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REVIEW ARTICLES

Guidelines for Practicing Nursing Care with Vesical Catheter in Patients of High Complexity: Systematized Review of Literature.


Diretrizes para a prática de cuidados de enfermagem com cateter vesical em pacientes de alta complexidade: Revisão sistematizada de literatura.


Tainá do Patrocinio Machado de Almeida1, Isabel Cristina Fonseca da Cruz1

1Universidade Federal Fluminense

ABSTRACT

To analyze, based on the material available in the literature, the evidence on the prevention of urinary tract infection directly related to the practice of bladder catheterization in Intensive Care Units. Method: The present study is based on integrative bibliographical research. They were chosen in 10 articles published between the years 2010 and 2016, in the libraries of the SciELO and VHL systems, in the databases LILACS and BDENF and MEDLINE. Objective: To analyze the scientific evidence available in the literature for the prevention of infection associated with bladder catheterization with emphasis to the Intensive Care Unit, through nursing interventions. Conclusion: Nurses' qualification guarantees the quality of care provided to the patient in an Intensive Care Unit, and in caring for patients with a bladder catheter this should follow protocols and guidelines as a way of avoiding damages to the health of the patient who is already hospitalized in ICUs.

Keywords: Nursing; Intensive care unit; Infection.


RESUMO

Analisar com base no material disponível na literatura as evidencias sobre a prevenção de infecção do trato urinário relacionada diretamente a prática de cateterismo vesical em Unidades de Terapia Intensiva. Método: O presente estudo encontra-se pautado em pesquisa bibliográfica integrativa. Foram escolhidos em 10 artigos publicados entre os anos de 2010 e 2016, nas bibliotecas dos sistemas SciELO e BVS, nas bases de dados LILACS e BDENF e MEDLINE. Objetivo: Analisar as evidências científicas disponíveis na literatura para a prevenção de infecção associada ao cateterismo vesical com ênfase para Unidade de Terapia Intensiva, mediante as intervenções de enfermagem. Conclusão: A qualificação do enfermeiro garante a qualidade da assistência prestada ao paciente em Unidade de Terapia Intensiva, e ao cuidar de pacientes com cateter vesical este deve seguir protocolos e diretrizes como forma de evitar danos à saúde do paciente que já se encontra internado em UTIs.

Palavras-chave: Enfermagem; Unidade de Terapia Intensiva; Cateterismo Vesical; Infecção.


INTRODUÇÃO

O cateterismo vesical pode influenciar substancialmente para a ocorrência de Infecção do Trato Urinário, tornando assim, o caso do paciente que já está hospitalizado ainda mais crítico, dificultando assim o seu tratamento(1,2). Na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), a maioria dos pacientes internados são submetidos ao cateterismo vesical de demora(3). Ou seja, a infecção urinária se traduz como uma das doenças mais comum na UTI normalmente associado ao cateterismo vesical(4).

O cateterismo vesical ainda é observado como um procedimento muito utilizado mesmo em casos que podem ser aplicadas medidas alternativas não invasivas como o uso de fraldas descartáveis absorventes(1). Salienta-se que em pacientes que não conseguem eliminar a urina naturalmente, realidade comum nas UTI, é realizado o cateterismo vesical(5).

Indo além, deve ser feita a avaliação de opções e tomadas de decisão na assistência ao paciente em uso de cateter vesical, visando assim à prevenção e o controle das infecções do trato urinário (ITU)(6). A maioria das infecções em pacientes usando cateter vesical por curto período de tempo é causada por um único microrganismo, as infecções que ocorrem em pacientes necessitando de o uso do cateter vesical por longo período são frequentemente polimicrobianas(7).

Assim, as infecções urinárias no contexto da UTI se destacam a partir do cateterismo vesical e, principalmente, quando observado a partir da relação do tempo de permanência do uso do cateter(8).

No que se refere ao período pré-estabelecido para que o cateter vesical seja trocado, alguns estudos assinalam que não é recomendando intervalos fixos de trocas, ressaltando como procedimento ideal a realização de avaliações constantes, para que se detecte em tempo hábil presença de sinais que indiquem a troca de todo o sistema(6). Uma discussão que se apresenta ainda na atualidade versa sobre as dificuldade e facilidades que a utilização do cateterismo vesical pode oportunizar ao paciente e até mesmo o trabalho da equipe de enfermagem, e neste contexto, cabe citar como facilidade a comodidade no cuidado por parte do paciente e equipe de enfermagem, e como dificuldade a maior probabilidade de infecções ao paciente(9).

Diante da busca pela compreensão acerca dos prevenir a utilização do cateter vesical de demora ainda é a medida mais eficiente para reduzir a morbidade, mortalidade e custos da infecção do trato urinário nosocomia(10).

A questão clínica desse estudo é: No cliente de alta complexidade, submetido ao cateterismo vesical, quais os cuidados de enfermagem podem ser desenvolvidos de forma a prevenir a infecção do trato urinário? Para a identificação do tema e seleção da questão do estudo, foi utilizada a estratégia PICO, conforme mostrado no quadro 1.

Quadro 1: Estratégia PICO

Quadro 1

METODOLOGIA

Este estudo será realizado com base em pesquisa bibliográfica integrativa. O tema foi definido em “Cateterismo Vesical”, e em seu desdobramento busca-se analisar a relação deste procedimento com as infecções do trato urinário em paciente que encontra-se em Unidade de Terapia Intensiva.

A busca de artigos foi realizada a partir das bases de dados Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Medical Literature Analysis and Retrieval Sistem online (MEDLINE) e na Scientific Eletronic Library Online (SciELO), BDENF através dos seguintes descritores: enfermagem; unidade de terapia intensiva; cateterismo; infecção.

Os critérios de inclusão para a seleção dos artigos foram: abordar as práticas para a prevenção de infecções em pacientes submetidos ao cateterismo vesical; artigos na língua portuguesa. Os critérios de exclusão foram textos que só mostraram o resumo de forma integral. A delimitação temporal foi estabelecida entre os anos de 2010 a 2016. O levantamento e leitura dos artigos foi realizado nos meses de junho a agosto de 2017.

Os 12 artigos mais relevantes e com maior nível de evidencia foram lidos na íntegra, analisados e sintetizados neste estudo encontra-se descritos no quadro 2:

Quadro 2: Análise e classificação do nível de evidência científica dos estudos:

Quadro 2

DISCUSSÃO

A infecção do trato urinário caracteriza-se por invasão e multiplicação de bactérias ou fungos nos órgãos do sistema urinário podendo acometer os rins e/ou as vias urinárias(10). Ao abordar a temática da infecção do trato urinário no ambiente hospitalar, com ênfase para as Unidades de Terapia Intensiva, destaca-se a utilização do cateter vesical e sua relação direta com este tipo de infecção. Ou seja, existe uma prevalência de infecção do trato urinário relacionada ao cateter vesical em pacientes de UTI(1).

Na UTI, a maioria dos pacientes internados são submetidos ao cateterismo vesical. Em pacientes que não conseguem eliminar a urina naturalmente, realidade comum no UTI, e realizado o cateterismo vesical, procedimento de intervenção de enfermagem mais realizado na UTI no domínio Eliminacao/Troca5. Logo a infecção urinária está relacionada ao uso do cateterismo vesical e está associada aos fatores: bacterianos, virulência e a aderência aos receptores uroteliais; do hospedeiro, como microbiota normal, entre outros(3,8). Indo além, acrescenta-se que o uso do cateter vesical favorece o desencadeamento de fatores de risco associados à infecção relacionados ao desenvolvimento da técnica, da colonização do meato uretral por bactérias potencialmente patogênicas, da inserção, da manipulação e da duração da cateterização(1,3,4.9).

As indicações para a realização do cateterização vesical podem ser descritas como: os casos de retenção urinária aguda, controle de diurese em pacientes, no pós-operatório de cirurgias, em pacientes incontinentes com úlceras sacrais ou perineais, pacientes terminais ou pacientes em período prolongado de imobilização no leito por traumas de coluna ou cintura pelve(4). O cateterismo vesical é um procedimento desconfortável e restritivo, pode causar trauma, sangramento e dor(4).

Cabe também ao profissional de enfermagem em sua prática desenvolver a prevenção de infecção em pacientes submetidos ao cateterismo vesical, onde destacam-se os cuidados relacionados ao emprego da técnica asséptica, ao tempo de permanência dos cateteres e sua manipulação e a importância de aprimoramento dos conhecimentos(4).

A infecção do trato urinário é responsável por 35% a 45% de todas as infecções adquiridas no hospital, sendo essa a causa mais comum de infecção nosocomial(10). Nesta perspectiva, o enfermeiro desempenha importante atividade na assistência de enfermagem em relação às eliminações urinárias, desenvolvendo ações que vão da promoção da saúde aos cuidados agudos(9).

O enfermeiro de UTI precisa estar capacitado a exercer atividades de maior complexidade, para tal são necessários a autoconfiança e o conhecimento científico para o atendimento do paciente com segurança(2,3). Percebe-se que o enfermeiro desempenha um importante papel na prevenção das infecções urinárias relacionado ao uso do cateter vesical de demora(4).

O cateterismo vesical é salientado há mais de uma década nas diretrizes internacionais, sua padronização e execução envolvem componentes do contexto prático onde é realizado(9). Nesta direção, os recursos físicos, materiais, humanos e processos administrativos das instituições têm direcionado de maneira positiva ou negativa o processo de adoção e manutenção dos protocolos padronizados(9).

Outro ponto que deve ser observado é versa sobre a manipulação do cateter vesical, onde a manipulação do sistema de drenagem deve ser realizado por profissionais que conheçam a técnica correta(8). O cuidado com a técnica totalmente asséptica, o cuidado do manuseio dos materiais antes e durante o procedimento e contudo sob a manutenção e o tempo de permanência do cateter e medidas que tenham como meta primordial a qualidade de vida do paciente para prevenção desse tipo de infecção, evitando maiores complicações(4).

Logo, o cateterismo vesical é de responsabilidade do enfermeiro e do médico(7,8,9). É necessária a reflexão do enfermeiro sobre a importância da manipulação correta dos cateteres vesicais, enfatizando o conhecimento acerca das indicações e do risco desse procedimento, aliada a responsabilidade na manipulação desse dispositivo(6).

O cateterismo vesical continua sendo um procedimento largamente empregado, que procura beneficiar o paciente em várias situações clínicas, principalmente quando este se encontra em UTI. Porém, apesar deste procedimento amplamente utilizado, este também apresenta complicações graves, com uma taxa de morbidade e até de mortalidade, bastante expressiva(8).

Para que o cateter vesical seja sempre utilizado de forma adequada as instituições de saúde devem fazer uso de boas práticas de controle de infecção relacionado à assistência à saúde, assim como a adoção de pacotes de medidas para redução da infecção, assim, a constituição de diretrizes são observadas como essenciais para o cenário da utilização de cateter vesical em UTI(7).

Outro ponto que se deve ter atenção, principalmente em paciente em UTI, se refere ao período pré-estabelecido para que o cateter vesical seja trocado, não sendo recomendando intervalos fixos de trocas, onde o ideal é a realização de avaliações constantes, para que se detecte em tempo hábil presença de sinais que indiquem a troca de todo o sistema(6).

As instituições hospitalares devem contam com protocolos de infecções e diretrizes que tratem sobre o cateter vesical, onde deve-se incluir métodos de educação continuada, a fim de direcionar os enfermeiros para a manipulação correta dos cateteres(6). Para além, diversos são os benefícios decorrentes do hábito correto de higienização das mãos pelos profissionais de enfermagem antes e depois de manipular o cateter ou realizar qualquer procedimento, além da assepsia e manutenção adequada do sistema de drenagem urinário fechado, como fatores fundamentais para evitar uma possível bacteremia(6,8,9).

A capacitação através dos cursos de educação continuada para os profissionais da enfermagem que de forma direta ou indireta manipulam os cateteres vesicais é compreendido como uma forma efetiva e primordial de prevenção das infecções do trato urinário(2,6).

No tocante a construção das diretrizes e protocolos, entende0se que os enfermeiros baseiam-se nas recomendações de evidências científicas para construção destes, visando assim a atuação na prevenção de infecção do trato urinário em paciente que se encontraram em UTI por motivo de utilização de cateter vesical(2).

Estudos realizados nos EUA e no México, concordam com a ideia exposta nacionalmente quando retratam que o controle e a diminuição do tempo de cateterismo diminuem o risco de infecção do trato urinário(1). Logo, todo controle deve contar com a base em diretrizes e protocolos pré-estabelecidos nas instituições hospitalares, com construção pautadas nas colocações dos profissionais de enfermagem que encontram-se na prática cotidiana do UTI.

CONCLUSÃO

A utilização do cateter vesical e sua relação com a infecção do trato urinário se traduz como uma temática que tem chamado atenção dos profissionais de saúde, com ênfase para os enfermeiros, e neste sentindo, torna-se pertinente sinalizar que A qualificação do enfermeiro tem sido observado como amplamente relevante para garantir a qualidade da assistência prestada ao paciente em Unidade de Terapia Intensiva

Para além, concluiu-se também que as diretrizes devem ser traçadas e seguidas como forma de evitar danos à saúde do paciente que se já se encontra internado em UTIs. Desta forma, torna-se necessário a implantação de medidas para minimizar a incidência e os riscos de infecções, prevenindo-as, através do aprimoramento técnico-científico, buscando equilíbrio entre a segurança do paciente e a prática profissional ofertada nas UTIs, espaços que necessitam de capacitação profissional de forma constante.


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