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REVIEW ARTICLES

 

Surgical site infection: sistematic literature review for a clinical protocol


Infecção do sítio cirúrgico: revisão sistematizada da literatura para um protocolo clínico

 


Ana Carolina de Barcelos Mafra1, Isabel Cristina Fonseca da Cruz1

1Universidade Federal Fluminense

 


ABSTRACT
Objective: To identify the scientific literature to determine best available evidence about nursing care for the treatment / prevention of surgical site infection. Method: systematic review of the literature using computerized research on virtual basis, with filter 2010 to 2015. We used the following databases: BDENF, IBECS, Medline, Lilacs and Cochrane via Virtual Library in Health (BVS).
Results: Of the 20 (twenty) articles analyzed, 14 (fourteen) investigated the risk factors for surgical site infection, among the most common factors are: smoking, alcohol consumption, age, gender and length of stay.
Conclusion: Nursing care is developed with a focus on minimizing risks to patient safety and prevention of surgical site infection.
Recommendations: The best way to reduce surgical site infection rates are identifying their risk factors and directing the actions for preventive practices.
Keywords: Surgical Wound Infection; Postoperative Complications; Patienty Safety.


RESUMO
Objetivo: Identificar a produção científica para determinar melhor evidência disponível acerca da assistência de enfermagem para o tratamento/prevenção de infecção do sítio cirúrgico. Método: Revisão sistematizada da literatura por meio de pesquisa computadorizada em bases virtuais, com filtro de 2010 a 2015. Foram utilizadas as seguintes bases de dados: BDENF, IBECS, Medline, Lilacs e Cochrane via Biblioteca virtual em saúde (BVS).
Resutados: Dos 20 (vinte) artigos analisados, 14 (catorze) investigaram os fatores de risco para infecção de sítio cirúrgico, dentre os fatores mais comuns estão: tabagismo, etilismo, idade, sexo e tempo de internação.
Conclusão: O cuidado de enfermagem é desenvolvido com foco na minimização dos riscos à segurança do paciente e prevenção da infecção do sítio cirúrgico.  
Recomendações: A melhor forma de se reduzir os índices de infecção do sítio cirúrgico é identificando seus fatores de risco e direcionando as ações para práticas preventivas. 
Palavras-chave: Infecção da Ferida Operatória; Assistência Perioperatória; Segurança do Paciente.



INTRODUÇÃO

A infecção hospitalar é atualmente considerada um problema alarmante, crescendo tanto em incidência quanto em complexidade, gerando diversos tipos de implicações sociais, econômicas e até psicológicas. Ela é conceituada como uma infecção adquirida após a admissão do paciente e que se manifesta durante internação ou após a alta, quando puder ser relacionada com a internação ou a procedimentos hospitalares.(1)

A infecção do sítio cirúrgico (ISC) é a segunda ou terceira infecção mais frequente entre os pacientes que se submetem às cirurgias. É responsável por aproximadamente 17% dentre todas as infecções associadas à assistência de saúde. No Brasil, a ISC ocupa a terceira posição dentre as infecções encontradas nos serviços de saúde e compreende de 14 a 16% das infecções dos pacientes hospitalizados, com taxa de incidência de 11%1. A ISC, uma complicação potencialmente grave, é definida epidemiologicamente como aquela que ocorre até 30 dias após o procedimento operatório, ou até um ano após esse procedimento em casos de implante de prótese.(2)

Por contribuir para o aumento da morbi-mortalidade dos pacientes pós-cirúrgicos, a ISC é uma complicação de grande relevância porque além de elevar significativamente os custos com o tratamento, repercutindo também em uma maior permanência hospitalar, também causa prejuízos físicos e emocionais. Por ser uma complicação relacionada à assistência de saúde, a ISC é perfeitamente evitável. Visto isso, torna-se clara a necessidade de se buscar a melhor prática baseada em evidências científicas, visando o aprimoramento das técnicas profissionais através da elaboração de um protocolo clínico. O estudo possui forte relevância para os profissionais diretamente ligados à assistência ao paciente, em especial a enfermagem, tendo em vista que o protocolo clínico aqui proposto trará maior eficiência, eficácia, autonomia, qualidade e resolutividade para as práticas de enfermagem. Desse modo, o objetivo da pesquisa é Identificar a produção científica para determinar melhor evidência disponível acerca da assistência de enfermagem para o tratamento/prevenção de infecção do sítio cirúrgico.

Pergunta clínica: No cliente de alta complexidade, qual é a eficácia do protocolo de enfermagem para infecção do sítio cirúrgico para o tratamento/prevenção da infecção?

 

METODOLOGIA

Trata-se de uma revisão sistematizada da literatura por meio de pesquisa bibliográfica computadorizada no período de maio/2015 a novembro/2015 utilizando as bases virtuais BDENF, Cochrane e Lilacs via Biblioteca virtual em saúde (BVS) e Medline, para obtenção de artigos publicados de 2010 a 2015, nacionais e internacionais, utilizando os termos de busca controlados: Infecção da Ferida Operatória, segurança do paciente e assistência perioperatória. O operador booleano AND foi utilizado nas seguintes sintaxes: Infecção da ferida operatória AND Unidade de terapia intensiva; Infecção da ferida operatória AND Planejamento de assistência ao paciente; Infecção da ferida operatória AND Assistência operatória AND Segurança do paciente. Os artigos selecionados ficaram dispostos em um quadro contendo as informações: Autor (es), ano de publicação, País, força da evidência (Segundo Oxford), tipo de estudo, principais achados e conclusão dos autores. Adotaram-se como critérios de exclusão: Artigos publicados antes de 2010 e artigos voltados para a assistência à criança e ao adolescente.


Síntese das evidências científicas
O fluxograma abaixo descreve a trajetória da obtenção de dados, que se inicia na identificação dos artigos nas bases de dados referidas, utilizando os termos de busca controlados e sintaxes,

seguido da triagem, utilizando os critérios de exclusão, elegibilidade e por fim os artigos que restaram e foram incluídos no estudo.

 

Os resultados foram compilados no quadro a seguir, a força de evidência de cada artigo foi classificada segundo Oxford.21

Quadro1: Publicações localizadas nas bases de dados virtuais

 

 

 

Autor (es), Data & País

 

Objetivo da pesquisa

Força da evidên-cia

Tipo do estudo & instrumen-tos

 

Principais achados

 

Conclusões do(s) autor (es)

1

Coelho LHP, Stuchi RGA, Gomes GF. Jan-Jun – 2012. Brasil

Identificar a prevalência dos fatores de risco relacionados à infecção do sítio cirúrgico.

 

2B

Coorte retrospectiva; Banco de dados

Quanto aos fatores de risco, 25,6% tabagistas, 13% diabetes, hipertensão, cardiopatia, respectivamente, 10% etilistas. Média de internação 7,7 dias.

Os dados reforçam a importância de se intensificar medidas para a prevenção e controle da infecção do sítio cirúrgico.

2

Ercole FF, Franco LMC, Macieira TGR, Wenceslau LCC, Resende HIN, Chianca TCM. Nov-Dez  2011. Brasil

 

Identificar fatores de risco associados à infecção de sítio Cirúrgico (ISC).

 

2B

Coorte retrospectiva; Banco de dados

 Potencial de contaminação da ferida cirúrgica, condições clínicas do paciente e tempo cirúrgico foram estatisticamente associados à infecção.

A identificação dos fatores de risco é importante e contribui para a prática clínica do enfermeiro.

3

Ercole FF, Chianca TCM, Duarte D, Starling CEF, Carneiro M. Mar-abr - 2011 . Brasil

Avaliar a aplicabilidade do índice NNISS para predição da infecção de sítio cirúrgico em cirurgias ortopédicas e propor um índice alternativo .

 

 

2B

Coorte retrospectiva; Banco de dados

 A incidência de infecção foi de 1,41%. Modelos de predição foram avaliados e comparados ao índice NNISS.

O índice NNIS foi considerado um bom preditor de infecção, apesar de ter estratificado os pacientes em pelo menos três a quatro escores. O modelo alternativo superou o modelo NNISS na predição.

4

Oliveira AC, Kovner CT, Silva RS. Mar- Abr 2010. Brasil

Determinar a incidência da infecção hospitalar em uma unidade de terapia intensiva, sua associação com as características clínicas do paciente e sítios de ocorrência

 

 

2B

Retrospectivo descritivo e epidemioló-gico; Análise de prontuários

Foram identificados 383 (20,3%) casos de infecções hospitalares (IH), sendo 54 (14,1%) de sítio cirúrgico.

A IH está associada múltiplos fatores dentre eles: permanência superior a quatro dias de internação, procedimentos invasivos e infecção comunitária à internação.



5

 

Gebrim CFL, Rodrigues JG, Queiroz MNR, Barreto RASS, Palos, MAP. Ago, 2014 - Brasil

Analisar a profilaxia antimicrobiana no perioperatório de cirurgias limpas, em um hospital universitário do Centro-Oeste brasileiro.

 

2B

Descritivo e transversal; Análise de prontuários

 Houve inadequações em 70.6% quanta à duração da profilaxia, 96,8% de acordo com o peso e 70% das doses adicionais. A taxa de infecção de sítio cirúrgico foi de 10%.

O estudo mostrou inadequações que podem trazer prejuízos para a segurança do paciente.

6

Salomão AB, Meireles MB, Caporossi C, Crotti PLR, Nascimento JEA. Fev- 2011 – Brasil.

Avaliar resultados pós operatórios antes e após a implantação do protocolo multimodal ACERTO

 

 

2B

Coorte retrospectiva em fichas preenchidas prospectiva-mente referentes aos pacientes

Notou-se tendência decrescente de casos de ISC (antes do protocolo ACERTO: 7,51% VS. Após implantação do protocolo ACERTO: 3,36%)

O protocolo ACERTO proporcionou melhora dos resultados, expresso por menor tempo de permanência hospitalar e diminuição dos casos de infecção do sítio cirúrgico, complicações operatórias e óbitos.

7

 

Santana LC, Ramos GS, Pereira JC, Almeida HPC, Guedes HM. Jan-abr- 2012 – Brasil.

Investigar a prevalência de infecção hospitalar (IH) em paciente cirúrgicos.

 

2B

Coorte retrospectiva; Análise de prontuários

Observou-se uma taxa de IH em pacientes cirúrgicos de 4,14% dos quais 65,9% foram encaminhados para a unidade de terapia intensiva. A maior ocorrência foi de infecção do sítio cirúrgico (36,3%).

Necessidade de intensificação de ações preventivas e atuação efetiva da comissão de controle de infecções hospitalares.

8

 

Rodrigues ALS, Miranda  AC, Dourado CJC, Almeida DPR, Brito NB, Araújo RS. Jan-mar 2014 - Brasil

Descrever perfil clínico-epidemiológico de pacientes diagnosticados com ISC

 

2B

Retrospectivo, transversal, descritivo; Análise de arquivos

A taxa de incidência global de ISC foi de 8,7%.

Comportaram-se como fatores de risco: o tabagismo, a imunossupressão, o índice ASA e o potencial de contaminação do procedimento.


9

 

Bathke J, Cunico PA, Maziero ECS, Cauduro FLF, Sarquis LMM, Cruz EDA. Jun-2013.  Brasil

Investigar a infraestrutura material e a adesão à higienização de mãos em uma Unidade de terapia intensiva

 

2C

Pesquisa de resultados; Observação direta não participante e emprego de instrumento
autoaplicável

Entre 1277 oportunidades observadas, a adesão foi de 28,6%. A infraestrutura material apresentou-se deficiente em funcionalidade.

Os resultados implicam risco para a segurança dos pacientes, sendo relevante o planejamento de ações corretivas.

10

Peñalver-Mompeán MD, Saturno-Hernández PJ, Fonseca-Miranda Y. Gama ZAS. Mar- Abr - 2012. Espanha

Descrever a existência e qualidade da protocolização da preparação pré-cirúrgica

 

 

2B

Transversal e descritivo; Revisão de documentos

As recomendações sobre assepsia estavam incompletas na maioria dos documentos.

 A preparação pré-cirúrgica está protocolizada na maioria dos hospitais, mas a qualidade dos protocolos é deficiente, assim como a padronização das práticas baseadas em evidência.

11

 

 

Londoño AF, Morales JE, Murilla MB.  Dez - 2011. Chile

Identificar os fatores de risco para infecções em locais cirúrgicos, calcular a duração de Procedimentos e validar o escore de risco NNISS.

 

2B

Transversal; Formulário

A frequência de infecção foi de 10,9% e estavam associadas à: anemia, diabetes, tabagismo, a estadia antes da cirurgia, dose única de antibióticos profiláticos.

O índice NNISS tem sido válido; problemas subjacentes devem ser controlados antes da cirurgia eletiva e deve ser reduzida a estadia pré-cirúrgica.

12

Dumville JC, Gray TA, Walter CJ, Sharp CA, Page T. Set - 2014. Reino Unido

Avaliar os efeitos de curativos para a prevenção de ISC em pessoas com feridas cirúrgicas.

 

 

1A

Revisão sistemática de ECR`s; Bases de dados

Há uma falta de evidências de pesquisas de alta qualidade sobre a escolha de curativos. A pesquisa existente não evidenciou qualquer curativo reduza ISC em feridas cirúrgicas que cicatrizam por intenção primária.

 

Nenhuma evidência foi identificada a sugerir que qualquer curativo específico reduzisse significativamente o risco de desenvolver ISC.



DISCUSSÃO

Ao analisar os dados, é possível perceber a preocupação dos autores em analisar as causas pelas quais o indivíduo adquire a infecção de sítio cirúrgico, ou seja, investigar seus fatores de risco associados(1,2,4,6,7,8,11,18). Dentre os fatores de risco apontados, se destacaram com caráter endógeno: Idade, sexo, Diabetes mellitus, obesidade, pacientes abaixo do peso(19), tabagismo, doença crônica, infecção pré-existente, imunodepressão e/ou uso de corticóides. Os fatores de risco de caráter exógeno destacaram-se: Tempo de internação pré e pós-operatória, duração da cirurgia, classificação da cirurgia de acordo com o potencial de contaminação (limpa, potencialmente contaminada, contaminada e infectada) e a tricotomia.

Além disso, a vigilância do paciente cirúrgico na maioria das instituições tem ocorrido apenas durante o período de internação. Entretanto, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) de Atlanta (Estados Unidos), órgão de referência para o controle e prevenção das infecções hospitalares, recomenda que no paciente cirúrgico, devido aos fatores específicos, inerentes ao ato cirúrgico e sua condição, a vigilância deva ser ampliada após a alta hospitalar.(8,17) Nesse contexto, a vigilância pós-alta, é uma importante ferramenta de vigilância de ISC, visto que em muitos casos os sintomas da infecção somente surgem quando o paciente já se encontra em domicílio, o que aumenta o número de taxas de subnotificação.

O enfermeiro é o profissional direto no cuidado e precisa lançar mão de ferramentas que o auxiliem na prevenção de agravos. Através de escalas e marcadores, é possível que este profissional trace o perfil de risco de cada paciente cirúrgico, direcionando seu cuidado e dispensando ao paciente um cuidado focado para cada tipo de demanda, e se tratando de ferramentas, diversos estudos(3,8,11) investigaram a aplicabilidade do índice de predição de risco da National Nosocomial Infection Surveillance System (NNISS) e suas variáveis, dentre eles o ASA (American Society of Anesthesiologists), que apesar de ser o índice de escore mais utilizado, alguns autores afirmam inadequações e incapacidade desse índice, de maneira geral, para predizer o risco de ISC em diferentes tipos de procedimentos cirúrgicos.(3,8)

O preparo correto do paciente para a cirurgia assume um importante valor para a redução do risco para infecção, o enfermeiro é o profissional que está à frente dessa fase, seja orientando família e paciente quanto ao procedimento, seja administrando o cuidado pré-operatório padrão. Entre esses cuidados, está o banho pré-operatório, que visa à remoção da sujidade e parte da microbiota da epiderme do paciente, no entanto, esse assunto é controverso entre os manuais e guidelines que abordam a temática, pois embora alguns agentes an­tissépticos sejam capazes de reduzir significativamente os microrganismos na pele intacta e tenham amplo espectro de atividade, ação rápida, persistente e cumulativa, não há evi­dências científicas suficientes que demonstre a redução da taxa de ISC após o seu uso no banho pré-operatório.14 Outro ponto é a profilaxia antimicrobiana cirúrgica, um dos mais im­portantes métodos disponíveis para prevenir a ISC. Ela objetiva reduzir a concentração de potenciais patógenos no local da incisão cirúrgica, contribuindo para reduções sig­nificativas em taxas de infecção.(5,11,18)

Resposta Baseada em Evidências
Com base no que foi dito, o protocolo de enfermagem para infecção do sítio cirúrgico, é uma proposta de adequação às normas de prevenção de infecção. Em consonância com a análise de dados, o protocolo visa diminuição do índice de infecção do sítio cirúrgico bem como melhor tratamento disponível para a infecção já instalada, através do rastreio de fatores de risco/comorbidades e avaliação/tratamento adequado à ferida cirúrgica.  É evidente que o profissional de enfermagem, que lida diariamente com o cliente, está na linha direta do cuidado e precisa estar apto tendo em visa que a prevenção de agravos se inicia pelas mãos desses profissionais através de ações simples, descritas no protocolo mais adiante. Interiorizar tais práticas é diminuir significativamente as taxas de óbito, as readmissões hospitalares, as admissões em UTI, os custos hospitalares, além de agregar qualidade às práticas de enfermagem.

O protocolo clínico contém recomendações do Centers for Disease Control and Prevention (CDC) com o último Guideline for Prevention of Surgical Site Infection (1999),
que apesar do ano, ainda é referência na prevenção e controle de infecções, com alta força de evidência que é reafirmada por estudos até os dias atuais.

Segundo o Guideline(22), é de suma importância tratar infecções remotas previamente, bem como adiar a data de cirurgia até que se tenha resolvido, em casos de cirurgia eletiva (IA); No que diz respeito a tricotomia, o guideline prevê e os estudos comprovam que a tricotomia só deve acontecer em casos onde os pelos atrapalhem exponencialmente a cirurgia e se caso haja real necessidade de remoção, opta-se preferencialmente pela remoção imediata antes da cirurgia, utilizando tricotomizadores elétricos (IA). Deve-se orientar o paciente a abster-se, por pelo menos trinta dias do tabaco, em casos de cirurgias eletivas (IB). Quanto à glicemia, recomenda-se controle rigoroso dos níveis de glicemia no período perioperatório em pacientes diabéticos (IB). Reduzir ao máximo a internação pré-operatória (Categoria II); Muitos estudos falam a respeito da vigilância do paciente através do índice de escore de risco que utiliza variáveis como o ASA, tempo de cirurgia e potencial de contaminação, o guideline classifica esta recomendação como IB. A proffilaxia antimicrobiana também vem sendo muito discutida, segundo o guideline deve-se administrar o atm somente quando for indicado (IA).

Nos cuidados pós-operatórios, recomenda-se usar técnica estéril a cada troca de curativos (Categoria II), lavar as mãos antes e após contato com a ferida cirúrgica (IB) e proteger a incisão de 24 a 48h com curativo estéril em cirurgias com cicatrização por primeira intenção (IB).


CONCLUSÃO

Ao analisar a produção científica, conclui-se que o cuidado de enfermagem é desenvolvido com foco na minimização dos riscos à segurança do paciente e prevenção da infecção do sítio cirúrgico. O enfermeiro pode aponderar-se de estratégias para otimizar a cicatrização da ferida cirúrgica, seja pela detecção precoce das anormalidades nas fases de cicatrização, quanto pela prevenção associada aos fatores de risco. Ficou evidente que a melhor forma de tratar a infecção do sítio cirúrgico é identificando seus fatores de risco e direcionando as ações para práticas preventivas. 

 

Protocolo Clínico para Infecção do sítio cirúrgico

INTERVENÇÕES PRÉ-OPERATÓRIAS
- Sempre que possível, identificar e tratar todas infecções adjacentes antes da cirurgia eletiva e adiar operações eletivas em pacientes com infecções de sítio remoto até que a infecção tenha se resolvido.
- Não remover pelos no pré-operatório, a menos que o cabelo em torno do local da incisão vá interferir na cirurgia. 
- Se o cabelo tiver de ser removido, remova-o imediatamente antes da operação, de preferência com tricotomizadores elétricos. 
- Controlar adequadamente os níveis séricos de glicose no sangue em todos os pacientes diabéticos e em particular evitar hiperglicemia no período perioperatório.
- Instruir os pacientes a se abster durante pelo menos 30 dias antes da operação eletiva de fumar cigarros, charutos, cachimbos, ou qualquer outra forma de consumo de tabaco. 
- Manter estadia hospitalar pré-operatória mais curta o possível.
- Administrar um agente antimicrobiano profilático apenas quando indicado e selecionado com base na sua eficácia contra os patógenos mais comuns causadores de ISC. 
 

Rastreando Fatores de Risco e Comorbidades

Fatores Endógenos:
- Idade

- Sexo ( )F  ( )M

- Obesidade ( )Sim ( )Não

- Diabetes ( ) Sim. Tipo:___ ( )Não

- Doença crônica ( )Sim. Qual(ais):__________ ( )Não

- Infecção ( )Sim. Órgão/Sistema:___________ ( )Não

- Tabagismo ( )Sim ( )Não

- Etilismo ( )Sim ( )Não

- Imunodepressão ( )Sim. Tipo:_________ ( )Não

- Uso de corticóides ( )Sim. Qual(ais):___________ ( )Não

Fatores Exógenos
- Tempo de internação pré-operatória: _____ dias.
- Duração da cirurgia: ______ horas.
- Potencial de contaminação da cirurgia:
( )Limpa ( )Potencialmente contaminada ( )Contaminada ( )Infectada
- Necessita tricotomia? ( )Sim. Local:________ ( )Não

 
INTERVEÇÕES PÓS-OPERATÓRIAS
- Proteger a incisão com um curativo estéril para 24 a 48 horas de pós-operatório de uma sutura que foi fechada primariamente.
- Lavar as mãos antes e depois de realizar curativos e qualquer contato com o local da cirurgia.
- Quando um curativo na incisão for trocado, usar técnica estéril. 
- Pacientes que forem selecionados para a vigilância, classifique-os com variáveis ​para ser associados ao risco de ISC (por exemplo, classificação da cirurgia quanto ao potencial de contaminação, classe ASA, e a duração da operação).

Avaliação da ferida operatória

 

- SUPERFICIAL INCISIONAL:

A infecção ocorre no prazo de 30 dias após a operação e infecção envolve apenas a pele ou tecido subcutâneo da incisão.

Mais pelo menos um dos seguintes:

a. Drenagem purulenta , com ou sem confirmação laboratorial , a partir da incisão superficial.
b. Microrganismos isolados a partir de uma cultura obtidos assepticamente de fluido ou de tecido a partir da incisão superficial.
c. Pelo menos um dos seguinte sinais ou sintomas de infecção: Dor ou sensibilidade, inchaço localizado, vermelhidão, calor e/ou incisão superficial é deliberadamente aberto pelo cirurgião , a menos que a incisão dê cultura negativa.
d. Diagnóstico de ISC incisional superficial pelo cirurgião ou médico assistente.

Não relate as seguintes condições como ISC: Ponto abcesso (inflamação mínima e de descarga para limitar os pontos de penetração da sutura)/ A infecção de uma episiotomia ou local de circuncisão recém-nascido/ ISC Incisional que se estende para as camadas fasciais e musculares.

 

- INCISIONAL PROFUNDA:

Todos os seguintes:

a. A infecção ocorre no prazo de 30 dias após a operação, se houver implante dentro de 1 ano se a infecção parecer ter relação com o procedimento cirúrgico. 
b. Envolve camadas profundas dos tecidos moles (por exemplo, fascial e camadas musculares da incisão.
 
Mais pelo menos um dos seguintes:
a. Drenagem purulenta a partir da incisão, mas não a partir do componente de órgão/espaço do local cirúrgico.
b. A sutura sofre deiscência espontânea ou é deliberadamente aberta por um cirurgião, quando o paciente tem pelo menos um dos seguintes sinais ou
sintomas: febre (> 38 ° C), dores localizadas, ou sensibilidade, exceto se a cultura for negativa.
c. Um abscesso ou outra evidência de infecção envolvendo a incisão profunda é encontrado no exame direto, durante a reoperação, ou por histopatológico ou exame radiológico.
d. O diagnóstico de uma SSI incisional profunda por um cirurgião ou médico assistente.

 

- ÓRGÃO/ CAVIDADE:

Todos os seguintes:

a. A infecção ocorre no prazo de 30 dias após a operação, se houver implante dentro de 1 (Hum) ano se a infecção parecer ter relação com o procedimento cirúrgico se o implante está no lugar e que a infecção pareça estar relacionado com a operação.
b. Envolve qualquer parte da anatomia (por exemplo, órgãos ou espaços), além da incisão, o que foi aberto ou manipulado durante uma operação.

Mais pelo menos um dos seguintes:

a. Drenagem purulenta de um dreno que é colocada dentro do órgão / espaço através da ferida.
b. Microrganismos isolados a partir de uma cultura obtidos assepticamente de fluido ou tecido do órgão / espaço.
c. Um abscesso ou outra evidência de infecção envolvendo o órgão / espaço que é encontrada no exame direto , durante a reoperação, ou por histopatológico ou exame radiológico .
d. O diagnóstico de ISC órgão / espaço por um cirurgião ou médico assistente .

 

REFERÊNCIAS

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