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REVIEW ARTICLES

 

Water balance: systematized literature review for a clinical protocol

 

Balanço hídrico:  revisão sistematizada da literatura para um protocolo clínico

 


Diego Gomes de Barcelos1, Isabel Cristina Fonseca da Cruz1

1Universidade Federal Fluminense

 


ABSTRACT
Objective: To standardize methods of records and calculations as well as implement structures to perform electronic registration in intensive care units.
Methodology: computerized and manual literature search using the Pubmed, Lilacs and Cochrane between 2010 and 2015, using controlled terms of search and Boolean operators (or). Inclusion criteria were 20 journals according to search terms nursing controlled the mesh and descs on adult and old, the years 2010 to 2015. As for the exclusion criteria were pregnancy, articles below 2010 and electrolyte imbalance.
Results: Considering the losses insensitive as: vomiting, sweating and exudate is essential for the water balance calculation to be trusted. Conclusion: The characteristics and nursing team's actions in relation to the water balance of the records need to change, so the systematization of nursing care is indispensable.
Keywords: Intensive Care Unit; Water Balance; Nursing.


RESUMO
Objetivo: Padronizar métodos de registros e cálculos bem como implementar estruturas para realização de registro eletrônico nas unidades de terapia intensiva.
Metodologia: Pesquisa bibliográfica computadorizada e manual, utilizando as bases de dados Pubmed, Lilacs e Cochrane entre 2010 e 2015, utilizando termos de busca controlados e operadores booleanos (or). Critério de inclusão foram 20 periódicos de enfermagem de acordo com termos de busca controlados do mesh e descs sobre adulto e idoso, dos anos de 2010 à 2015. Já os critérios de exclusão foram gestantes, artigos abaixo de 2010 e desequilíbrio hidroeletrolítico.
Resultados: Considerar as perdas insensíveis como: vômito, sudorese e exsudato é essencial para que o cálculo do balanço hídrico seja fidedigno.
Conclusão: As características e ações da equipe de enfermagem em relação aos registros do balanço hídrico necessitam mudar, sendo assim é indispensável a sistematização da assistência de enfermagem.
Palavras-Chave: Unidade de Terapia Intensiva; Balanço Hídrico; Enfermagem.


 

INTRODUÇÃO

A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é uma unidade de cuidados para com pacientes críticos que tem o objetivo de atender de forma segura e eficaz o paciente que precisa de uma minuciosa atenção, objetivando sua melhora clínica(1). O Balanço hídrico (BH) consiste na observação e registro da quantidade de líquidos administrada e eliminada pelo paciente no período de 24 horas. O corpo humano possui um grande percentual de líquidos logo entende-se a importância do balanço hídrico, a eliminação incorreta desses líquidos leva à perda ou ao acúmulo de substâncias que em proporções inadequadas, podem causar graves danos ao organismo, principalmente quando associadas a alguma patologia(2). Dentro destas perspectivas, o acompanhamento dos volumes ingeridos, administrados e eliminados podem ser cruciais para a evolução de um paciente em estado crítico, podendo evitar sérias complicações(3).  

Os valores do balanço hídrico, fornece dados necessários para avaliação do equilíbrio hidroeletrolítico e faz parte das rotinas de UTI(4). A enfermagem por estar à beira leito todo o tempo, possui o importante papel de identificar alterações no quadro clínico do paciente(5) levando em consideração que os distúrbios hidroeletrolíticos são frequentes e muitas vezes determinantes prognósticos para a doença do paciente(6). O cálculo diário, ou a cada plantão, do balanço hídrico do paciente, norteia a tomada de decisão médica e a redefinição de terapêuticas e de cuidados. A importância desta prática na terapia intensiva acentua-se visto que tênues variações de condutas, fundamentadas em dados incompletos do balanço hídrico, podem levar o paciente a sofrer danos de importância considerável devido a sua gravidade. Tendo em vista as considerações anteriores, é possível observar que o registro inadequado da realização dos procedimentos de enfermagem pode colocar em dúvida a sua realização, visto que, se não há registro, não tem a possibilidade de garantir que o mesmo tenha sido executado. Além de levar a questionamentos sobre a realização do procedimento, o registro não realizado de forma adequada promove falha na comunicação entre as equipes de enfermagem, comprometendo, assim, o cuidado continuado(7).

A escassez de dados originais descritivos de publicação brasileira e no exterior quanto ao balanço hídrico - avaliação amplamente utilizada em terapia intensiva- e, especialmente, sobre os registros associados, representa motivação consistente para a realização de pesquisa sobre a temática, considerando que os enfermeiros são profissionais diretamente envolvidos na terapêutica preconizada, na qualidade dos registros e realização do cálculo do balanço hídrico. Pesquisas ao redor desse assunto, permitem o aprimoramento deste cuidado e, também, o redirecionamento de práticas que dificultam o cálculo, análise do balanço hídrico, bem como a assistência realizada com base nos resultados encontrados(8).

Contudo, observa –se que o compromisso com a assistência de enfermagem não está associado apenas à satisfação do cliente. Pergunta clínica: No cliente de alta complexidade, qual é a eficácia da intervenção de enfermagem para o registro correto do balanço hídrico? A qualidade do registro das ações assistenciais, como o balanço hídrico, reflete a qualidade da assistência e a produtividade do trabalho(9). Mediante a uma criteriosa avaliação de registros, pode-se, permanentemente, construir melhores práticas assistenciais e melhorias nos resultados operacionais logo, é indispensável padronizar métodos de registros e cálculos bem como implementar estruturas para realização de registro eletrônico nas unidades de terapia intensiva(8).


METODOLOGIA

Pesquisa bibliográfica computadorizada e manual, utilizando as bases de dados Pubmed, Lilacs e Cochrane entre 2010 e 2015, utilizando termos de busca controlados e operadores booleanos (or). Critério de inclusão foram 20 periódicos de enfermagem de acordo com termos de busca controlados do mesh e descs sobre adulto e idoso, dos anos de 2010 a 2015. Já os critérios de exclusão foram gestantes, artigos abaixo de 2010 e desequilíbrio hidroeletrolítico.

Síntese das evidências científicas
Os resultados foram expostos a partir de um quadro com 18 artigos e 2 livros, onde são abordados principais achados acerca do balanço hídrico ressaltando os principais erros de enfermagem em relação aos cálculos, e ao mesmo tempo trazendo formas adequadas de se alcançar os valores reais do balanço hídrico.


RESULTADOS


Quadro 1

Autor (es), país e ano de publica-ção

Objetivo da pesquisa

Força da evidência*

Tipo de estudo

Principais achados

Conclusões do (s) autor (es)

Ávila MON, Rocha PN, Zanetta DMT, Yu L, Burdmann EA; Brasil; 2014

 

Revisar os principais estudos que associam balanço hídrico positivo (BH+) e morbimortalidade em pacientes internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTI).

1A

Revisão sistemática

BH+ poderia ser uma manifestação da incapacidade de controlar adequadamente o equilíbrio hidrossalino em pacientes criticamente enfermos e inflamados, por alterações na integridade funcional da microvasculatura medular renal.

Em conclusão, BH+ pode ser biomarcador precoce de IRA e fator de risco independente para mortalidade em pacientes de UTI. São necessários ensaios clínicos randomizados para avaliar o complexo inter-relacionamento entre BH+, IRA e morte.

Cruz G, Dantas JGAO, Levi TM, Rocha MS, Souza SP, Boa-Sorte N; Brasil; 2014

Descrever e comparar as características e os desfechos clínicos de pacientes com lesão renal aguda séptica e não séptica.

2A

Coorte aberta

Os pacientes sépticos que apresentaram níveis mais eleva­dos de balanço hídrico foram hidratados com maiores vo­lumes e/ou tiveram um menor débito urinário. Indepen­dente da origem do elevado balanço hídrico, isso conota maior gravidade do quadro.

Os pacientes que desenvolveram lesão renal aguda sép­tica apresentaram menor proporção de hipertensão arte­rial e insuficiência cardíaca. Necessitaram de maior reposição volêmica nas primeiras 24 horas, apresen­taram menor diurese no período, configurando um maior balanço hídrico.

Cunha ARL, Lobo SMA; Brasil; 2015

Avaliar o balanço hídrico acumulado durante o período do choque e determinar o que ocorre com ele nos 7 dias que se seguem à reversão do choque.

2A

Estudo de coorte prospectivo e observacional

A administração de fluidos em pacientes com choque séptico após um tempo
mediano de 5 dias, levou a grandes balanços hídricos acumulados.

Frequentemente observam-se balanços hídricos positivos em pacientes com choque séptico, que podem estar relacionados a desfechos piores.

Linhares JC, Aliti GB, Castro RA, Rabelo ER; 2010

Objetivo de descrever a prescrição de manejo não farmacológico a pacientes com insuficiência cardíaca descompensada, internados em emergência, e a efetividade da realização.

2C

Estudo transversal

Ao analisar, no entanto, o conhecimento prévio da combinação de três medidas não farmacológicas (restrição de sal, restrição de líquidos e controle de peso), comparado com o número de internações por IC, no último ano, verificou-se que os pacientes que nunca haviam sido internados por descompensação dessa síndrome tinham pouco conhecimento sobre essas medidas.

Com os resultados obtidos neste estudo observacional é possível demonstrar que, mesmo se tratando de hospital universitário, houve pouca prescrição das medidas não farmacológicas para os pacientes admitidos em emergência, à exceção do controle de sal.

Souza GF; Nascimento ERP, Lazzari DD, Böes AA, Iung W, Bertoncello KC; Brasil ;2014

Construir coletivamente, com os profissionais de enfermagem, um instrumento de boas práticas de cuidado a pacientes durante e após a
transfusão sanguínea.

1A

Estudo
Qualitativo convergente assistencial

Os participantes discutiram questões relacionadas com a organização
da UTI , como a disponibilidade de contentores de resíduos infecciosos ,
bem como quais os critérios que devem determinar o apropriado
coloque a dispor bolsas de sangue vazios. 

 

O uso de boas ferramentas no cuidardode pacientes é importante para os enfermeiros
no processo de tomada de decisões, porque
prioriza e organiza ações de enfermagem voltadas para pacientes de UTI. 

 

Santos ES, Marinho CMS; Brasil; 2012

Identificar as principais causas de IRA em pacientes internados em unidade
de terapia intensiva (UTI); e descrever as intervenções de enfermagem para as causas de IRA em UTI.

2C

Revisão da literatura

Nesses estudos, os autores apontam como principais causas de IRA na UTI a presença de sepsis e de choque séptico.

O presente estudo pode comprovar que uma das principais causas de internamento na UTI dos pacientes que evoluíram com IRA é a sépsis, confirmando uma das hipóteses levantadas.

Li Y, Tang X, Zangui J, Wu T; China; 2012

Avaliar a eficácia e segurança de suporte nutricional para pacientes com DRA.

1A

Descritivo

Resultados separados para os estudos incluídos são apresentados como RR e MD com seu IC95%. Quatro estudos descreveram as complicações , mas não forneceu dados adequados para a análise estatística.

Mais estudos clínicos de alta qualidade são necessários para avaliar os efeitos de diferentes suplementos nutricionais .

Neto SM , Victoria ZTP; Guerreiro LF , Gomes GC , Vaghetti HH; Brasil; 2015

Avaliar registros de balanço hídrico de pacientes críticos

2B

Estudo quantitativo, retrospectivo, transversal

Dois grupos foram analisados em relação a descrição correta dos volumes de drenagem; o grupo que possuía só um sistema teve 94,1% de descrições corretas, enquanto que o grupo que possuía mais de um sistema de drenagem teve apenas 27,8% de acertos.

Verificou-se que esteve à disposição da equipe de enfermagem utensílios graduados para aferição de volume de drenagens, no entanto, tal disponibilidade não significou efetivo controle das eliminações.

Silversides JA, Pinto R, Kuint R, Wald R, Hladunewich MA, Lapinsky SE, et al; Canadá; 2014

Explorou a relação entre o equilíbrio de fluidos, hipotensão intradialítica
e os resultados em pacientes criticamente enfermos com lesão renal aguda (LRA), que recebeu terapia renal substitutiva (TRS) 

 

2A

Estudo de coorte

falta de critérios padronizados
para o início de e gestão de RRT, levando
a sobrecarga de líquidos como a principal indicação para RRT em
alguns pacientes, a falta de dados sobre a contribuição relativa
de entrada e saída para o equilíbrio de fluidos em geral, e em falta
dados. 

 

Multicêntrico
investigações de coorte , se confirmar estes resultados , seria
apoiar o desenho de um estudo randomizado de um agressivo
vs. abordagem menos agressiva para remoção de fluido neste
população. 

 

Silva JA, Grossi AC, Haddad MCL, Marcon SS; Brasil; 2012

Objetivo do estudo foi avaliar a qualidade das anotações de enfermagem em uma unidade semi-intesiva.

1B

Estudo descritivo, retrospectivo, quantitativo.

Há dificuldades especiais para a assistência de enfermagem
nos hospitais, que advêm da necessidade de conciliação entre as atividades assistenciais e gerenciais, devido ao aumento do fluxo e gravidade dos pacientes e da dificuldade de manter a quantidade necessária da equipe de enfermagem

O levantamento efetuado não permite perceber se os resultados
encontrados foram ou não influenciados por características do paciente que esteve internado no período, pela falta de capacitação técnica dos profissionais ou mesmo pelo
dimensionamento de pessoal reduzido, bem como pela estrutura organizacional do serviço

Melo EM, Sales ICF, Almeida DT, Lima FET, Veras FLGEJ, Studart BMR; Brasil; 2014

Avaliar os registros de enfermagem no balanço hídrico de pacientes em unidade de terapia intensiva.

1A

Estudo descritivo exploratório, quantitativo.

A grande maioria dos profissionais (90,20%) realizou a soma correta dos valores das soluções infundidas nos pacientes, englobando todas as vias de administração.

O principal profissional responsável pelas anotações no formulário nos formulários investigados foi o enfermeiro e a maioria dos profissionais, enfermeiro ou técnico de enfermagem, assinavam tais registros, constando nome e registro no conselho de classe.

John CA, Day MW; EUA ;2012

Discutir como o desequilíbrio eletrolítico causado por lesão da glândula pituitária pode complicar a recuperação de pacientes com TBI.

1B

Descritivo

Entender e reconhecer os sinais e sintomas da CNDI, SIADH e SPS irá guiar enfermeiros sobre as medidas apropriadas a tomar para evitar a deterioração da condição do paciente. Em resumo, CNDI é um hipernatremia caracterizada por níveis séricos elevados de sódio e osmolaridade sérica, mas a gravidade específica baixa urina.

Monitoramento de pacientes para as tendências em estado neurológico, achados laboratoriais e parâmetros fisiológicos vai orientar enfermeiros em determinar se o tratamento é eficaz ou não

Urquhart C, Currell R, Grant MJ, Hardiker NR; ;2010

Avaliar os efeitos de sistemas de registos de enfermagem sobre a prática de enfermagem e os resultados dos pacientes.

1B

Descritivo

Estudos de sistemas de planejamento de cuidados de enfermagem e total de registros de enfermagem demonstrou resultados incertos ou duvidosos.

Evidência limitada de efeitos na prática atribuível à evolução dos sistemas de registro.

Oliveira SKP, Guedes MVC,  Lima FET; Brasil; 2010

Identificar o significado de balanço hídrico para as enfermeiras que trabalham em uma unidade de terapia intensiva coronariana e verificar a utilização dos resultados do balanço hídrico na assistência de enfermagem.

1B

Descritivo

Como resultados, foram identificadas três temáticas: conceito de balanço hídrico, realização do balanço hídrico e utilização dos resultados do balanço hídrico na prática clínica de enfermagem.

Conclui-se que a maioria das enfermeiras possui um conceito sobre o balanço hídrico, mesmo desprovido de complexidade, e tenta aplicar na prática seus resultados.

Schmidt DRC, Paladini M, Biato C,
PaisI JD, Oliveira RA;
Brasil; 2013

Objetivo era avaliar a QVT e a presença da Síndrome de Burnout entre profissionais de enfermagem de Unidade de Terapia Intensiva.

1B

Estudo descritivo e correlacional, de corte transversal.

O resultado demonstrou que os profissionais classificados na categoria de alta exaustão emocional, obtiveram menor escore para a medida de QVT quando comparados aos demais trabalhadores, média de 59,6.

Cabe salientar que os temas abordados são extremamente amplos, podendo ser objeto de estudo de futuras investigações que visem aprofundar o conhecimento sobre o trabalho da enfermagem nas diversas áreas de atuação, a fim de apontar alternativas que possibilitem uma prática profissional minimamente desgastante, além de contribuir para a satisfação profissional e melhoria da QVT.

Santos FD, Cunha MHFC, Robazzi MLCC, Pedrão LJ, Silva LA, Terra FS; Brasil; 2010

Objetivou identificar os fatores geradores de estresse, seus efeitos, sinais e sintomas, presentes nos enfermeiros atuantes em unidades de terapia intensiva adulta.

3A

Revisão da literatura

Os resultados mostraram que os fatores predisponentes ao estresse foram: sobrecarga de trabalho, conflito de funções, desvalorização e condições de trabalho.

Conclui-se que é necessário e imprescindível a realização de reuniões de equipe, planejamento das atividades, participação ativa nas decisões da equipe multiprofissional e valorização dos distintos saberes, em prol da saúde dos trabalhadores e da qualidade do trabalho.

Sousa VM , Santos TS, Reis RBAC, Caldas TM, Gomes ET, Cavalcant ATA; Brasil; 2015

Avaliar a carga de trabalho de enfermagem, a partir do NAS, em uma unidade de terapia intensiva de pacientes adultos            clínicos e cirúrgicos de um hospital de ensino de nível terciário.

2A

Estudo descritivo, retrospectivo, com abordagem quantitativa

Quanto ao tempo de internação , a maioria dos pacientes permaneceu na UTI por mais de 5 dias (60,8% ), com um tempo médio de permanência de 7,24 ± 2,98 dias . Após a admissão , 72,5 % dos pacientes foram transferidos para enfermarias e 27,5 % da amostra eram mortes.

Os pacientes internados na UTI estudada apresentou alta necessidade de cuidados , com uma alta demanda de cuidados de enfermagem. Os resultados deste estudo fornecem uma visão objetiva sobre a carga de trabalho de enfermagem prestada aos pacientes internados na Unidade de Terapia Intensiva . 

 

Horta FG, Salgado PO, Chianca TCM, Guedes HM; Brasil; 2014

Objetivou identificar as prescrições de enfermagem elaboradas para pacientes internados em um Centro de Terapia Intensiva.

2A

Estudo descritivo e documental

A identificação das intervenções de enfermagem pode auxiliar na construção de um corpo de conhecimentos, na elaboração de protocolos, na fundamentação do ensino e raciocínio clínico, no gerenciamento de custos e no planejamento de alocação de recursos para a qualificação dos serviços de enfermagem.

As implicações para a prática clínica de enfermagem referem-se à identificação de um conjunto de ações de enfermagem utilizadas por enfermeiros intensivistas em sua prática cotidiana que podem auxiliar na construção de um corpo de conhecimentos, baseado em evidências de cuidado a pacientes internados em terapia intensiva, na elaboração de protocolos clínicos.

Inoue KC, Matsuda LM; Brasil; 2010

Analisar o dimensionamento do pessoal de enfermagem da Unidade de Terapia Intensiva de Adultos (UTI-A) através da aplicação
do Nursing Activities Score (NAS) e da Resolução COFEN n.º 293/2004.

1C

Estudo  descritiva, exploratória

Foram necessários, pelo
menos, 4,8 e, no máximo, 10,1 trabalhadores, por turno,
para prestar a assistência de enfermagem na UTI-A. Em
média, isto significa aproximadamente sete profissionais
de enfermagem por turno.

É importante idealizar e implementar estratégias de
prevenção ou de minimização de riscos à saúde dos
trabalhadores de enfermagem da UTI-A e da clientela
por eles assistida, até que seja possível viabilizar a
adequação do quadro funcional desse setor.

Conselho Regional de Enfermagem; Brasil; 2010.

Auxiliar a enfermagem sobre o registro de contabilização da transfusão de hemocomponentes no balanço hídrico do paciente.

2A

Descritivo

A administração de hemocomponentes e o controle do balanço hídrico do paciente, realizados por profissionais de enfermagem devem ser supervisionados pelo Enfermeiro.

O registro e monitoramento do balanço hídrico do paciente são de responsabilidades da equipe de enfermagem.

 

DISCUSSÃO

É possível observar que 50% das informações referentes ao cuidado são fornecidas pela enfermagem, logo espera-se que os registros realizados por esta equipe permitam a comunicação permanente entre os membros da equipe multiprofissional, com transmissão de informações que facilitem o planejamento, tomada de decisões clínicas, gerenciais e continuidade da assistência prestada. A anotação deve ser valorizada, lembrando que esta, é um dos meios para avaliar o cuidado prestado ao cliente a partir da adoção de indicadores de qualidade que mensuram tanto o processo, como os resultados da assistência de enfermagem, existindo correlação positiva entre os registros e a qualidade do cuidado(10)

Melo, Sales, Almeida, Lima, Veras, Studart nos coloca que apesar da importância da anotação no BH, é complicado o registro correto de forma completa pelos seguintes fatores: dificuldade em contabilizar as perdas insensíveis, envolvimento de muitas pessoas nas anotações (enfermeiros e técnicos de enfermagem) e falta de uniformidade na medição e caracterização de conteúdos infundidos e/ou drenados. Este fato acontece, porque a maioria dos profissionais de enfermagem veem o balanço hídrico como um procedimento de pouca importância(11).

Partindo ainda do estudo de Melo, Sales, Almeida, Lima, Veras, Studart a respeito do BH das 24 horas, ilustrado pela soma total de todos os líquidos administrados e eliminados, este foi um ponto em que se notou menor atenção da enfermagem. No entanto, é importante ressaltar que a qualidade e a precisão dos registros da equipe de enfermagem são fundamentais para a correlação dessas anotações com os resultados de exames e, principalmente, com a clínica dos pacientes, objetivando assim a continuidade dos cuidados e melhor acompanhamento clínico(12).

Infelizmente, ainda se encontra em unidades de terapia intensiva muitos erros da equipe de enfermagem tanto no lançamento de valores infundidos e eliminados quanto no cálculo do balanço hídrico(13). Netto, Victoria, Guerreiro, Gomes e Vaghetti vem nos comprovar esta afirmação diante da análise de registros do volume de drenagem. Foram avaliados os registros de drenagem entre um grupo que possuía apenas um sistema de drenagem e o grupo que possuía mais de um sistema de drenagem. No primeiro grupo houve 94,1% de descrições corretas, enquanto que no segundo, apenas 27,8% logo é possível observar que houve uma grande diferença estatística entre estes grupos, o que significa que a presença de mais de um sistema de drenagem, esteve vinculada a não especificação correta dos volumes. Partindo destas análises, compreende-se que a enfermagem ainda não dar o devido valor aos cálculos do BH pois a falta de registro dos mais diversos sistemas ainda é frequente. A falta de registro sobre os volumes de drenagens pelos mais variados dispositivos é uma realidade na assistência de enfermagem(13).

No paciente em estado crítico, no qual pequenas variações podem causar grave desequilíbrio homeostático, o rígido controle do balanço hídrico é crucial(14), logo o enfermeiro precisa também passar a descontar as perdas insensíveis que são: vômitos, exsudato, sudorese e queimaduras pois as perdas insensíveis de água representa 350 a 400ml/dia e aumenta em casos de feridas abertas, queimaduras ou por prejuízo na integridade da pele(8).

Resposta baseada em evidência
É fundamental, que o registro do equilíbrio hídrico seja verificado com atenção e o enfermeiro tenha capacidade para realizá-lo, sendo fundamental instruir a equipe de enfermagem sobre sua importância, pois é essencial o registro correto, para a avaliação do paciente crítico(19).

Elementos das unidades de tratamento intensivo, tais como, o contato contínuo com o sofrimento e morte, usos excessivos de tecnologias avançadas, alta demanda por serviços e as altas exigências, provavelmente fazem aumentar a taxa de absenteísmo comprometer a qualidade de vida no trabalho desses profissionais15. Realizou-se um estudo com 263 atuantes em UTIs, de 81 hospitais das capitais brasileiras, utilizando a escala Bianchi de Stress, tal estudo mostrou que, em se tratando da análise do estresse individualmente, 60% dos enfermeiros pesquisados ficaram entre os níveis médios de alerta para o estresse, o que é preocupante visto que esses profissionais atuam diretamente com pacientes graves, o que requer muita atenção. 

O desgaste causado pelo estresse pode levar o indivíduo ao estado de Burnout, termo que descreve a realidade de estresse crônico em profissionais que desenvolvem atividades que exigem alto grau de contato com as pessoas(16).

Mediante as informações contidas acima, o cenário montado é de que se o profissional se esgotar emocionalmente e psicologicamente, será difícil realizar seu trabalho com eficiência e as tomadas de decisões imediatas e a adoção de condutas seguras estão diretamente relacionadas com a morbimortalidade dos pacientes(17). Melo, Sales, Almeida, Lima, Veras, Studart nos relata que o registro do equilíbrio hídrico tem a obrigatoriedade de ser verificado com atenção e o enfermeiro tem que ter a capacidade para realizá-lo, sendo fundamental instruir a equipe de enfermagem sobre sua importância, pois é essencial o registro correto, para a avaliação do paciente crítico. Em Unidades de Terapia Intensiva o comprometimento da saúde dos pacientes demanda agilidade da equipe de enfermagem e um cuidado altamente especializado e complexo(18).

 

CONCLUSÃO

Contudo, é possível compreender que todas as características e ações da equipe de enfermagem em relação aos registros do balanço hídrico necessitam mudar, sendo assim é indispensável a sistematização da assistência de enfermagem, que será um instrumento importante na qualidade do atendimento ao paciente crítico.

 

Protocolo

  1. Padronizar um funcionário que fique responsável por lançar os valores e calcular o BH;
  2. Registrar no BH as perdas insensíveis, como fezes, sudorese;
  3. Lançar na folha de registro item “Balanço Hídrico acumulado”;
  4. Implantar na unidade de terapia intensiva, registros eletrônicos.

 

REFERÊNCIAS

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