a conscientização do papel social do enfermeiro deve permear um atendimento mais humanizado. Conseqüentemente, ao propiciar um maior conforto ao paciente, o enfermeiro estará promovendo melhorias nas suas próprias ações.  Diante disso, pode-se inserir a necessidade de implementação de rotinas e procedimentos, visando o estabelecimento de condutas uniformes e melhoria contínua da qualidade assistencial, pois o atendimento humanizado resgata o princípio básico de todo ser humano, que é o direito de ser tratado como indivíduo único, com suas particularidades, singularidades e necessidades individuais.

O estudo aponta como sugestão, inicialmente a formação de pequenos grupos.  Depois, progressivamente esses grupos podem ser interligados e os mesmos podem cruzar as informações e as trocas de experiência.  Tudo isso sob o gerenciamento e apoio do enfermeiro, que deve promover e produzir e essas ações.

Logo, este estudo é relevante por mostrar aos profissionais da enfermagem que, ações como essas, podem resultar em um cotidiano com melhor qualidade de vida para o paciente renal crônico.

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