Journal of Specialized Nursing Care
The implications of nursing diagnosis: Acute pain related to Acute Coronary Syndrome – Systematized Literature Review

 

A implicação do diagnóstico de enfermagem: Dor aguda relacionada à Síndrome Coronariana Aguda – Revisão Sistematizada de Literatura

 

Karyne Defanti Martins. Enfermeira. Aluna do Curso de Especialização em Enfermagem em Cuidados Intensivos / Universidade Federal Fluminense (UFF). kadefanti@yahoo.com.br

 

Isabel Cruz. Doutora em Enfermagem. Professora titular da Universidade Federal Fluminense (UFF). isabelcruz@uol.com.br

 

 

Abstract: SCA is characterized by the acute onset of myocardial ischemia, which may progress to necrosis if diagnostic tests and definitive interventions are not performed. The nursing diagnosis is essential for the development of the care plan, in order to treat, disease control and reduced hospital mortality by assessing how the needs, making it a challenge, despite its high prevalence in ICU. This is a systematic review of the literature. The nursing interventions should advocate pain relief in order to decrease the chest discomfort due to decreased oxygen delivery to the myocardium, promoting physical comfort and individualized care. The reduction of coronary events of complications occurs when the SCA is treated in accordance with the proposed measures that improve the quality of care in this critical patient. Systematic diagnostic strategies are essential in this type of care in order to obtain a high accuracy on the tour. To comfort this pain interventions should be performed, minimizing cardiac stress as: maintain absolute bed rest, oxygen administration and drug therapy. Early recognition of the clinical manifestations of SCA more complex is one of the nursing responsibilities, intervening appropriately, aiming to improve prognosis and reducing the rates of complications syndrome, pain relief and clinical, developing a care plan can guide conduct of his team before the evolutionary picture of the patient. The onset time of symptoms to the provision of assistance is directly proportional to clinically relevant event occurrences.

Keywords (3): Myocardial infarction; Chest pain; Acute Coronary Syndrome

Resumo: SCA é caracterizada pelo início agudo de isquemia miocárdica, podendo evoluir para necrose tecidual se não forem realizados exames diagnósticos e intervenções definitivas. O diagnóstico de enfermagem é essencial para elaboração do plano de cuidados, visando o tratamento, controle da doença e diminuição da mortalidade hospitalar, através da avaliação quanto às necessidades, tornando-se um desafio, apesar de sua alta prevalência nas UTI. Trata-se de uma revisão sistematizada de literatura. As intervenções de enfermagem devem preconizar o alívio da dor, a fim de diminuir o desconforto torácico devido à diminuição da oferta de oxigênio para o miocárdio, promovendo conforto físico e cuidado individualizado. A redução de complicações de eventos coronarianos ocorre quando a SCA é tratada de acordo com as medidas preconizadas que aperfeiçoam a qualidade no atendimento a este paciente crítico. Estratégias diagnósticas sistematizadas são indispensáveis neste tipo de cuidado, a fim de se obter uma alta acurácia na assistência. Devem ser realizadas intervenções para conforto desta dor, minimizando o esforço cardíaco como: manter repouso absoluto no leito, administração de oxigenoterapia e terapia medicamentosa.  Reconhecimento precoce das manifestações clínicas da SCA de maior complexidade é uma das responsabilidades da enfermagem, intervindo de forma adequada, objetivando melhora do prognóstico e reduzindo os índices de complicações da síndrome, alívio da dor e alterações clínicas, elaborando um plano assistencial capaz de orientar as condutas de sua equipe diante do quadro evolutivo do paciente. O tempo do início dos sintomas até a prestação da assistência é diretamente proporcional à ocorrências de eventos clinicamente relevantes.

Palavras chave (3): Infarto do Miocárdio; Dor Torácica; Síndrome Coronariana Aguda

 

Introdução e Situação Problema

 

A doença arterial coronariana é a causa mais comum da Síndrome Coronariana Aguda. Este termo é amplamente utilizado para descrever pacientes com diagnóstico de infarto agudo do miocárdio (com e sem elevação do segmento ST) ou angina instável que apresentam sinais e sintomas típicos de baixa perfusão miocárdica como dor aguda precordial (tipo opressão ou queimação), grave ou transitória associada a desconforto torácico, dispneia e cansaço. 1-2 Pode causar uma lesão permanente no músculo do miocárdio, por consequência da diminuição do fluxo sanguíneo e oxigênio, devido ao estreitamento das artérias coronárias por acúmulo de lipídios, êmbolos ou trombos.3-5 No Brasil, no ano de 2010, foi responsável por 29% dos óbitos, sendo a segunda causa mais frequente.2-4

A dor é considerada como o quinto sinal vital. Escalas de mensuração foram criadas e validadas no intuito de quantificar e qualificar a dor, sendo largamente utilizada, apesar de a dor caracterizar-se como um fenômeno subjetivo, individual e influenciado por elementos sensitivos e emocionais.2

Apesar de existirem inúmeras doenças que causam dor aguda torácica, aquelas originadas do aparelho cardiovascular são as maiores preocupações, pois são responsáveis pelo maior número de mortalidade e hospitalização, necessitando de internação em uma unidade de terapia intensiva, causando preocupação na saúde pública, onde está incluído o infarto agudo do miocárdio.2-9 No Brasil, no ano de 2010, foi responsável por 29% dos óbitos, sendo a segunda causa mais frequente. 2-3-4 Há expectativas que no ano de 2020 seja responsável 40% das mortes. 6Também é uma das complicações da diabetes mellitus que representa a 5ª causa de mortalidade.2

É sabido que pelo menos 60% dos infartados apresentam sinais e sintomas prodrômicos, mas nem todos os reconhecem e/ou hesitam em aceitar a gravidade de sua condição, retardando assim, o atendimento hospitalar.5 Em média, 20 %  chegam a emergência de três a quatro horas após o início dos seus sintomas, necessitando de cuidados intensivos. 6-10

A dor aguda vem sendo um sinal vital muito discutido na atualidade científica médica e, como tal, merece ser analisada também pela perspectiva de análise e tolerância.5 Portanto é essencial e necessário o conhecimento do enfermeiro na identificação através da avaliação primária criteriosa relacionada à doença arterial coronariana para sua atuação na investigação e tratamento dos fatores que aumentam o consumo de oxigênio do miocárdio, através do exame físico, preparação dos serviços de suporte intensivo, gerenciamento da equipe de profissionais envolvidos para propor as intervenções de enfermagem para que o atendimento seja direcionado e o diagnóstico seja preciso, minimizando assim as consequências nocivas ou letais, reduzindo a distância ou estabelecendo uma ponte entre o cuidado ideal e o praticado.7-8-10-11-14

O tratamento baseia-se na estabilização do paciente e a supressão de complicações, envolvendo dois aspectos: controle da dor, terapia antitrombolítica, intervenção coronariana percutânea e revascularização miocárdica. O eletrocardiograma foi indicado como o mais valioso teste para diagnósico.12-13-16

 

Pergunta Clínica:

Para o cliente de alta complexidade com o diagnóstico de Dor aguda relacionada à síndrome coronariana aguda, qual a intervenção (ou protocolo) de enfermagem mais eficaz para sua resolução?

 

Quadro 1: Estratégia PICO

 

ACRÔNIMO

DEFINIÇÃO

DESCRIÇÃO

P

Paciente ou diagnóstico de enfermagem

Cliente adulto com dor aguda grave ou transitória, associada a desconforto torácico de alta complexidade associada à doença arterial crônica.

I

Prescrição

Avaliar a intensidade da dor aguda torácica associada à doença arterial crônica, através da escala numérica verbal; alívio da dor; manter estabilidade hemodinâmica; prevenção de complicações; avaliar monitorização cardíaca, priorizar exames diagnósticos e prestar assistência de alta complexidade.

C

 

Controle ou comparação

 

Não há controle ou comparação para esta pesquisa.

O

 

Resultado

Avaliar a importância da dor torácica associada à doença arterial coronariana para realização de um diagnóstico e terapia de reperfusão em tempo hábil, de forma rápida e precisa a fim de evitar morte ou morbidades, prestando assistência de alta complexidade.

Fonte: Martins (2014)

Metodologia

Este estudo trata-se de uma pesquisa bibliográfica computadorizada compreendida no período de Abril a Setembro de 2014 através do levantamento e análise crítica baseada em evidências científicas nos periódicos de enfermagem nacionais e internacionais.

Esta investigação foi desenvolvida ao longo de etapas como: escolha do tema, levantamento bibliográfico preliminar, identificação, localização e obtenção das fontes, leitura do material, análise, interpretação e redação do texto.

Foram utilizadas as seguintes bases de dados científicas do BVS: MEDLINE (Medical Literature Analysisand Retrieval System Online) via PUBMED, Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) Web of Science (via portal Capes), selecionando artigos científicos nos idiomas: inglês, espanhol e português, publicados online no período de 2009 a 2014.

Durante o mês de junho e julho realizou-se a primeira pesquisa nas bases de dados citadas, utilizando o seguinte descritor “dor torácica” obtendo como resultado um total de 3.394 publicações (artigos, monografias e teses). 

Houve a necessidade de combinar os descritores, juntamente com o critério de inclusão obtendo um segundo resultado de 1.902 publicações, passando para a segunda etapa da pesquisa. Alguns cruzamentos foram realizados: Chest pain AND Nursing OR Critical Care, Myocardial Infarction AND Nursing OR Critical Care e Acute Coronary Syndrome AND Nursing OR Critical Care

Utilizaram-se como critérios de inclusão todos os estudos que fizessem uma abordagem sobre características da dor aguda torácica na Síndrome Coronariana Aguda e controle ou alívio da dor.

E critério de exclusão: editoriais, resumos, cartas ao editor e material de congresso e conferências.

Foram utilizados os seguintes termos de busca controlados, extraído do Mesh (Myocardial Infarction; ChestPain; Acute Coronary Syndrome) e do Desh (Infarto do Miocárdio; Dor Torácica; Síndrome Coronariana Aguda).

Os descritores booleanos foram cruzados aos pares, utilizando AND e OR e componentes da estratégia PICO: (P) refere-se ao paciente internado em unidade de terapia intensiva com dor aguda relacionada à doença arterial coronariana AND (I) refere-se às intervenções de monitorização da função cardíaca e controle da dor AND (O) refere-se à avaliação da dor torácica para realização de diagnóstico de doença arterial coronariana e plano de cuidados de forma precisa.

A segunda etapa da pesquisa iniciou-se em e junho com a leitura dos resumos dos artigos, para confirmar se esses seriam realmente incluídos na pesquisa, sendo selecionadas treze (14) publicações para análise que ocorreu no final do mês de outubro e primeira quinzena de novembro, sendo cinco (08) artigos na língua portuguesa e seis (06) artigos na língua estrangeira, devido às implicações para uma melhor prática.

Síntese das Evidências Científicas

Quadro 2: Publicações localizadas nas bases de dados virtuais BVS classificados de acordo com o grau recomendado e nível de evidência por tipo de estudo, segundo referência à escala de Joanna Briggs.15

Autor (es), Data & País

Objetivo da pesquisa

Força da evidência

Tipo de estudos & Instrumentos

Principais achados

Conclusões do autor (es)

Dessotte CAM, Dantas RAS, Schmidt A. 2011. Brasil¹

Caracterizar os pacientes quanto ao relato da presença de dor torácica e dispneia antes da primeira hospitalização por Síndrome Coronariana Aguda, investigando a gravidade dos sintomas decorrentes da isquemia do miocárdio.

Nível III - 1

Estudo de caráter descritivo, correlacional e tipo transversal.

A avaliação dos sintomas decorrentes da Doença Arterial Coronariana tem sido feita principalmente após a realização de procedimentos terapêuticos, onde 70,3% do grupo de pacientes já tratavam alguma doença cardiovascular no momento da internação.

A maioria dos pacientes hospitalizados em uma unidade de terapia intensiva devido à primeira Síndrome Coronariana Aguda já convivia com fatores de risco essenciais para o desenvolvimento da doença.

Mussi FC, Pereira A. 2010. Brasil5

Analisar a tolerância à dor como sintoma prodrômico do infarto agudo do miocárdio em pacientes que vivenciaram esse evento cardiovascular.

Nível II

Estudo exploratório de natureza qualitativa e quantitativa.

A demora na busca de atendimento médico incluem-se aspectos clínicos e a percepção e os sentidos atribuídos à dor entre os gêneros. As mulheres com Infarto Agudo do Miocárdio podem ter menor taxa de dor torácica ou de sudorese, quando comparadas aos homens, onde a maior frequência é a dispneia.

O estudo evidenciou que os gêneros constroem enfrentamento e resistência a dor como forma de manter o controle da própria existência que determina maior risco de vida ou incapacidade.

Moreira DM, Farias MM. 2012. Brasil8

Avaliar o impacto da utilização de protocolos de abordagem de Síndrome Coronariana Aguda sobre a adesão às recomendações das diretrizes societárias, evitando dificuldades de diagnóstico e atraso no tratamento.

Nível II

Ensaio clínico controlado e randomizado por cluster.

Diminuição da mortalidade de eventos coronarianos, quando pacientes com Síndrome Coronariana Aguda são tratados de acordo com as recomendações das diretrizes societárias.  Outro aspecto clínico relevante para a avaliação do desfecho é o fato de não haver diferença significativa na apresentação da dor torácica típica entre os grupos, visto que as características anginosas da dor torácica têm sido identificadas como o dado com maior poder preditivo de doença coronariana aguda e um dos pontos centrais para a tomada de conduta.

A utilização do protocolo promoveu maior aderência às recomendações das diretrizes societárias.

Paim CP, Azzolin KO, Moraes MAP. 2012. Brasil²

Comparar a presença e intensidade da dor torácica em pacientes diabéticos acometidos por Infarto Agudo do Miocárdio possa ou não apresenta-la.

Nível III-2

Estudo com delineado transversal prospectivo.

Evidenciou a presença e intensidade da dor torácica entre pacientes diabéticos e não diabéticos acometidos por Infarto Agudo do Miocárdio são semelhantes.

A equipe de saúde deve estar atenta a outros sintomas associados, que não somente como os característicos da angina, tanto em paciente diabético como em não diabéticos; utilizar escalas de mensuração da dor, já existente, com maior complexidade, possibilitando assim, uma melhor caracterização da dor no evento de Infarto Agudo do Miocárdio.

Kimble LP, Dunbar SB, Weintraub WS, McGuire DB, Manzo SF, Strickland OL. EUA9

Examinar a contribuição independente de dor no peito, fadiga e dispneia em pacientes com angina estável crônica.

Nível III-2

Estudo descritivo, correlacional relata dados de base transversais a partir de um estudo longitudinal.

Pacientes portadores de Angina Estável Crônica relatam a dor no peito como principal sintoma, mesmo não ocorrendo de forma isolada da fadiga e dispneia.

Os resultados sugerem a avaliação clínica e intervenção de enfermagem para pacientes com Angina Estável Crônica deve incluir uma abordagem mais abrangente para os sintomas, incluindo a avaliação da fadiga e dispnéia em vez de limitar o foco para a frequência de dor no peito.

Hemsey JZ, Sommargren CE, Drew JB. 2011. EUA10

Analisar a realização do ECG nos primeiros dez minutos em pacientes com sintomas isquêmicos, sendo a principal ferramenta de diagnóstico inicial.

Nível I

Estudo realizado com análise secundária de dados randomizados.

A maioria dos pacientes admitidos em uma unidade hospitalar com sintomas de Síndrome Coronariana Aguda não foi submetida a ECG nos primeiros dez minutos, principalmente em mulheres.

O enfermeiro pode evitar a demora da realização do ECG nos primeiros dez minutos de admissão dos pacientes com Síndrome Coronariana Aguda, através de estabelecimento de metas por meio de projetos de melhorias de qualidade em sua unidade.

DeVon HA, Hogan N, Ochs AL, Shapiro M. 2010. EUA11

Analisar o tempo de chegada à unidade hospitalar após início dos sintomas da Síndrome Coronariana Aguda, onde o atraso pode levar a danos irreversíveis ao miocárdio.

Nível II

Estudo quantitativo, descritivo e transversal.

Identificação de variáveis que impactam na decisão de procurar o serviço hospitalar tem o potencial de reduzir o tempo de tratamento emergencial e resultar em menores taxas de morte súbita cardíaca, aumento da preservação do músculo do miocárdio e redução da mortalidade.

As maiorias dos pacientes procuram uma unidade hospitalar após seis horas de início dos sintomas isquêmicos. Este atraso pode levar a morte súbita ou morbidade em longo prazo.

Fletcher B, Thalinger K. 2010. EUA12

Início de tratamento antiplaquetário em pacientes submetidos à intervenção coronariana percutânea.

Nível I

Estudos randomizados.

Recomendação específica para adicionar o Clopidogrel ao Ácido Acetilsalicílico em pacientes com Infarto Agudo do Miocárdio, independente de haver ou não pacientes submetidos à terapia de reperfusão.

Devido ao seu papel central no tratamento de pacientes com Síndrome Coronariana Aguda, os enfermeiros devem ficar bem informados sobre os tratamentos antiplaquetários e potencialmente importantes, bem como detectar eventos adversos ou complicações.

 Tierney S, Cook G, Mamas M,Ordoubadi FF, Smith HI, Deaton C. 2012. Reino Unido13

Avaliar o papel enfermeiro durante a fase aguda na identificação de estratificação de risco e tratamento de pacientes com Síndrome Coronariana Aguda.

Nível I

Revisão sistemática de literatura, com estudo randomizado e controlado.

Pacientes com Síndrome Coronariana Aguda que precisam receber terapias baseadas em evidências adequadas para otimizar os resultados. Enfermeiros podem desempenhar um papel fundamental na garantia de cuidados adequados.

Atuação do enfermeiro na terapia trombolítica, melhoria dos cuidados dos pacientes com Síndrome Coronariana Aguda, deve incluir a avaliação objetiva de riscos e orientar as decisões de tratamento identificadas neste estudo.

Wang R, Neuenschwander FC, Filho AL, Moreira CM, Santos ES, Reis HJL, Romano ER, Mattos LAP, Berwanger O, Andrade JP. 2014. Brasil14

Avaliar através do registro Acute Coronary Care Evolutionof Practice Registry (ACCEPT), a taxa de uso de medicamentos que sabidamente tem impacto na taxa de eventos cardiovasculares, dentre eles: ácido acetilsalicílico, betabloqueadores, inibidores da enzima conversora de angiotensina, bloqueadores do receptor de angiotensina e estatinas. Analisar o impacto dessa terapêutica na taxa de eventos cardiológicos maiores.

Nível IV

Estudo observacional, não randomizado através do registro ACCEPT idealizado pela Sociedade Brasileira de Cardiologia. Subanálise pré-especificada no planejamento de registros.

Dos medicamentos que tem impacto na Síndrome Coronariana Aguda, observamos que o ácido acetilsalicílico foi à droga mais prescrita nas primeiras vinte e quatro horas.

A qualidade de atendimento do paciente com Síndrome Coronariana Aguda no registro ACCEPT, avaliada pela porcentagem de pacientes em uso de medicamentos que comprovadamente melhoram a sobrevida, está acima dos registros mundiais prévios. No entanto, se considerarmos a taxa ideal de prescrição da medicação próxima dos 95%, ainda há muito a melhorar.

Kamali A, Söderholm M, Ekelund U. 2014. Suécia16

Analisar os cuidados no atendimento de emergência: contribuições relativas dos sintomas de dor torácica, ECG, marcadores enzimáticos para avaliação e diagnóstico da Síndrome Coronariana Aguda.

Nível II

Ensaio clínico controlado e randomizado.

Todos os pacientes portadores de Síndrome Coronariana Aguda apresentaram alteração isquêmica do miocárdio e 90,5% tinham alterações eletrocardiográficas, sendo considerado a ferramenta diagnóstica mais importante que o marcador enzimático (troponina).

Embora o ECG seja a ferramenta diagnóstica mais importante em pacientes apresentando dor torácica com possível Síndrome Coronariana Aguda, os resultados indicam que não é realizado de acordo como o preconizado.

 

Os cuidados e/ou intervenções de enfermagem perante um quadro clínico de dor torácica na SCA são de extrema importância, entretanto, a maneira que o serviço é organizado e disposto, reflete direta e indiretamente na evolução do quadro clínico do paciente. A principal atuação baseia-se na em promover e manter o conforto do paciente, controlando a dor e evitando complicações. Enfermeiros devem estar aptos a disporem prontamente às intervenções terapêuticas especializadas e de qualidade, já que serão essas intervenções que refletirão no prognóstico do paciente, que para êxito, torna-se indispensável garantir a reperfusão da musculatura cardíaca.

Discussão

Pacientes diagnosticados com angina instável (AI) apresentaram precordialgia com maior frequência que os pacientes infartados na semana anterior à internação, prevalecendo o sexo masculino e fatores de risco em ambos.1

A manifestação clínica mais comum da síndrome coronariana aguda (SCA) é a precordialgia grave ou transitória, evoluindo na maioria (60%) das vezes para IAM.4-6 Seu tratamento baseia-se no controle da dor e suas possíveis complicações. Porém, no indivíduo portador de diabetes mellitus (DM), podem ocorrer sinais e sintomas atípicos, levando a uma postergação da procura dos serviços emergenciais.2

O tempo influencia diretamente na escolha do tratamento após admissão do paciente. Os que demoraram a receber atendimento especializado apresentaram pior prognóstico.2-6-10  Retardam o atendimento hospitalar, tornando um obstáculo para terapia de reperfusão,  afetando a sobrevida do paciente.5-6-13-14 Apenas 20% das dores torácicas agudas chegam à emergência antes das duas horas do início dos sintomas.4-6 Isto ocorre devido à negação de que a dor seja de procedência cardíaca, associação com outras condições crônicas pré-existentes, desconhecimento dos benefícios se houver atendimento rápido e falta de unidades de emergência com atendimento de alta complexidade disponível a todos pacientes.6-7-8

Os que acessam o atendimento em unidade de tratamento intensivo no tempo hábil, recebem cuidados adequados como reperfusão por angioplastia e terapia antitrombolítica, tem redução na taxa de morbimortalidade por DAC, restaurando o fluxo da artéria afetada.4-6-11 Se o tratamento for instituído logo após o infarto, acredita-se que ele possa reduzir consideravelmente a lesão do músculo cardíaco.6-8

O eletrocardiograma é o primeiro teste de diagnóstico que deve ser realizado, seguido de marcadores enzimáticos específicos. Alterações eletrocardiográficas de isquemia podem ocorrer antes do IAM.10-16 Na avaliação clínica, deve-se considerar o estado clínico do paciente em intervalos regulares, até que aconteça a estabilização de sua condição clínica.13-14-16

A dor torácica é proveniente da diminuição ou interrupção do fluxo sanguíneo do miocárdio. Por isso as condutas de enfermagens deverão ser baseadas no consumo de oxigênio deste tecido como: repouso absoluto no leito com cabeceira elevada à 45 °, administração de oxigenoterapia, monitorização cardíaca contínua com oximetria, administração de medicações para alívio da dor (nitratos, morfina, AAS, beta bloqueadores),orientar quanto a sinalização para manutenção do desconforto a dor e atentar para complicações. 8-9-11-12-13-14

Este reconhecimento disponibiliza a interação de vários setores, induz a criação de sistema (ou linha de cuidados) para otimizar o atendimento, desde o diagnóstico até a assistência em tempo adequado.4 Pesquisas em melhorias na qualidade do cuidado e assistência a saúde tentaram reduzir a distância ou estabelecer relação entre o cuidado ideal e o praticado.7

As diretrizes societárias têm como objetivo guiar as práticas, sugerindo condutas baseadas em evidência e pautadas no rigor científico, mostrando-se eficaz na melhora da qualidade assistencial, onde suas recomendações são mais empregadas apresentam menores taxas de eventos. Avaliou a taxa do uso de medicamentos que tem impacto nos eventos cardiovasculares. Observou-se que o Ácido Acetilsalicílico foi à droga mais prescrita (97,6%) nas admissões seguidas das estatinas (90,6%) nas primeiras 24 horas e menores taxas de betabloqueadores.12

Conclusão

Estima-se que nas próximas duas décadas, nos países da América Latina, haverá quase o triplo da incidência de DAC. Os altos índices de mortalidades estão associados às dificuldades no acesso hospitalar após o início dos primeiros sintomas como a dor aguda torácica através de tratamento, métodos de reperfusão, medidas terapêuticas preconizadas e cuidados em CTI.

A dor aguda torácica e sua intensidade são semelhantes entre pacientes DM e não DM acometidos de IAM. A característica que predominante é dor retroesternal em queimação irradiando para MSE.

O tratamento utilizado para os pacientes com IAM, é tempo-dependente com os primeiros sintomas, o atendimento e condutas terapêuticas a serem adotados, como o uso de vasodilatadores, diuréticos, digitálicos, betabloqueadores e agentes trombolíticos, e da realização de procedimentos como angioplastia primária e revascularização miocárdica.

Verificou-se que pacientes submetidos apenas ao cateterismo cardíaco apresentaram menor delta T, seguido dos que realizaram angioplastia coronariana e maior delta T necessitaram de cirurgia de revascularização do miocárdio, ou seja, pacientes com menor delta T apresentaram melhor prognóstico.

Planos de cuidados de enfermagem devem ser adotados para alívio e controle do desconforto torácico como: repouso absoluto no leito em posição semi-fowler para diminuir a demanda sobre o coração, oxigenoterapia para aumentar a oxigenação miocárdica, administração de nitratos (aumentam o fluxo sanguíneo para o miocárdio por vasodilatação coronariana, e diminuem a demanda miocárdica de oxigênio), betabloqueador (efeito rápido) e morfina (caso a dor persista após o uso das medicações citadas), No entanto, se considerarmos a taxa ideal de prescrição de medicação próxima aos 95% ainda há muito a melhorar.

Manter ambiente tranquilo devido ao estresse emocional, levando a inquietude, podendo precipitar dor anginosa, devido á liberação de substâncias constritoras que provocam isquemia miocárdica, evitando a sedação e orientar quanto á sinalização de qualquer desconforto de dor.

A percepção do enfermeiro sob o significado da dor aguda de cada paciente se dá através de anamnese coerente, identificações eletrocardiográficas precoces e interpretação de exames laboratoriais podendo identificar esta situação e auxiliar no quadro clínico. Devido ao seu papel central no tratamento do paciente crítico com SCA, deve ser capaz de observar alterações através da monitorização eletrocardiográfica observação direta do paciente e acompanhar parâmetros hemodinâmicos.

A implantação da linha de cuidados do IAM promove tratamento adequado e estratégias que possibilitem às intervenções efetivas com a finalidade de diminuir os danos cardíacos.  O conhecimento das diretrizes internacionais é essencial para sua correta aplicação e elaboração do fluxograma. Portanto é necessário preparação dos serviços de terapia intensiva após atendimento emergencial e dos profissionais envolvidos para que este atendimento seja direcionado.

O enfermeiro é responsável por estabelecer processos para diminuir o tempo de realização perante os sintomas isquêmicos, que causam a dor, através do treinamento de sua equipe, que devem observar e comunicar as alterações clínicas, evitando complicações, está apto para tomar as decisões cabíveis para o atendimento dessas alterações levando-se em conta os fatores determinantes que direcionam as ações da equipe de enfermagem para a eficácia da assistência prestada.

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