What is the best digital technology for the enteral tube nursing intervention in ICU - Systematized Literature Review

 

Qual a melhor tecnologia digital para a intervenção de enfermagem com tubo enteral em UTI - Revisão Sistematizada da Literatura

 

Fernanda Souza Costa Fagundes1, Isabel Cristina Fonseca da Cruz2

1Enfermeira. Aluna do Curso de Especialização em Enfermagem em Cuidados Intensivos /      Universidade Federal Fluminense (UFF). fernandafagundes88@gmail.com 

2Professora, Doutora, Titular da UFF. isabelcruz@id.uff.br

 

ABSTRACT

Objective: search the professional scientific literature for digital technologies, their characteristics and their purpose of use to optimize the nursing intervention with enteral nutrition in ICU. Methodology: in this study, a systematic review of the literature was carried out, according to the PICOT methodology, whose data collection was carried out from 2013 to 2020, in the electronic databases BVS, Scielo and PubMed. Results: according to the selected articles, nursing care is essential to prevent serious complications in patients using enteral nutritional therapy, as well as the need for technical knowledge in the proper handling of tubes. Conclusion: this study sought to highlight the importance of technologies and nurses' clinical preparation based on scientific evidence, allowing for safe, efficient, qualified, humanized and comfortable nursing care for patients using enteral nutritional therapy.

 

Keywords: enteral tube; enteral nutrition; enteral feeding; gastric tube; nursing care.

 

RESUMO 

Objetivo: buscar na literatura científica profissional as tecnologias digitais, suas características e sua finalidade de uso para otimizar a intervenção de enfermagem com nutrição enteral em UTI. Metodologia: neste estudo foi realizada uma revisão sistematizada da literatura, de acordo com a metodologia PICOT, cuja coleta de dados foi realizada no período de 2013 a 2020, nas bases eletrônicas BVS e PubMed. Resultados: de acordo com os artigos selecionados as tecnologias comtemplam a implementação de teorias, a capacitação permanentemente dos profissionais da enfermagem para a padronização de procedimentos, prontuários e protocolos assistenciais eletrônicos voltados para a prevenção de complicações graves dos pacientes em uso da terapia nutricional enteral. Conclusão: este estudo buscou evidenciar a importância das tecnologias e do preparo clínico do enfermeiro baseado em evidências científicas, permitindo uma assistência de enfermagem segura, eficiente, qualificada, humanizada e confortável aos pacientes em uso da terapia nutricional enteral.

 

Palavras-chave: tubo enteral; nutrição enteral; alimentação enteral; sonda gástrica; cuidados de enfermagem.

 

INTRODUÇÃO

A nutrição enteral é a inserção de nutrientes no trato gastrointestinal por meio de um tubo colocado em um estoma natural ou artificial. Os tubos podem ser introduzidos por via nasal ou oral, sendo posicionado no estômago ou intestino em pacientes que não conseguem obter nutrição adequada por via oral. A mais utilizada é a intestinal por reduzir riscos de vômito e aspiração (1,2)

De acordo com estudos embasados em evidências, um dos principais problemas que podem ocorrer com pacientes internados em unidades de terapia intensiva (UTI) é a desnutrição. A Terapia nutricional enteral (TNE) é indicada para esses pacientes que apresentam dificuldades em manter ou ganhar peso, desnutridos ou em risco nutricional e também os pacientes parcialmente ou exclusivamente impossibilitados de receber a dieta por via oral, os quais se faz o uso da sonda. Esta terapia proporciona a redução do tempo de permanência hospitalar, reduz as complicações infecciosas que podem levar a óbito, impede que ocorra a degeneração do trato gastrointestinal mantendo o organismo funcionando e sem riscos de falência múltipla dos órgãos (3). 

O papel do enfermeiro é de suma importância para o desenvolvimento da terapia nutricional para nortear a equipe de enfermagem e avaliar as necessidades básicas do paciente. Os cuidados de enfermagem ocorrem nas diferentes etapas da terapia nutricional, desde a inserção, manutenção, controle dos níveis de nutrientes, para que não ocorram complicações que interfiram na sobrevida do paciente, até a remoção desse dispositivo (1,3,4)

As tecnologias utilizadas no setor da saúde possuem vantagens principalmente nas unidades de terapia intensiva, o cuidado ao paciente crítico envolve a utilização de um arsenal tecnológico específico, exigindo dos enfermeiros conhecimentos e habilidades sobre os equipamentos, métodos, práticas e procedimentos. Estudos mostram que os profissionais de enfermagem apresentam conhecimentos insuficientes acerca da nutrição enteral, o que pode favorecer a ocorrência de complicações graves. Portanto, para alcançar bons resultados, é importante que o profissional se atualize para ter conhecimento adequado sobre os cuidados com a nutrição enteral (5,6)

Situação-problema: Tecnologias digitais que deem suporte para a intervenção de enfermagem com tubo enteral em UTI (código CIPE®: 10044679 IC) prescrita para a resolução de diagnósticos de enfermagem ou médicos podem ter impactos na prática da(o) enfermeira(o). O objetivo principal desta revisão é sintetizar sistematicamente a partir de evidência as melhores tecnologias de saúde digital para a intervenção de enfermagem com tubo enteral em UTI (código CIPE®: 10044679 IC).

Objetivo: Buscar na literatura científica professional as tecnologias digitais, suas características e sua finalidade de uso para otimizar a intervenção de enfermagem com nutrição enteral em UTI (código CIPE®10044679 IC).

Questão prática: Com base em evidência, qual a melhor tecnologia digital para a intervenção de enfermagem com tubo enteral (código CIPE®10044679 IC) para o(a) paciente de alta complexidade sob cuidados intensivos?

 

Quadro 1 - Estratégia de PICO. Niterói, 2021.

Acrônimo

Descrição

Componente da questão prática

 

P

 

Paciente ou diagnóstico de enfermagem

Paciente de alta complexidade com tubo enteral (código CIPE®: 10044679 IC).

 

I

 

Prescrição/Protocolo

Análise da percepção do enfermeiro sobre a gestão da nutrição enteral.

C

Controle ou comparação

Não há

 

 

 

 

Resultados

Resultados obtidos no tratamento de pacientes em uso da terapia nutricional enteral e a percepção do conhecimento do enfermeiro.

T

Tempo

7 dias de internação em UTI.

Fonte: Elaborado pelos autores, 2021.

 

 

METODOLOGIA

Pesquisa bibliográfica computadorizada, no período de 2013 a 2020, nas bases da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e PubMed, utilizando: termos de busca controlados (tubo enteral, nutrição enteral, alimentação enteral, sonda gástrica, cuidados de enfermagem, tecnologia digital / enteral tube, enteral nutrition, enteral feeding, gastric tube, nursing care, digital technology), descritores operadores booleanos (OR e AND). Combinação dos componentes da estratégia PICOT: (P) AND (I) AND (C) AND (O) AND (T).

 

RESULTADOS

Foram encontrados 50 estudos, dos quais foram excluídos artigos duplicados ou que não tinham relação com o tema, resultando em 10 artigos finais para análise. Depois de selecionar os artigos pertinentes ao tema, foi realizada a leitura interpretativa e crítica dos estudos. O Quadro 1 apresenta a síntese dos artigos e seu nível de evidência científica de acordo com os critérios do “Oxford Centre for Evidence-based Medicine” (7)

 

 

 

 

 

 

Quadro 2 – Publicações localizadas nas bases virtuais. Niterói, 2013.

Autor(es), ANO &
País

Objetivo da pesquisa

 

População/
amostra

 

Tipo do estudo & instrumentos

Principais achados

 

Conclusões do autor(es)

Nível de evidência

Roveron G, Antonini M, Barbierato M, Calandrino V, Canese G, Chiurazzi LF, et al. 2018 – Itália

Este artigo apresenta diretrizes desenvolvidas para o manejo de enfermagem de tubos de gastrostomia / jejunostomia endoscópica percutânea (PEG / PEJ) e tubos de gastrojejunostomia endoscópica percutânea (PEGJ).

Artigos científicos

Revisão sistemática

- As diretrizes não contêm recomendações sobre nutrição enteral (NE) através de sondas nasogástricas, indicações para posicionamento PEG / PEJ / PEGJ, composição da NE, seleção de pacientes, tipo de sonda, modalidade de administração da NE e complicações gastrointestinais.

As diretrizes apresentadas neste artigo devem ser usadas ​​por enfermeiros que cuidam de pacientes com NE em todos os ambientes de cuidados, incluindo instalações de cuidados agudos e críticos, salas de cirurgia, serviços de endoscopia digestiva, unidades ambulatoriais de nutrição artificial, unidades de gastroenterologia e atendimento domiciliar.

2C

Gimenes FRE, Reis RK. 2015 – Brasil

Analisar a produção científica sobre o manuseio de sondas para alimentação divulgada por enfermeiros brasileiros.

5 artigos científicos

Revisão integrativa

 

 

- Há a necessidade de novos estudos voltados para a identificação dos problemas associados ao uso dessas sondas, bem como para o estabelecimento de intervenções de enfermagem adequadas e baseadas em evidências científicas para a redução dos riscos e de complicações associadas ao seu uso.

Poucos foram os estudos publicados por enfermeiros brasileiros voltados para o manuseio de sondas para alimentação. Destaca-se a necessidade do enfermeiro desenvolver e implementar protocolos assistenciais voltados para o manuseio seguros dessas sondas, visando a padronização da prática.

2C

Anziliero F, Silva BA, Dal Soler BE, Corrêa APA, Beghetto MG. 2019 – Brasil

Conhecer os eventos adversos relacionados à inserção, manutenção e remoção de sonda enteral descritos na literatura.

45 Artigos científicos

Revisão integrativa

-As avaliações de condições e história clínica do paciente no momento da inserção das sondas parece ser uma importante estratégia para mini­mizar os riscos de complicações, bem como a atenção para confirmar o posicionamento evi­denciado pelo raio-X, ou cuidados minuciosos no procedimento de retirada.

Conclui-se que diferentes incidentes e eventos adversos descritos na literatura podem ocorrer na inserção, manutenção e administração de dieta e remoção da sonda enteral. Conhecê-los pode garantir que a assistência de enfermagem seja segura, qualificada e baseada nas melhores evidências científicas.

 

2C

Silveira GC, Romeiro FG. 2020 – Brasil

Escrever por meio de questionário as dificuldades encontradas para a passagem e posicionamento de sondas nasoenterais na instituição hospitalar, bem como os eventos adversos relacionados ao procedimento de introdução dessas sondas. A partir desse conhecimento sobre problemas enfrentados, o trabalho teve ainda o objetivo de desenvolver manual padronizado sobre a introdução e o posicionamento da sonda enteral.

100 enfermeiros

Observacional, analítico e transversal

-Carências de padronizações e certa resistência na exposição de dúvidas, mesmo por meio do questionário.

 

- Alguns pontos de risco foram identificados, como o relato de alguns profissionais sobre a não realização da checagem adequada do posicionamento da sonda após sua introdução.

Tendo em vista os aspectos observados no questionário aplicado, conclui-se que a equipe de enfermagem apresenta envolvimento na terapia de nutrição enteral, participando ativamente do procedimento de passagem, fixação e manutenção da sonda enteral e também da infusão de dieta através dela. De acordo com os resultados, elaborou-se um manual de padronização sobre a técnica de posicionamento da sonda enteral, com o objetivo de contribuir com a educação continuada e o alinhamento técnico da equipe do hospital.

2C

Corrêa APA,

Nora CRD, Sousa GP, Santos VJ, Viegas GL, Agea JLD, et al. 2020 – Brasil

Conhecer a percepção dos técnicos de enfermagem sobre os riscos ao paciente em uso de terapia nutricional enteral, durante um cenário de simulação clínica.

30 sessões de simulação clínica com técnicos em enfermagem

Estudo descritivo com abordagem qualitativa

- Percepção de riscos relacionados com a sonda: a broncoaspiração da dieta, a saída inadvertida da sonda, a obstrução da sonda e lesão de pele. Riscos relacionados à contaminação da terapia nutricional enteral (TNE), que se referem a falha na higiene das mãos e de utensílios e a validade da dieta e dos insumos. Já os riscos relacionados com a dieta, incluíram a desnutrição e a troca de dieta entre os pacientes. Do mesmo modo, os riscos relacionados à rotina de cuidados em TNE se referem a automatização da assistência e pessoas externas à equipe de enfermagem.

Os dados apresentados no artigo podem servir de subsídios aos serviços de saúde, no sentido de compor uma simulação efetiva e de qualidade para a equipe de enfermagem e não só, também pode ser ampliado para a equipe multiprofissional de TNE como a presença de médicos, nutricionistas e farmacêuticos, dessa forma, todos terão acesso a educação permanente em saúde periódicas dentro do ambiente hospitalar em que atuam repercutindo na minimização dos incidentes relacionados a TNE. Da mesma forma, os achados, permitem subsidiar a utilização da simulação clínica como uma metodologia que permite, principalmente no momento do debriefing, evidenciar as não conformidades presentes na rotina da TNE e trazer à tona esses dados para serem analisados e discutidos de forma reflexiva e conjunta. 

2C

Carrasco V, Freitas MIP, Oliveira-Kumakura ARS, Almeida EWS. 2020 - Brasil 

Construir e validar instrumento para avaliar o conhecimento do enfermeiro sobre terapia nutricional enteral.

30 enfermeiros

Validação de conteúdo e pré-teste

-Acredita-se que o instrumento CENFTNE (Conhecimento dos enfermeiros sobre Terapia Nutricional Enteral) poderá ser utilizado em educação permanente em saúde para auxiliar na avaliação e ampliação do conhecimento do enfermeiro sobre terapia nutricional enteral, uma vez que serão verificadas as fragilidades do profissional de saúde.

 

-Mais pesquisas são necessárias para confirmar a validade e confiabilidade desse instrumento, além de ser recomendada a sua aplicação em cenários clínicos.

O instrumento construído com quatro domínios, a partir de uma ampla revisão de literatura, teve seu conteúdo validado por juízes, que apresentaram melhores coeficientes de concordância para os Domínio 1 (Indicação de Terapia Nutricional Enteral) e 3 (Monitoramento da administração da dieta enteral), apesar de todos terem sido iguais ou acima de 0,90. Além disso, foi considerado pelos enfermeiros um instrumento adequado (PC=0,90) e de fácil compreensão para avaliação do conhecimento sobre terapia enteral.

 

1A

 

 

Irving SY, Lyman B, Northington LD, 

Bartlett JA, Kemper C, Alden T, et al. 2014 – USA

Apresenta os desafios da colocação de NG-LEAD (dispositivo de acesso enteral nasogástrico) à beira do leito e verificação de localização contínua em crianças por meio de uma visão geral do estado atual da ciência

8 artigos científicos

Revisão sistemática

-As diretrizes de melhores práticas que incluem terminologia operacional universal serão um primeiro passo importante para abordar um problema clínico difícil.

 

 

Esta revisão demonstra os desafios de longa data da colocação inicial correta de um NG-LEAD e da verificação contínua da localização em crianças. A tecnologia com potencial para reduzir o risco e melhorar a segurança terá um efeito significativo no cuidado de crianças em ambientes agudos e não agudos. Um evento de segurança sério resultante de um NG-LEAD extraviado ou desalojado altera a vida e pode ser psicologicamente devastador para o paciente, sua família e os profissionais de saúde envolvidos.

2C

Barbosa JAG, 

Carlos CM, Costa RF, Simino GPR. 2020 – Brasil

Avaliar o conhecimento de enfermeiros de um hospital geral de ensino e alta complexidade sobre a terapia nutricional e os cuidados aos pacientes em uso da mesma.

39 enfermeiros

Estudo descritivo

Simulação clínica

 

- A compreensão acerca das gastro e jejunostomias mostrou-se limitada, o que pode comprometer os cuidados aos pacientes.

 

-Alguns aspectos precisam ser aprimorados a fim de assegurar uma assistência em nutrição enteral efetiva e isenta de danos, dentre os quais se ressalta a compreensão mais ampliada acerca das ostomias de alimentação, uma vez podem contribuir na tomada de decisões junto à equipe multiprofissional em prol de evitar complicações futuras aos pacientes.

 

- É necessário capacitar permanentemente os profissionais para o seguimento dos protocolos institucionais, os quais devem ser atualizados com base nas evidências mais recentes.

O conhecimento dos enfermeiros acerca de aspectos essenciais da terapia nutricional e quanto aos cuidados de enfermagem aos pacientes em uso de terapia nutricional enteral e parenteral mostrou-se em sua maioria satisfatório. Soma-se a isso a ser necessário capacitar permanentemente os profissionais para o seguimento dos protocolos institucionais, os quais devem se atualizados com base nas evidências mais recentes. Acredita-se que os resultados encontrados nesse estudo possam contribuir inclusive para o ensino na graduação em

enfermagem, uma vez que as fragilidades identificadas no conhecimento dos profissionais refletem falhas na formação profissional.

2C

Anjos Junior LA, Rosa RS, Reis JB, Pegoraro VA, Caporossi C. 2014 – Brasil

Descrever as ações do enfermeiro frente à administração da nutrição enteral.

10 artigos científicos

Estudo descritivo

-Apontou-se a real importância da TNE para a manutenção do funcionamento corpóreo do paciente; o cessar dos agravos da desnutrição hospitalar; a importância do profissional enfermeiro; constatação da escassez de produção cientifica dos profissionais de enfermagem.

 

- Escassez de estudos da área da enfermagem sobre o tema nutrição enteral. É evidente a necessidade de aprimorar os conhecimentos sobre tal tema.

Verificou-se através da busca e análise dos dados a escassez de estudos da área da enfermagem sobre o tema nutrição enteral. É evidente a necessidade aprimorar os conhecimentos sobre tal tema, tendo como principal motivação, assegurar uma assistência de qualidade e que ajude o paciente reconstituir sua saúde. Em nível de motivação para a construção do artigo, vimos a real necessidade de abordar tal temática em função de despertar o interesse de enfermeiros

para a pesquisa nessa linha de cuidado.

2C

Carrasco V, Silva DVA, Silva PO. 2018 – Brasil

Refletir sobre a terapia nutricional enteral e a importância da assistência de enfermagem ao paciente.

15 trabalhos (artigos, legislações e protocolos)

Revisão sistemática

Evidencia-se, a falta de estudos que abordem a atuação do enfermeiro nas temáticas sobre o conhecimento da indicação de terapia nutricional enteral, introdução da sonda de alimentação, monitoramento da dieta e controle de intercorrências em TNE.

Deve-se conscientizar e valorizar esse cuidado enquanto assistência de enfermagem ao paciente. Considera-se que o estudo possa enriquecer a prática dos enfermeiros que lidam com a terapia nutricional, com uma reflexão teórica, buscando incentivar a educação permanente em TNE e sanando déficits da formação, para que medidas futuras possam ser adotadas com o intuito de melhorar a assistência de enfermagem em relação à nutrição de pacientes hospitalizados graves, permitindo maior conscientização.

2C

Fonte: Elaborado pelos autores, 2021.

 

 

DISCUSSÃO

O cuidado relacionado à terapia nutricional enteral é responsabilidade dos profissionais de enfermagem, competindo ao enfermeiro preparar o paciente, o material e o local para o acesso enteral, a passagem da sonda oro/nasogástrica, fixação da sonda, manutenção da via, observar os princípios de assepsia, resposta frente às intercorrências, registro claro e preciso de informações relacionadas à administração e à evolução do paciente em relação ao peso, sinais vitais, tolerância digestiva e outros que se fizerem necessários. A passagem da sonda/tubo pode ser delegada ao técnico de enfermagem somente após a verificação do enfermeiro. A TNE é indicada nas primeiras 24 a 48 horas, principalmente, em pacientes em risco nutricional ou desnutridos, e quando não houver previsão de ingestão adequada dos alimentos em um período de três a cinco dias (1,2,3,4,8,9,10).

Os riscos relacionados com a sonda são a broncoaspiração da dieta, devido à posição da cabeceira baixa do leito do paciente, aumentando a incidência de refluxo gastroesofágico e o risco de aspiração; risco de tração inadvertida da sonda, ocasionada pelo paciente, por meio de agitação psicomotora, sedativos, confusão mental, ou pela translocação do paciente de forma inadequada. Também existem riscos de obstrução da sonda, o que pode correr por falta de irrigação com água antes e após a administração de medicamentos, precipitação da dieta, dobras e falha na higienização; risco de lesão de pele ocasionada pelo atrito, devido ao posicionamento inadequado da sonda e ao material usado para a fixação. Os riscos relacionados com a administração inadequada da dieta podem contribuir para o desenvolvimento da desnutrição no paciente, estando associada a um maior risco de comorbidades e mortalidade, o que pode prolongar o tempo de internação. Os riscos relacionados à contaminação ocorrem pela falta de higienização adequada das mãos e dos equipamentos e tempo de validade dos insumos (10)

No estudo de Silveira e Romeiro(2) alguns pontos de risco foram identificados, dentre os quais merecem destaque que mais de 30% dos profissionais apresentaram complicações durante a passagem da sonda, mostrando que essas complicações fazem parte da rotina do profissional durante o procedimento e também foi observado que alguns profissionais não realizam a checagem adequada do posicionamento da sonda após sua introdução. No entanto, também foram observados pontos fortes da equipe entrevistada, como a preocupação em não deixar o paciente sem cuidados.

Portanto, para evitar eventos adversos e garantir assistência de enfermagem segura, eficiente, qualificada, humanizada e confortável aos pacientes em uso de nutrição enteral, é necessário um conjunto de boas práticas direcionando os profissionais em todas as etapas da terapia, desde a inserção, manutenção, administração da dieta, até a remoção desse dispositivo. Para prevenir e evitar complicações são adotadas algumas medidas, como a conferência de dados da prescrição, a identificação do paciente e da composição terapêutica, a via de acesso ao trato gastrointestinal, a realização de radiografia abdominal para a confirmação do posicionamento da sonda, monitoramento da dieta, o conhecimento das contraindicações para a alimentação enteral, o reconhecimento de sinais de complicações e o conhecimento quanto à fórmula de alimentação enteral. Durante a introdução da sonda, geralmente utiliza-se anestésico em forma de gel para facilitar a introdução, para diminuir o desconforto do paciente e o risco de trauma. Deve ser feita a lubrificação da sonda com 2 a 5 ml de água para que o guia possa ser retirado. A partir da confirmação radiológica do posicionamento e da subsequente retirada do guia, a sonda já pode ser utilizada, por um período bem definido, pois após quatro semanas de uso de sonda nasoenteral é indicada a gastrostomia (2,8,9,10) . 

Os artigos mencionam a escassez de estudos da área da enfermagem sobre o tema. As tecnologias no contexto do cuidado à enfermagem com nutrição enteral contemplam a implementação de teorias, a capacitação permanentemente dos profissionais da enfermagem para a padronização de procedimentos, prontuários e protocolos assistenciais eletrônicos voltados para o manuseio seguro das sondas/tubos, os quais devem ser atualizados com base nas melhores evidências científicas, promovendo o avanço dos profissionais, reduzindo os erros e agravos em suas práticas profissionais (1,2,3,4,6,8,9,10,11,12).  

 

CONCLUSÃO

Durante a presente pesquisa foi observada a escassez de estudos na área de enfermagem voltados aos cuidados de pacientes em uso de nutrição enteral, os quais deixam lacunas no cuidado destes, como também promovem o distanciamento dos profissionais de enfermagem com os sistemas de padronização de procedimentos e protocolos assistenciais voltados para o manuseio seguro das sondas/tubos.

O enfermeiro é responsável pelo cuidado direto com o paciente, o que aumenta sua responsabilidade no sentido de melhor planejar as intervenções que devem ser realizadas durante a sua internação.

Baseado em evidências científicas, não foi possível identificar qual a melhor tecnologia, pois é baseada em um conjunto de tecnologias que se complementam, entretanto, enfatiza-se a importância do preparo clínico do enfermeiro no tratamento de pacientes em uso de terapia nutricional enteral, permitindo uma assistência de enfermagem segura, eficiente, qualificada, humanizada e confortável.

 

REFERÊNCIAS

1. Roveron G, Antonini M, Barbierato M, Calandrino V, Canese G, Chiurazzi LF, et al. Clinical Practice Guidelines for the Nursing Management of Percutaneous Endoscopic Gastrostomy and Jejunostomy (PEG/PEJ) in Adults Patients. J Wound Ostom Continence Nurs [Internet]. 2018 [Cited 2021 out 18];45(4):326-334. Available from: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/29994859/

 

2. Silveira GC, Romeiro FG. As dificuldades e riscos durante a introdução e posicionamento da Sonda Nasoentérica. Rev Nurs [Internet]. 2020 [Cited 2021 out 18]; 23 (266): 4360-4366. Available from: http://www.revistas.mpmcomunicacao.com.br/index.php/revistanursing/article/view/794

 

3. Anjos Junior LA, Rosa RS, Reis JB, Pegoraro VA, Caporossi C. Terapia nutricional enteral em pacientes críticos: qual o papel do enfermeiro nesse processo? Coorte - Rev Cient Hosp Santa Rosa [Internet]. 2014 [Cited 2021 out 18]; (4): 53-59. Available from: http://revistacoorte.com.br/index.php/coorte/article/view/9 

 

4. Anziliero F, Silva BA, Dal Soler BE, Corrêa APA, Beghetto MG. Eventos adversos relacionados à sonda enteral: revisão integrativa. Rev Baiana Enferm [Internet]. 2019 [Cited 2021 out 18]; 33:e33850. Available from: https://periodicos.ufba.br/index.php/enfermagem/article/view/33850 

 

5. Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem. CIPE - Português do Brasil. 2019 [Cited 2021 out 20]. Available from: https://www.icn.ch/sites/default/files/inline-files/ICNP%202019%20Portugu%C3%AAs%20do%20Brasil.pdf 

 

6. Barbosa JAG, Carlos CM, Costa RF, Simino GPR. Conhecimento de enfermeiros acerca da terapia nutricional. Rev Enferm Contem [Internet]. 2020 [Cited 2021 out 20];9(1):33-40. Available from: https://www5.bahiana.edu.br/index.php/enfermagem/article/view/2543 

 

7. Oxford Centre for Evidence-Based Medicine. Níveis de evidência científica segundo a Classificação de Oxford Centre for Evidence-Based Medicine [Internet]. 2014 [Cited 2021 out 20]. Available from: https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2014/janeiro/28/tabela-nivel-evidencia.pdf 

 

8. Irving SY, Lyman B, Northington LD, Bartlett JA, Kemper C, Alden T, et al. Nasogastric Tube Placement and Verification in Children: Review of the Current Literature. American Society for Parenteral and Enteral Nutrition and American Association of Critical Care Nurses. Nutr Clin Pract [Internet]. 2014 [Cited 2021 out 20]; 29(3):267. Available from: https://oce-ovid.ez24.periodicos.capes.gov.br/article/00005909-201406000-00003/HTML 

 

9. Carrasco V, Silva DVA, Silva PO. Reflexão sobre a necessidade de educação permanente em terapia nutricional. Rev enferm UFPE on line [Internet]. 2018 [Cited 2021 out 20]; 12(12):3500-5. Available from: https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaenfermagem/article/view/237459 

 

10. Corrêa APA, Nora CRD, Sousa GP, Santos VJ, Viegas GL, Agea JLD, et al. Riscos da terapia nutricional enteral: uma simulação clínica. Rev Gaúcha Enferm[Internet]. 2020 [Cited 2021 out 20]; 41. Available from: https://www.scielo.br/j/rgenf/a/CJLTbhw6pYsLTDSFJZvHGyt/?lang=pt 

 

11. Carrasco V, Freitas MIP, Oliveira-Kumakura ARS, Almeida EWS. Construção e validação de instrumento para avaliar o conhecimento do enfermeiro sobre terapia nutricional enteral. Rev Esc Enferm USP [Internet]. 2020 [Cited 2021 out 20];54:e03646. Available from: https://www.scielo.br/j/reeusp/a/zpjh4BNBRDVyBZ64VNfYjqf/?format=pdf&lang=pt 

 

12. Gimenes FRE, Reis RK. Manuseio de Sonda Enteral: uma revisão integrativa da literatura. Rev de Enferm Prática Hosp [Internet]. 2015 [Cited 2021 out 20]; n. 97. Available from:https://www.researchgate.net/publication/279884916_Manuseio_de_sonda_enteral_uma_revisao_integrativa_da_literatura 

 

 

 

 

 

 





JSNCARE
Share |