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REVIEW ARTICLES

Nursing evidence-based inteprofissional practice guidelines fordéficit in self-care for food in ICU -systematic literature review


Prática interprofissional de enfermagem baseada em evidência sobre déficit no autocuidado para alimentar-se em UTI - revisão sistematizada da literatura


Isabela Cristina Panisollo Costa1, Isabel Cristina Fonseca da Cruz1

1Universidade Federal Fluminense


ABSTRACT

Objective: Revianig the interprofessional guidelines based on evidence about high complexity patient care with deficits in self-care to feed themselves that collaborate for the nurses' performance Methods: Descriptive research was carried out through systematized bibliographic review and based on secondary works carried out in a virtual environment in the Virtual Health Library (VHL), at the bases: Lilacs, Bdenf and Scielo and in a free search of full texts. Results: The online research resulted in 10 articles that deal with the interprofessional care of highly complex patients with self-care deficits to feed themselves and the nurse's action in this scenario. Conclusion: It was concluded that there is a great scientific production about nursing interventions with patients with self-care deficits to eat, as well as the importance of interprofessional care for the maintenance of life of these patients.

Keywords: Interprofessional care. Self care. Intensive therapy. Food.


RESUMO

Objetivo: Revisar as diretrizes interprofissionais baseadas em evidência acerca do cuidado com o paciente de alta complexidade com déficit no autocuidado para alimentar-se que colaboram para a atuação do enfermeiro. Métodos: Pesquisa de natureza descritiva foi realizada por meio de revisão bibliográfica sistematizada e baseada em obras secundáriasrealizada em ambiente virtual na Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), nas bases:Lilacs, Bdenf e Scielo e emuma busca livre de textos completos. Resultado: A pesquisa online obteve como resultado 10 artigos que abordam o cuidado interprofissionaldo paciente de alta complexidade com déficit no autocuidado para alimentar-se e a ação do enfermeiro neste cenário. Conclusão: Concluiu-se que existe uma grande produção científica acerca das intervenções de enfermagem junto a pacientes com déficit no autocuidado para alimentar-se, assim como da importância do cuidado interprofissional para a manutenção da vida destes pacientes.

Palavras-chave: Cuidado Interprofissional. Terapia intensiva. Autocuidado. Alimentação.


INTRODUÇÃO

O paciente com déficit no autocuidado para alimentar-se requer uma série de cuidados que envolvem não apenas uma área, mas múltiplas áreas da saúde, sendo este modo um trabalho em conjunto denominado cuidado interprofissional de alta complexidade. Este cuidado impacta diretamente na qualidade e segurança da atenção ao paciente, sendo assim precisa haver um comprometimento de modo a atender as necessidades do paciente(1-2).

O déficit no autocuidado para alimentar-se diz respeito a dificuldade que o paciente tem em se alimentar sem a ajuda de outra pessoa, podendo estar relacionado a dificuldade na mastigação, deglutição e até mesmo em colocar-se por si só em uma posição que colabore com o processo de alimentação.(3)

É neste momento que observa-se a importância da intervenção dos profissionais da enfermagem. Por meio das intervenções necessárias o enfermeiro é capaz de colaborar com a manutenção da vida do paciente.

Estas intervenções estão relacionadas com os cuidados com a sonda ou respirador, inclusive dos internados em unidades de terapia intensiva, caso o paciente esteja fazendo o uso deste equipamento, nos cuidados com a higiene oral, entre outros cuidados que dependem da situação clínica do paciente. Tais cuidados colaboram para evitar quadros de distúrbios de deglutição, por exemplo(4).

Este artigo tem por objetivo revisar as diretrizes interprofissionais baseadas em evidência acerca do cuidado com o paciente de alta complexidade com déficit no autocuidado para alimentar-se que colaboram para a atuação do enfermeiro.

QUESTÃO PRÁTICA

Como otimizar o cuidado interprofissional do paciente de alta complexidade com déficit no autocuidado para alimentar-se por meio da prática de enfermagem baseada em evidência?

Quadro 1: Descrição dos componentes da estratégia PICO(4).

Quadro 1

METODOLOGIA

A pesquisa de natureza descritiva foi realizada por meio de revisão bibliográfica sistematizada e baseada em obras secundárias que aborda o tema em questão, publicadas no período de 2011 a 2017. A coleta do material para a pesquisa foi realizada no período de setembro e outubro de 2018.

O levantamento foi realizado em ambiente virtual na Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), nas bases: Lilacs, Bdenf e Scielo e em uma busca livre de textos completos, incluídos, nos resultados com os seguintes termos de busca: “autocuidado”, “cuidado interprofissional”, “terapia intensiva” e “alimentação”. Esses termos foram utilizados de forma conjunta e isolados. As obras idênticas, repetidas em bases virtuais diferentes, foram eliminadas, considerou-se seu primeiro registro.

Como critérios de inclusão para este estudo foram selecionados somente artigos que na leitura demonstrasse semelhanças com o tema de forma integral, utilizando como fonte de dados, periódicos da área de enfermagem publicados no Brasil, que estavam disponíveis nos locais selecionados para a coleta, descritos na Tabela 1. Primeiramente, as obras foram armazenadas em computador, para que em seguida fosse realizada uma pré-seleção de acordo com a leitura dos resumos. Nessa fase, buscou-se a relação entre o conteúdo, título, resumo, e se atendiam ao objeto do presente estudo.

Na fase de seleção, as obras foram lidas na íntegra, com atenção especial para os resultados e conclusão das obras, os trabalhos que não apresentavam qualquer relação com déficit no autocuidado para alimentar-se. Realizada a triagem das obras foram obtidos 10 artigos. Na fase de interpretação, as obras foram lidas e analisadas sendo que os eixos temáticos resultantes da análise textual foram organizados, e dispostos na discussão.

RESULTADOS

Quadro 2: Descrição dos 10 artigos (BVS, LILACS e BDENF) para ser utilizados na realização desta seção. Niterói, 2018.

Quadro 2

DISCUSSÃO

O cuidado interprofissional diz respeito a uma atividade que é realizada por dois ou mais profissionais que possuem conhecimentos acerca da atenção à saúde. Este conhecimento deve envolver todas as profissões, onde de modo interativo os profissionais desenvolvem suas habilidades.(2-3-11)

O autor lembra que o Sistema Único de Saúde (SUS) “prevê a integralidade das ações de promoção, prevenção e recuperação da saúde pautada na identificação dos determinantes e condicionantes sociais de saúde da população”(8).Isso se dá à medida que o atendimento a população é complexa, inclusive no que diz respeito a mudança do perfil demográfico e o aumento da expectativa de vida da população brasileira. Estas mudanças ocorridas em especial nas últimas décadas requer uma equipe preparada para atender a este novo perfil de usuário.(1-2-5)

Trabalhando em conjunto, os profissionais atuam de forma a prevenir e reduzir as possíveis complicações dos pacientes que estão sendo assistidos. No que diz respeito a este artigo, a equipe multiprofissional de terapia nutricional deve decidir em conjunto o objetivo da nutrição enteral a fim de evitar as possíveis complicações relacionadas a alimentação dos pacientes internados em unidades de terapia intensiva, entre elas a disfagia, os vômitos, distensão abdominal, a comunicação do paciente e nas pneumonias aspirativas.(1-7-11-12-13)

Várias são os estudos e evidências que comprovam a necessidade da prevenção destas complicações, assim como a redução da perda do peso do paciente acabam reduzindo o tempo de internação e colaborando com a melhor qualidade de vida dos pacientes. O fornecimento adequado dos nutrientes, sempre levando em conta as condições clínicas do paciente, é de fundamental importância para o devido controle metabólico do mesmo. Este controle pode ser feito e estimado por meio das equações preditivas à medida que é facilmente executada, como a Harris-Benedict. Além desta existem no mercado diversas fórmulas que utilizam a idade, sexo, peso e altura como variáveis para o controle nutricional.(7-11-12-13)

É importante ressaltar neste momento os conceitos da Teoria do Déficit de Autocuidado de Orem. Esta teoria determina o momento em que a intervenção de enfermagem é necessária, ou melhor, quando esta é uma “exigência quando a pessoa se encontra incapacitada ou limitada para o suprimento de autocuidado eficaz e continuado”.(5)

Os resultados encontrados neste estudo permitem consi­derar que os indivíduos vítimas de trauma de face e bloqueio intermaxiliar apresentam déficit no autocuidado, sobretudo nos aspectos da higienização bucal e alimentação, sendo que a comunicação verbal prejudicada pode comprometer, ainda mais, suas necessidades.(8)

Entre as intervenções de enfermagem para pacientes com déficit no autocuidado para alimentar-se estão o monitoramento da capacidade do paciente em deglutir, garantir que o paciente esteja em posição adequada para facilitar a deglutição e mastigação, identificar qual a dieta prescrita e se esta é a que está sendo oferecida, além de providenciar que seja feita a devida higiene oral antes das refeições.(3-6-7-8-9-12)

A observância do volume da nutrição do paciente de alta complexidade é de suma importância à medida que a administração de um volume menor do que as suas necessidades pode contribuir para a sua desnutrição, o que pode ocasionar o aumento do tempo de internação, os custos e aumento do risco de morbidade.(7-13)

Vale então destacar os comentários do autor que afirmam que entre as causas da pneumonia aspirativa, uma complicação do déficit de alimentação em pacientes internados em unidades de terapia intensiva, estão a falta de higiene oral do paciente, assim como o uso de sonda. Confirmando deste modo a importância da intervenção feita pelo enfermeiro em ambiente de terapia intensiva.(11-13)

Em casos de pacientes cardiopatas em leito com déficit no autocuidado para alimentar-se, destaca-se também as intervenções do enfermeiro no monitoramento da cavidade oral, inclusive se o paciente estiver fazendo uso de sonda nasográstrica ou sonda nasoentérica, assim como os que foram submetidos a gastrostomia ou jejunostomia internados em unidades de terapia intensiva.(3-5-6-11-13)

Este tipo de alimentação é denominada nutrição enteral, prevista pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) pela Resolução RDC 63 publicada em 6 de julho de 2000. Trata-se de uma alimentação oferecida para fins especiais para pacientes que necessitam de ingestão controlada de nutrientes e que não são capazes de ingerir 70% das suas necessidades diárias. Esta ingestão pode ocorrer de forma isolada ou combinada por meio das sondas mencionadas anteriormente.(7-12-13)

A nutrição enteral, quando administrada precocemente, entre 24 e 48 horas após a internação na unidade de terapia intensiva colabora para a melhora do quadro geral do paciente, entre eles estão a manutenção das funções gastrointestinais, da capacidade antioxidante celular, melhora da imunidade do paciente e a sua resposta hipermetabólica.(7-12-13)

Uma pesquisa acerca das intervenções realizadas com pacientes com múltiplos traumas com lesões relacionadas com incapacidades mentais ou físicas, permanentes ou temporárias(6). Segundo a sua pesquisa, realizada com 41 pacientes, mais de 50% foram diagnosticados com déficit no autocuidado para alimentação. A característica definidora para tal diagnóstico dos pacientes observado foi a incapacidade de manusear os utensílios, na deglutição, assim como na identificação da dieta que lhe foi prescrita. (6-8-12)

No caso do paciente que, além do déficit no autocuidado ao alimentar-se, o paciente tem mobilidade no leito prejudicada, como no caso de pacientes internados em unidades de terapia intensiva, o enfermeiro deve sempre avaliar, entre o que foi mencionado, as sondas de alimentação. Os pacientes apresentavam sinais de dor, assim como prejuízo musculoesquelético e neuromuscular.(6-8-13)

Diante do que foi observado nos artigos pesquisados, fator alimentação é um dos requisitos do autocuidado e que requer um trabalho de uma equipe multiprofissional comprometida com os tratamentos, integrando-os para o melhor resultado e a manutenção da vida do paciente. Segundo os autores a alimentação faz parte das necessidades básicas dos indivíduos e quando ocorre alguma situação em que este se vê impedido de realizar uma ação, uma intervenção é necessária.(2-3-8-9-10-13)

CONCLUSÃO

Constatou-se nos artigos pesquisados a importância do enfermeiro no processo de cura do paciente por meio não apenas na manutenção da alimentação, mas também estar atento e buscar colaboração de profissionais de diversas áreas da saúde afim de proporcionar um atendimento que supra todas as necessidades físicas e emocionais do paciente e minimize riscos e complicações.


REFERÊNCIAS

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  2. Reeves S. Porque precisamos de educação interprofissional para um cuidado efetivo e seguro. Interface (Botucatu). 2016; 20 (56):185-96.
  3. Felipe LC, Araújo ARA; Vitor AF. Processo de enfermagem segundo o modelo do autocuidado em um paciente cardiopata restrito ao leito. J. res. fundam. care. online 2013. jul./set. 6(3):897-908.
  4. Herdman TH, Lamitsuru S. Diagnósticos de enfermagem da NANDA: definições e classificação 2015-2017. [NANDA Internacional]. Porto Alegre: Artmed, 2015, p.228-229.
  5. Berardinelli LM, Guedes NA, Acioli S. Déficit de autocuidado de clientes hipertensos. Rev. enferm. UERJ, Rio de Janeiro, 2013 dez, 21(esp.1),575-80.
  6. Bertoncello KCG, Cavalcanti CDK, Ilha P. Diagnósticos reais e proposta de intervenções de enfermagem para os pacientes vítimas de múltiplos traumas. Rev. Eletr. Enf. 2013 out/dez,15(4):905-14.
  7. Stefano MD, Poll FA. Estado nutricional e dieta enteral prescrita e recebida por pacientes de uma Unidade de Terapia Intensiva. ABCS Health Sci. 2014, 39(2),71-76.
  8. Mazzoni Neto A, Laposta PE, Prata RA, Meira JRR; Palhares Neto AA, Avila MAG. Fraturas maxilomandibulares no hospital de ensino: perfil epidemiológico e percepção dos usuários. Rev. SOBECC, São Paulo. jul./set. 2015, 20(3), 150-156.
  9. Coutinho KAA, Pacheco STA, Rodrigues BMRD, Silva LF. O cuidado domiciliar de familiares frente à alimentação da criança com encefalopatia. Revenferm UERJ, Rio de Janeiro, 2015 mai/jun, 23(3):318-23.
  10. Wild CF, Favero NB, Salbego C, Vale MG, Silva JRP, Ramos TK. Educação em saúde com estomizados e seus familiares: possibilidade para melhor qualidade de vida. RevEnferm UFSM 2016 Abr./Jun.,6(2), 290-297.
  11. Fernandes CES, Simor FP, Siqueira LL, Mendonça GD, Mezzalira RM. Benefícios do tratamento fonoaudiológico hospitalar em pacientes em uso de via alternativa de alimentação. Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 61 (1): 51-55, jan.-mar. 2017.
  12. Rocha AJSC, Oliveira ATV, Cabral NAL, Gomes RS, Guimarães TA, Rodrigues WB, Silva EL. Causas de interrupção de nutrição enteral em unidades de terapia intensiva. Rev Pesq Saúde, 18(1): 49-53, jan-abr, 2017.
  13. Ferreira IKC. Terapia Nutricional em Unidade de Terapia Intensiva. Rev. bras. ter. intensiva , São Paulo, v. 19, n. 1, p. 90-97, mar. 2007.




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