Journal of Specialized Nursing Care

SYSTEMIZATION OF THE ATTENDANCE OF NURSING: INTERACTION NURSE PATIENT IN CORONARY CARE UNIT

 SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM: INTERAÇÃO ENFERMEIRO PACIENTE NA UNIDADE CORONARIANA – REVISÃO SISTEMATIZADA DA LITERATURA

 

Denise Bezerra de Oliveira. Enfermeira. Aluna do curso de especialização em Enfermagem em Cuidados Intensivos com ênfase em Cardiologia da UFF. Universidade Federal Fluminense (UFF) denise.enfermeira@hotmail.com Profª Drª Isabel Cruz. Titular da UFF. isabelcruz@uol.com.br

Abstract: This study has been developed with the application of the nursing care systematization from the nurse to the patient in the Coronary Care Unit as the proposed topic. Due to inquietudes, the interest in elaborating a study about the use of nursing interaction as a contribution for the nurse care systematization to the hospitalized patient in the Coronay Care Unit has appeared. In order to solve this problem, some objectives have been estabilished: to describe the nursing care systematization and to relate the existing types of interaction between nurse and patient in the Coronary Care Unit. The development of this study has been possible due to a qualitative reserch, making use of the desciptive method, with the systematic review of the available academic bibliography. It is concluded that the importance of the interaction between the nurse and hospitalized patient in the Coronary Care Unit advances the humanization, making use of therapeutic communication as an integrant part of the nursing process.

Key-words: nursing care, Coronary Care Unit, care systematization.

 

Resumo: Este estudo foi desenvolvido tendo como temática proposta a aplicação da sistematização da assistência de enfermagem por parte da enfermeira ao cliente em Unidade coronariana. Diante das inquietações desencadeou-se o interesse na elaboração de um estudo sobre a utilização da interação pelo enfermeiro como contribuição para a Sistematização da Assistência de Enfermagem ao cliente hospitalizado na Unidade coronariana. A fim de responder a esta problemática foram instituídos os seguintes objetivos: descrever a Sistematização da Assistência de Enfermagem e relacionar as formas de interação existentes entre enfermeira e cliente em Unidade coronariana. O desenvolvido do estudo se deu através de uma pesquisa qualitativa, utilizando-se o método descritivo, do tipo revisão sistemática da bibliografia acadêmica disponível. Conclui-se que a importância da interação  entre o enfermeiro e o cliente hospitalizado em Unidade coronariana favorece a humanização utilizando-se a comunicação terapeutica como parte integrante do processo de enfermagem.

Palavras chave: cuidado de enfermagem, unidade coronariana, sistematização da assistência.

 

1.       Introdução

 

Situação Problema: Os clientes com problemas cardiovasculares que são admitidos na unidade coronariana podem estar em risco potencial, tornando-se imperativa a busca pela estabilização das condições vitais, exigindo um atendimento com objetividade e atenção, como também agilidade e precisão nas intervenções, constituindo assim um processo de trabalho moldado na luta contra o tempo para alcançar o equilíbrio vital e necessidades emocionais.

Percebe-se então que existiam questionamentos, indefinições e conflitos sobre a adequada utilização da sistematização da assistência de enfermagem, uma vez que, a aplicação do processo de investigação e a determinação de problemas proporcionam os fundamentos para as habilidades de pensamentos críticos que levarão o enfermeiro a direcionar suas ações e seu olhar, a fim fornecer uma base sólida e segura no seu atendimento. Sem, no entanto se deixar distanciar do cliente permitindo, contudo que a enfermeira ofereça uma assistência integral, a qual contempla as suas necessidades desde a biológica até emocional.1

Diante disso, se crê que a necessidade humana básica tornou-se um conceito de base para a prática diária da enfermeira, servindo de subsídios à sua assistência, auxiliando desta maneira as várias formas de pensar, de como a enfermeira deve atendê-las através do cuidado humanizado.2

Deste modo, não se pode deixar de dispensar particular atenção às reações dos clientes diante da hospitalização em Unidade coronariana, o qual deve ser avaliado caso a caso pela enfermeira, pois cada cliente é único, encontrando-se muitas vezes situações de desequilíbrio, pois estes clientes enfrentam não só um obstáculo que se antepõe aos seus projetos de vida, como também a interrupção brusca das atividades do dia a dia, os quais perdem a sua importância frente à luta pela sobrevivência no primeiro momento, carregando consigo sentimentos de fragilidade e a incerteza da existência entre a vida e a morte. 3

Neste momento, encontra-se a enfermeira, a qual deverá apoiar este cliente, buscando diminuir suas angústias e tensões geradas pela incapacidade momentânea de estar socialmente e ecologicamente sadio, considerando cada gesto, fala, solicitações e até mesmo o silêncio na hora necessária. Quando ocorre a hospitalização, existe a ruptura dos seus ambientes habituais, acarretando uma modificação em seus costumes e hábitos, gerando perda da autonomia, medos e inseguranças caracterizados não só pela própria doença, como também pelo ambiente desconhecido, gerador de regras e de linguagem própria.

A Unidade coronariana possui de uma estrutura ambiental extremamente tecnicista onde encontramos instrumentos elétricos, eletrônicos e computadores que são essenciais à preservação da vida, os quais têm o papel de monitorizar ou manter as funções vitais dos clientes, impondo na maioria das vezes tamanha relevância à observação contínua do seu funcionamento, suplantando assim o interesse da enfermeira pelos clientes. 4-5

Da mesma forma que exige também um amplo domínio do funcionamento destes aparatos tecnológicos que estão inseridos neste cenário, comprometendo a relação interpessoal da enfermeira com o cliente, provocando em certos momentos o afastamento da verdadeira arte do cuidar de enfermagem, onde podemos inferir, portanto, que a incorporação tecnológica de ponta dentro desta dimensão irá implicar em um redimensionamento na essência do cuidar . 6

Diante do apresentado, a dificuldade ocasionada pela necessidade técnica nesta unidade retarda a espontaneidade da aproximação do enfermeiro com o cliente, sendo esta realizada somente quando se efetuar uma das etapas do processo de enfermagem, onde, nessa ocasião a enfermeira apresenta maiores condições de lhes transmitir apoio e segurança, e assim irá constituir pequenos vínculos que poderão se aprofundar a ponto de facilitar a sistematização da assistência.

 Isto remete-nos a pensar que, a integração enfermeira e cliente é de suma importância, pois servirá de subsídios na implantação adequada de todas as etapas do processo de enfermagem, possibilitando prestar um cuidado  individualizado e eficiente, uma vez que cada cliente tem desejos e manifestações, tanto físicas quando emocionais, singulares, e cada um deve ser tratado de forma muito própria.

Uma boa interação tem como base a comunicação verbal e não verbal, as quais irão proporcionar cuidados que visam sempre o bem estar bio-psico-social, não permitindo, todavia, que o cliente sofra danos que o ambiente hospitalar possa causar. 7

A especificidade do cliente coronariano exige da enfermeira, ao realizar o cuidado, uma capacidade de inovação, antecipação, intuição e sensibilidade, as quais são denominadas de aspectos subjetivos. Esta capacidade deverá também estar acrescida de uma cientificidade, onde juntas são capazes de direcionarem não só as ações de cuidar/cuidado da enfermeira, mas como de toda sua equipe em seu cotidiano, contrapondo-se a imposição tecnológica que impera nos dias de hoje. 8

Porém, quando estes aspectos se fazem presentes no ato de cuidar, são capazes de orientar o olhar da enfermeira, sendo estes percebidos como a dimensão do cuidar, que irá transcender não só os modelos assistenciais, como no sentido de representar uma união entre o cliente e a enfermeira, construída a partir de suas experiências de vida, que compartilham e resgatam a humanidade existente entre ambos.

 A prática de enfermagem, a cada dia que passa, exige que a enfermeira esteja preparada não só em termos técnicos como também humanístico, visando um cuidado de excelência e buscando proporcionar aos clientes um bem estar físico, psicológico e social. Diante do exposto, elaborei como pergunta de pesquisa: de que forma a enfermeira pode utilizar a interação no favorecimento da sistematização da assistência de enfermagem oferecida ao cliente internado em Unidade coronariana?

Objetivo: Descrever as características do cliente internado em unidade coronariana relacionando as formas de interação existentes entre enfermeiro e cliente como medida contribuinte para a facilitação da sistematização da assistência de enfermagem na promoção da recuperação global deste cliente.

Com o crescimento de doenças cardiovasculares, se faz necessária uma assistência diferenciada das ações da enfermagem a este cliente.  Desta maneira, torna-se importante à fundamentação teórico científica que irá, nortear as ações da enfermeira perfazendo uma assistência mais eficiente, cuja visão da integridade humana passa a ser primordial no seu dia-a-dia. 9 Contudo a enfermeira deve fazer não só uma revisão da sua prática cotidiana como também da elaboração e utilização dos recursos necessários para sistematização da assistência de enfermagem, a fim de prestar um cuidado digno e humanizado, buscando atender todas as necessidades físicas e emocionais do cliente internado numa Unidade coronariana. 10

 

2. Metodologia

 

Revisão sistemática onde a pesquisa bibliográfica computadorizada foi utilizada, tendo como palavras-chave / key-words, cuidado de enfermagem / nursing care, unidade coronariana / Coronary Care Unit e sistematização da assistência / systemization of the attendance, sendo consultadas as seguintes bases de dados: Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs), Medical Literature Analysis and Retrieval System (Medline) e Scientific Eletronic Library Online (Scielo). Dos 21 textos identificados, foram selecionados 10 para análise devido às implicações para uma melhor prática. Também foi realizada busca inversa, por meio da bibliografia referenciada nos documentos localizados.

Com os descritores foram utilizados os seguintes cruzamentos: enfermagem and cuidado and cliente and coronariana, cuidado and unidade and coronariana and assistência and enfermagem, sistematização and assistência and cliente and coronáriana.

O levantamento foi realizado no período de janeiro de 2004 a julho de 2009, e para a inclusão dos documentos foi feita à leitura dos títulos de cada trabalho, seguida da leitura do resumo daqueles que eram pertinentes a cada descritor de pesquisa, sendo a inclusão feita por conveniência, ou seja, foram selecionados artigos que descreveram a comunicação e interação do cliente internado em unidade coronariana para o favorecimento da sistematização da assistência de enfermagem nos idiomas português, inglês e espanhol, com nível de evidência 1, 3, 5 ou 6. Foram excluídos os documentos publicados à mais de cinco anos.

Em seguida, procedeu-se a categorização das publicações de acordo com tipo de intervenção proposta e nível de evidência11: 1 – revisões sistemáticas ou metanálise de relevantes ensaios clínicos; 2 – evidências de pelo menos um ensaio clínico randomizado controlado bem delineado; 3 – ensaios clínicos bem delineados sem randomização; 4 – estudos de coorte e de caso-controle bem delineados; 5 – revisão sistemática de estudos descritivos e qualitativos; 6 – evidências derivadas de um único estudo descritivo ou qualitativo; 7 – opinião de autoridades ou relatório de comitês de especialistas.

3. Principais Resultados

Tabela 1 – Publicações localizadas, segundo o tema: Sistematização da assistência de enfermagem: interação enfermeiro paciente na Unidade coronariana, mencionadas nas bases de dados, Niterói, 2008.

Autor(es), Data & País

Objetivo da pesquisa

Tamanho da amostra

Tipo do estudo & instrumento

Principais achados

Conclusões do autor(es)

 

 

 

 

 

 

Schneider DG, Manschein AMM, Ausen MAB, Martins JJ, Albuquerque GL 2008, Brasil.1

Objetivou desenvolver uma proposta de implantação da tecnologia leve (acolhimento) no cuidado ao

paciente/família, com diagnóstico clínico de infarto agudo do miocárdio.

Nove

pacientes com diagnóstico de IAM e seus respectivos

familiares (nove)

Pesquisa qualitativa, realizada nos meses de abril e maio de 2006, em uma unidade

coronariana de um hospital público, especializado em cardiologia localizado na Região Sul do Brasil.

A importância

do cuidado integral ao paciente e a família, já que

ambos experienciam os mesmos sentimentos.

O acolhimento seria o resgate da missão dos

serviços de saúde, a valorização da vida, a valorização

das relações no ato/encontro do cuidado em

saúde, a mudança no modo como a assistência em

saúde é oferecida ao usuário e trabalhador.

 

 

 

 

 

 

Sampaio ES, Mussi FC., 2009, Brasil.2

Objetivou discutir a educação em saúde como integrante do cuidar de enfermagem às pessoas

que sofrem infarto agudo do miocardio (IAM) e direcionada para a adoção de medidas de sobrevida face aos sintomas

prodrômicos da doença

Pacientes internados em Unidade coronariana

Trata-se de um estudo qualitativo com abordagem  descritiva.

O enfermeiro é responsável em organizar a informação, a educação

e o treinamento do público e de capacitar-se para atuar com competência técnico-científica, ética e humanística

no cuidado a pessoas com IAM visando a redução do retardo pré-hospitalar.

O ato de cuidar, portanto, compreende uma ação

interativa, baseada em valores e no conhecimento do

ser que cuida para e com o ser que é cuidado.

 

 

 

 

 

 

Bunzel B.  et al. 2008, USA.3

Objetivou apresentar as alterações psicológicas dos pacientes submetidos a procedimentos invasivos da Unidade coronariana e a atuação da enfermagem.

Foram analisados 30 pacientes

Estudo de caso

Os resultados revelaram que os pacientes desenvolvem alterações psicológicas devido a incerteza do prognóstico.

Quando os familiares apóiam de oferecem suporte a estes pacientes eles tende a se recuperar das alterações emocionais de forma mais positiva mesmo que venham a realizar o transplante de coração

 

 

 

 

 

 

Tsios, A.; Alichanidou, E, 2008, USA4.

Objetivou apresentar os aspectos relacionados com as alterações  emocionais sofridas pelos pacientes em Unidades de Tratamento Intensivo como no caso da Unidade coronariana

Pacientes internados em Unidades Fechadas como a Terapia Intensiva e a Unidade coronariana

Estudo realizado com

observação institucional

Observou-se que pacientes internados em unidades fechadas podem vir a desenvolver delírio, 

síndrome de unidades, situação aguda, e delírio devido a situação em que se encontra.

Favorecer os profissionais de enfermagem no reconhecimento dos problemas emocionais dos pacientes internados em unidades fechadas.

 

 

 

 

 

 

Hasin Y. et al, 2005, USA5.

Apresentar principais características inovadoras das Unidades Coronarianas e dos pacientes que a utilizam

Unidades Coronarianas da Comunidade Européia

Estudo realizado com

observação institucional

Observou-se que os procedimentos invasivos acontecem mais brevemente quando da internação dos pacientes e que a equipe de enfermagem está mais qualificada.

Os profissionais de enfermagem estão mais qualificados podendo oferecer uma assistência mais objetiva a recuperação rápida destes paciente utilizando as novas tecnologia disponíveis.

 

 

 

 

 

 

Coelho EOE, Emerick TO, 2007, Brasil6.

Investigar as ocorrências do tema “comunicação escrita”

nas bases eletrônicas de dados BDENF e Lilacs no

período de 2005 e 2006 e categorizá-las, por meio da

caracterização do “estado da arte”.

Foi analisada

a Relação dos Registros com a Sistematização da

Assistência de Enfermagem (SAE) e os Registros como

Fonte de Informação.

Análise de Conteúdo

A partir da categorização, foi

possível evidenciar falhas, na sistematização, relativas

ao processo de registros nas instituições de saúde o que

demonstra a necessidade de elaborar um instrumento de

registro, contribuindo efetivamente para a melhoria da

qualidade da Assistência de Enfermagem.

A constatação da importância da

comunicação entre cliente e equipe multidisciplinar, visto

que é um instrumento de grande significado na

sistematização da assistência de enfermagem (SAE). No

desenvolvimento do processo de enfermagem em todas

as suas fases, a comunicação oferece um cuidado

necessário, competente e humanitário, no sentido amplo,

em todo serviço de saúde.

 

 

 

 

 

 

Araújo MMT, Silva MJP, Puggina ACG, 2007, Brasil7.

Objetivou verificar se os enfermeiros identificam

situações nas quais os

aspectos não-verbais da comunicação

interpessoal entre profissionais

de saúde e pacientes

constituem fator iatrogênico.

Foram entrevistados oito enfermeiros

Os dados foram coletados por meio de entrevista semi-estruturada cujas respostas foram analisadas

segundo a metodologia de análise de conteúdo.

 

Do discurso

dos profissionais emergiram três

categorias, que evidenciam a percepção

da iatrogenia, suas conseqüências

e características e a interrelação

entre a linguagem nãoverbal

e o cuidado.

Os enfermeiros buscam

aprimorar seus conhecimentos relativos à comunicação

não-verbal para evitar que um cuidado planejado para ser

terapêutico se transforme em uma iatrogenia.

 

 

 

 

 

 

Silva RCL; Marques M, 2007, Brasil8.

 

Descrever o perfil

epidemiológico de mulheres infartadas e analisar as implicações

que esse perfil epidemiológico traz para a prática do cuidar em

enfermagem.

20 mulheres que sofreram infarto, atendidas na

unidade coronariana.

Trata-se de um estudo qualitativo com abordagem epidemiológica descritiva.

O aumento de mulheres internadas

na Unidade coronariana devido ao infarto traz implicações para a

prática do cuidar em enfermagem, à medida que, essas clientes

carregam uma carga emocional não vista entre os homens.

O perfil

epidemiológico das clientes entrevistadas é de uma população de

baixa renda, com pouca escolaridade e idade superior a 50 anos.

A maioria possui mais de 2 filhos, não é casada, trabalha fora de

casa e são chefes de família.

 

 

 

 

 

 

Backes DS, Koerich MS, Erdmann AL, 2008, USA9.

Objetivou compreender o significado da Sistematização da Assistência de Enfermagem

(SAE) para os profissionais da equipe multiprofissional à luz das relações, interações e associações do pensamento

complexo.

Os dados foram obtidos por meio de entrevistas com três grupos amostrais, somando

quinze profissionais da equipe multiprofissional da saúde pertencentes a diferentes instituições.

Trata-se de estudo qualitativo, tendo como referencial metodológico a Teoria Fundamentada nos Dados (Grounded Theory).

 

A análise simultânea dos dados possibilitaram a identificação do tema central: Vislumbrando a sistematização

da assistência de enfermagem como fenômeno interacional e multidimensional e o respectivo modelo de

referência.

A SAE aponta, para além da interatividade e complementaridade profissional, a importância da

dialogicidade e circularidade entre a academia, as práticas de saúde e os órgãos legisladores a partir de novos

referenciais para a organização das práticas em saúde.

 

 

 

 

 

 

Castilho NC, Ribeiro PC, Chirelli MQ, 2009, Brasil10.

Objetivou analisar como tem ocorrido a implantação da Sistematização da

Assistência de Enfermagem no serviço de saúde hospitalar do Brasil no período de 1986 a 2005.

Foram incluídos 30 artigos (15 relatos de experiência, 14 pesquisas de campo e uma reflexão

teórica)

Trata-se de uma pesquisa bibliográfica

A finalidade de implantar a sistematização é organizar

o cuidado a partir da adoção de um método sistemático, proporcionando ao enfermeiro a (re)definição da sua ação.

Dependendo da

escolha do referencial teórico de gestão e das estratégias utilizadas, isso se reflete sobre as condições de trabalho e o modo de agir,

havendo interferência no processo de implantação.

Fonte: UFF – Especialização de Enfermagem em Cuidados Intensivos com Ênfase  na Saúde do Cliente Adulto/Idoso.

 

4. Discussão

 

Entende-se que a Unidade coronariana é parte integrante do Hospital onde é realizado o tratamento de doenças cardiovasculares acentuadas como infarto agudo do miocárdio oferecendo assistência aos clientes acompanhando-os de forma permanente, por um cardiologista e equipe de enfermagem especialistas em cuidados intensivos.

A tecnologia disponível é empregada para o tratamento de cardiopatia isquêmica e outras patologias cardiovasculares onde os pacientes graves recebem monitoria contínua de temperatura, concentrações de oxigênio no sangue e ritmo de coração em seus leitos que oferecem privacidade e controle absoluto da evolução deste cliente.

Na análise do conteúdo bibliográfico, verificou-se que o apoio tecnológico se complementa com tecnologia para medições intracardíacas, monitoria respiratória, pressão intracraneana, hemodinâmico, pulsação aórtica, inscrição de controle de peso em cama metabólica e assistência respiratória mecânica e ainda apresentam apoio de serviços como eletrocardiografia, ecocardiografia, ergometria, Medicina Nuclear, Hemodinâmica com procedimentos diagnósticos e terapêuticos, marca-passo, estudo eletrofisiológico e exames complementares.

Em relação ao apresentado pelos autores evidenciou-se, portanto que a tecnologia existente na unidade coronariana, apesar de garantir a precisão de alguns procedimentos, necessita da implantação de uma sistematização de enfermagem em sua utilização, de forma a que esta tecnologia complemente o cuidado oferecido ao cliente, não se caracterizando como primordial, visto que o cuidado humanizado estabelecido deve estar sempre em primeiro plano, utilizando sempre a interação para sua qualificação.

Diante das colocações dos autores a comunicação é elemento importante da interação, podendo ser estabelecida de forma verbal e não-verbal, pois através da comunicação é que o enfermeiro estabelece interação com os clientes, alivia o estresse, ensinando-os a identificar as necessidades de assistência a saúde.

Para que a interação surta resultados positivos no cuidado, é preciso que o enfermeiro e o cliente estejam atentos às reações uns dos outros, na forma de agir, de pensar, levando em conta as expectativas de ambos, sendo esta interação sempre direcionada a atenção para as necessidades humanas básicas.

É na constante interação com o cliente, que o enfermeiro aprende a conhecer as estratégias de enfrentamento vivenciadas pelo cliente, contribuindo assim, para maximizar os resultados da assistência de enfermagem.

Ao pretender falar de interação baseada na literatura analisada, é preciso lembrar que, especialmente em relação ao cliente, a mesma ocorre muitas vezes através da linguagem do silêncio, ou seja, de forma não verbalizada, por meio de gestos, atitudes e expressões faciais.  O fundamental é ouvir o paciente, permitindo que o mesmo se expresse a seu modo, e não de forma rápida e superficial, deve-se indagar como ele está se sentindo, como passou o período, suas dúvidas, sua história. Conhecer o cliente que está ali, e interagir com ele vai além dos dados registrados no prontuário.

Cabe ainda ressaltar que a maioria dos autores destaca que a competência do enfermeiro na realização da interação deve ser usada de modo terapêutico, o que vai permitir ao enfermeiro atender ao cliente em todas as suas dimensões.

Enfocam ainda os autores que, quanto à humanização da assistência de enfermagem é fundamental agregar-se ainda os aspectos éticos levando em conta o respeito e a singularidade das necessidades do cliente e do enfermeiro, que aceite os limites de cada um na situação que requer a produção de atos em saúde.

O cuidado humanizado é inovador e necessita ser aliado à competência humanística a capacidade técnico-científica necessitando para sua realização da implantação de um sistema organizacional que venha a nortear e alinhar os aspectos que envolvem a humanização e os princípios de viabilidade de sua concretização prática na assistência de enfermagem.

Entende-se que este tipo de cuidado deve procurar olhar o cliente, estimulando-o a expressar o que sente e pensa, pois normalmente, um único estímulo de atenção e interesse oferecido pela enfermeira desencadeia e faz fluir o dialogo, onde emergem dúvidas, desabafos e indicações das necessidades de auxilio deste cliente.

Pode-se afirmar tendo como base os autores que na enfermagem a assistência humanizada visa o ser humano em sua integralidade, ocupando-se tanto dos componentes relacionados com a saúde quanto dos aspectos sócio-culturais.

Os autores contribuem para a elaboração da sistematização da assistência de enfermagem tão necessária para a humanização do cuidado oferecido, sendo o caminho que o enfermeiro dispõe para aplicar seus conhecimentos técnico-científicos e humanos na assistência ao cliente e caracterizar sua prática profissional, colaborando na definição de sua função.

A sistematização da assistência de enfermagem caracteriza-se pela implantação de um processo de enfermagem dividido em fases o que possibilita a efetivação e adequação desta sistematização voltada para a excelência do cuidado oferecido ao cliente diante das necessidades apresentadas no seu quadro clínico.

Dessa forma, a implantação da sistematização da assistência de enfermagem, a partir de um conhecimento específico e de uma reflexão crítica acerca da organização e da filosofia do trabalho de enfermagem, se constitui em instrumento de fundamental importância para que a enfermeira possa gerenciar e otimizar a assistência de forma organizada segura, dinâmica e competente e, ainda, racional e universal, determinando sua área específica de atuação dentro da Unidade coronariana.

Diante da problemática apresentada neste estudo, evidencia-se que a enfermeira deve utilizar-se da interação como forma de cuidado humanizado na assistência oferecida ao cliente, uma vez que irá possibilitar a mesma a resolução dos conflitos apresentados pelo mesmo relacionados ao infarto agudo do miocárdio.

Estes conflitos emergem das alterações vividas pelo cliente referentes à própria patologia e pela necessidade da hospitalização em unidade coronariana, o que geralmente assusta imensamente este, visto que o ambiente desta unidade apresenta-se altamente gerador de estresse pela quantidade de equipamentos e tecnologia disponíveis. Desta forma o enfermeiro deve observar, quando da admissão do cliente nesta unidade, que o mesmo apresenta necessidades humanas que devem ser supridas, principalmente as relacionadas a ruptura do vinculo com a saúde, a família e sua vida cotidiana.

Cabe, portanto a enfermeira, como profissional mais atuante junto a este cliente, utiliza-se da comunicação terapêutica como subsidio para a efetivação da sistematização da assistência de enfermagem, visto que a comunicação é parte integrante do processo de assistência de enfermagem oferecido a este cliente, que culminará, entretanto na disponibilização de um cuidado capaz de estar inserido no campo, bioético e afetivo humano que visa diretamente o restabelecimento mais breve do cliente.

 

Conclusão

 

Pode-se considerar que o estudo nos leva a entender que tão logo o cliente é admitido numa Unidade coronariana, ele se depara com outras ameaças inesperadas, ocasionando uma sobrecarga de temores sobre a qual ele não tem nenhum controle, levando a um estresse que afetará desfavoravelmente o curso clínico da doença.

As mudanças abruptas no cotidiano desses clientes podem remeter as mais diversas sensações. Logo, os problemas enfrentados e as necessidades apresentadas pelo mesmo transparecem nitidamente no decorrer da hospitalização.   Isto comprova que a interação com a enfermeira tem um efeito decisivo sobre o cliente, pois, o contato torna-se diário e direto, o que proporciona uma aproximação com seus temores, ansiedades e desejos.

O processo de comunicação terapêutica é de vital importância, onde o dialogo torna-se importante para que a interação ocorra de forma clara e acessível, caracterizando um relacionamento baseado na confiança e na afetividade, ocorrendo um vinculo, o qual será estabelecido, pautado no cuidado humanizado.

Lidar com pessoas não é só atentar-se para o físico – biológico, mas envolve a humanização, uma maior responsabilidade e respeito sobre o outro, o modo de ser e de agir das pessoas, aspectos estes que se consolidam num fator: a comunicação.

Por razões humanitárias, neste instante, a interação por parte da enfermeira se faz essencial, visto que conhecer a interação como processo, colabora com a qualidade dos relacionamentos que deverão ser estabelecidos entre cliente e esta profissional.

Torna-se fundamental neste momento uma abordagem de modo sistemático de sua totalidade levando assim, a um cuidado integral, ou seja, assistir as suas necessidades básicas bio-psico-sociais com humanização.

Entende-se, portanto que no estabelecimento de uma relação afetiva com o cliente para promover a humanização do seu cuidado, a enfermeira deva estar envolvida de forma integral para qualificar o atendimento, não só através do carinho e sensibilidade com a situação do cliente, mas também pela real garantia de uma assistência mais completa à saúde, para além de um bem-estar físico.

No cotidiano hospitalar a enfermeira deve sempre considerar que o desenvolvimento e a sistematização da assistência de enfermagem deve estar pautado na assistência global do cliente e no conhecimento científico pertinente a realização das ações direcionada a este, valendo-se da utilização do processo de enfermagem o que irá assegurar uma assistência melhor qualificada quando os cuidados requerem maior complexidade.

A sistematização da assistência de enfermagem deve ser compreendida como ordenamento e direcionamento ao trabalho da enfermeira, como metodologia da profissão, que permite uma prática sistemática, objetiva e científica, não devendo cair na armadilha da perda da humanidade do cliente a quem essa assistência está sendo prestada.

A preocupação com a otimização e qualidade no serviço de enfermagem deve ser constante, buscando a excelência no cuidado oferecido ao cliente por parte da enfermeira através da utilização da Sistematização da Assistência de Enfermagem tendo como principal instrumento a comunicação terapêutica que é parte integrante do processo de enfermagem.

Percebe-se, atualmente, mudanças significativas na prestação do cuidado de enfermagem, no que diz respeito a sua forma de assistir. A enfermeira está deixando de atuar apenas no atendimento das ordens médicas para estabelecer o seu próprio diagnóstico, o planejamento da assistência e a prescrição dos cuidados ao cliente efetivando desta forma cada vez mais a sistematização da assistência de enfermagem.

Considera-se, portanto com este estudo, que a utilização da comunicação terapêutica e interação favorecendo a sistematização da assistência de enfermagem é de fácil realização, proporcionando clareza para a coleta de dados, uma vez que possibilita a identificação das intervenções de enfermagem individualizadas conforme a necessidade de assistência junto ao cliente.

Ao elaborar este estudo esperou-se contribuir com os profissionais que estão inseridos no processo de cuidar do cliente em unidade coronariana, direcionando-os para que utilizem o processo de enfermagem de forma adequada como facilitador do desenvolvimento de suas atribuições, individualização da assistência, e a utilizando esta ferramenta primordial no cuidar cotidiano, perfazendo assim a assistência sistematizada, focando não só nas necessidades fisiológicas como também nas emocionais que tanto se fazem presentes nestes clientes, melhorando com isso a qualidade da assistência.

 Espera-se assim levar a uma reflexão sobre o cotidiano do trabalho desses profissionais de enfermagem, sobre a forma de olhar e cuidar, com conhecimento e sensibilidade, e com perspectivas de uma assistência integral a estes clientes, pois dentro das suas limitações este possui sentimentos e pode perceber avaliar e sentir o cuidado que lhe é dispensado, cooperando assim com satisfação para sua recuperação.

Assim sendo, a adequada assistência visando uma abordagem humanística, intervenções terapêuticas de enfermagem com respaldo teórico e as alterações fisiopatológicas ocorridas nesta clientela, são componentes que estão interligados nesse mundo assistencial. Portanto, buscou-se fundamentar o estudo dessa forma, por entender que esses conteúdos oferecem subsídios valiosos para a prática de enfermagem aos clientes internados nesta unidade.

 

Referências Bibliográficas

 

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