Digital technologies in the nursing process for highly complex cancer patients undergoing chemotherapy treatment – Systematized Literature Review

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Tecnologias digitais no processo de enfermagem para o paciente oncológico de alta complexidade em tratamento com quimioterapia – Revisão Sistematizada da Literatura

image2.pngLaryssa Cunha Portela Cardoso1, Isabel Cristina Fonseca da Cruz2

1 Enfermeira, aluna do Curso de Especialização em Enfermagem em Cuidados Intensivos. Universidade Federal Fluminense (UFF). laryssacpcardoso@gmail.com

2 Doutora, professora. Titular da UFF. isabelcruz@id.uff.br

ABSTRACT

Objective: identify in the scientific literature and systematically synthesize the best evidence on methods and digital technologies for the nursing process in the care of highly complex cancer patients undergoing chemotherapy. Methods: This is a systematic review of the literature through an online database search, from 2014 to 2021, in the Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE), Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature (CINAHL), and the Virtual Health Library (BVS) from August to November 2022. Results: According to the selected articles, it is possible to observe that several DICTs were developed to optimize the care provided to cancer patients, the use of digital systems can provide symptom monitoring, self-management training, care protocols, changes in therapy, and alerts to oncology nurses about the deterioration of cancer patients using chemotherapy, thus optimizing their care, especially in highly complex situations. Conclusion: This study sought to highlight the importance of technologies as well as to show new methods related to them, based on scientific evidence to improve nursing practice, allowing safe, efficient, qualified, humanized, and comfortable assistance to patients using chemotherapy, showing some examples of studies and practices related to the theme.

Key words: Digital technology; Neoplasms; Nursing; Intensive care.

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RESUMO
Objetivo: identificar na literatura científica e sintetizar sistematicamente as melhores evidências sobre métodos e tecnologias digitais para o processo de enfermagem no cuidado do paciente oncológico de alta complexidade em tratamento com quimioterapia. Métodos: trata-se de uma revisão sistematizada da literatura por meio da busca em base de dados online, no período de 2014 a 2021, nas bases de dados Medical Literature Analysis and Retrieval System on-line (MEDLINE), Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature (CINAHL) e na Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) no período de agosto a novembro de 2022. Resultados: de acordo com os artigos selecionados é possível observar que foram desenvolvidas diversas TDICs para otimizar o cuidado prestado aos pacientes oncológicos, o uso de sistemas digitais podem fornecer monitoramento de sintomas, treinamento de autogerenciamento, protocolos assistenciais, mudanças na terapêutica e alertas aos enfermeiros oncológicos sobre a deterioração do paciente com câncer em uso de quimioterapia, otimizando assim seu cuidado principalmente em alta complexidade. Conclusão: este estudo buscou evidenciar a importância das tecnologias bem como mostrar novos métodos relacionados às mesmas, baseado em evidências científicas para melhorar a prática de enfermagem, permitindo uma assistência segura, eficiente, qualificada, humanizada e confortável aos pacientes em uso de quimioterapia, mostrando alguns exemplos de estudos e práticas relacionados ao tema.

Palavras-Chave: Tecnologia digital; Neoplasias; Enfermagem; Cuidados intensivos.

image1.pngINTRODUÇÃO

No mundo, o câncer se tornou uma das principais causas de mortes prematuras, que ocorrem antes dos 70 anos. A estimativa mundial calculada no ano de 2018 aponta que a expectativa era a ocorrência de aproximadamente 18 milhões de casos novos de câncer e 9,6 milhões de óbitos no mundo (1).

 Dentre as modalidades de tratamentos antineoplásicos disponíveis existe a quimioterapia, que é reconhecida pelos efeitos colaterais que acometem os pacientes durante o tratamento, sendo os principais sintomas: náuseas; vômitos; diarréia ou constipação e outros mais que comprometem a qualidade de vida das pessoas de forma global (2). Eles geram repercussões fisiopatológicas de diferentes níveis de complexidade a depender da intensidade. No âmbito da saúde, a alta complexidade é compreendida como o conjunto de procedimentos realizados e que envolve alta tecnologia e alto custo, com o objetivo de propiciar à população acesso a serviços qualificados (3).

O paciente com câncer apresenta características clínicas e fisiopatológicas diferenciadas, o que contribui para que, em muitos momentos, necessitem de suporte intensivo durante a evolução da sua doença. No entanto, frequentemente, é verificado que mais de um terço dos pacientes oncológicos em estágio avançado ou terminal são admitidos em unidades de terapia intensiva (UTIs), e destes, 60% morrem após a admissão (4,5).

As Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) são dispositivos eletrônicos e tecnológicos. Como o termo TIC também abrange tecnologias antigas como televisão, jornal e mimeógrafo, os pesquisadores têm utilizado o termo Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDICs) para as novas tecnologias (6).

Nas últimas décadas a tecnologia tem avançado de forma exponencial e vem sendo utilizada em diversas áreas do conhecimento, incluindo a saúde, como, por exemplo: acessar informações do paciente; prescrição eletrônica e registros eletrônicos. Avanços tecnológicos contribuem para um melhor cuidado ao paciente, assim, no âmbito profissional, utiliza-se no diagnóstico, investigação, tratamento, gestão do cuidado e monitoramento da doença (7).

A sistematização da assistência de enfermagem (SAE) é uma metodologia científica implementada na prática assistencial que contribui para maior segurança aos pacientes e maior autonomia aos profissionais de enfermagem (8). Sendo um instrumento organizacional de planejamento e execução de ações realizadas pela equipe de enfermagem com supervisão do enfermeiro e que são colocadas em prática por meio do Processo de Enfermagem (9,10). Neste sentido, as tecnologias digitais aliadas à gestão do serviço permitem a integralização da assistência ao paciente por meio da SAE e possibilitam a melhoria na comunicação entre a equipe (10). Neste estudo, serão analisadas as tecnologias digitais visando melhorar o processo de trabalho do enfermeiro com o paciente de alta complexidade em quimioterapia, durante cada uma de suas fases: histórico; diagnóstico; intervenção e evolução de enfermagem.

 

SITUAÇÃO PROBLEMA

Tecnologias digitais que dêem suporte ao histórico, na busca de dados que sustentem o diagnóstico CIPE®: quimioterapia (código: 10044583), e também melhore os respectivos cuidados ou intervenções de enfermagem, de modo a alcançar com rapidez e segurança os resultados terapêuticos.

 

OBJETIVO

Identificar na literatura científica e sintetizar sistematicamente as melhores evidências sobre métodos e tecnologias digitais para o processo de enfermagem no cuidado do paciente oncológico de alta complexidade em tratamento com quimioterapia.

QUESTÃO PRÁTICA

Com base em evidência, como cada TDIC pode contribuir para o diagnóstico e tratamento da pessoa em quimioterapia (código CIPE®: 10044583) na unidade de cuidados intensivos?

Quadro 1 – Estratégia da pergunta PICOT, Niterói 2022.

Acrônimo

Descrição

Componente da questão prática

P

Paciente de alta complexidade & adulto/idoso com o diagnóstico Quimioterapia (CIPE®) & TDICs.

Diagnóstico CIPE®: um rótulo atribuído pela (o) enfermeira (o) que toma uma decisão acerca do (a) paciente após a avaliação/histórico de enfermagem.

I

Ação realizada em resposta a um diagnóstico de enfermagem de modo a originar um resultado de Enfermagem (ICN 2001) &TDICs.

Quimioterapia (código CIPE®:10044583).

C

Não há.

Não há.

O

A medida ou estado de um diagnóstico de Enfermagem em pontos temporais após uma intervenção de Enfermagem (ICN 2001) &TDICs.

 

T

Máximo de internação ou atendimento.

Percurso Crítico: 7 dias.

Fonte: Cardoso e Cruz, 2022.

MÉTODO

Trata-se de uma revisão sistematizada da literatura para a identificação, avaliação, análise e interpretação de produções científicas sobre o uso das tecnologias digitais no cuidado aos pacientes oncológicos em quimioterapia. Realizaram-se as buscas, de forma on-line, das produções científicas bibliografias, entre os meses de agosto a novembro de 2022, nas bases de dados Medical Literature Analysis and Retrieval System on-line (MEDLINE), Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature (CINAHL) e na Biblioteca Virtual de Saúde (BVS).

Foi utilizada a terminologia oficial em saúde disponível nos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) e Medical Subject Headings (MeSH). A estratégia para a busca dos estudos foi a combinação dos descritores controlados: tecnologia digital; neoplasias; enfermagem e cuidados intensivos; e um descritor não controlado, quimioterapia, nos idiomas inglês e português, sendo combinados entre si com o conector boleano AND. Desse modo, foi possível identificar 2.616 artigos no total.

Para a seleção das obras, foram adotados os seguintes critérios de inclusão: arquivos disponibilizados na íntegra em acervo online com período de publicação entre janeiro de 2014 a dezembro de 2021, que abordasse a temática: o uso da tecnologia digital para o cuidado ao paciente oncológico crítico em quimioterapia. Os critérios de exclusão foram: teses e dissertações; artigos que abordassem apenas cuidado ao paciente em domicílio; artigos sobre sobreviventes ao câncer ou pacientes que não faziam uso de quimioterapia.

Após a leitura dos títulos e/ou resumos foram selecionados 15 artigos, sendo 1 da CINAHL, 4 da BVS e 10 da MEDLINE, após a retirada das duplicatas restaram 10 artigos compondo, assim, a amostra final. Para realização deste artigo foi utilizada a metodologia PICOT.

 

RESULTADOS

Nesta seção é apresentado o quadro que demonstra a síntese dos artigos selecionados e seu nível de evidência científica de acordo com os critérios do “Oxford Centre for Evidence-based Medicine” (11).

Quadro 2: Publicações localizadas nas bases virtuais, Niterói 2022.

 

Autores, Ano e País.

Objetivo da Pesquisa

População

/amostra

Tipo de Estudo

Principais Recomendações

Nível de evidência

Crafoord MT, Fjell M, Sundberg K, Nilsson M, Langius-Eklöf A, 2020, Suécia (12).

Descrever o engajamento com o aplicativo Interaktor entre pacientes com câncer de mama ou próstata durante o tratamento.

Pacientes com câncer de mama e próstata em tratamento.

Ensaio Clínico Randomizado.

Investir na criação de aplicativos para gerenciamento de sintomas em pacientes com câncer, com a participação dos pacientes e profissionais durante o processo, pois dá aos pacientes uma sensação de segurança, oferecendo um método conveniente para entrar em contato com seus profissionais de saúde e a segurança de ser monitorado por meio de relatórios de sintomas. Além de promover o autocuidado, facilitando o automonitoramento e o aprendizado sobre os sintomas.

2B

Garg S, Williams NL, Ip A, Dicker AP, 2018, EUA (13).

 Revisar o cenário do uso atual e da integração da tecnologia digital de saúde no tratamento do câncer, subdividindo as tecnologias digitais de saúde nas seguintes seções: dispositivos conectados; coleta digital de informações do paciente; telessaúde e assistentes digitais.

A busca dos estudos foi realizada na  PubMed e ClinicalTrials com os termos: tecnologias de saúde digital; incluindo saúde digital; dispositivos conectados; telemedicina; inteligência artificial; assistentes digitais e câncer.

Revisão narrativa da literatura.

Foi observado que a integração de TDICs na prática clínica tem visto aplicações em todo o espectro de cuidados, incluindo triagem de câncer, gerenciamento de pacientes em tratamento, principalmente sintomas, acompanhamento pós-tratamento e sobrevivência. A implementação desses sistemas serve para reduzir custos e ineficiências do fluxo de trabalho, bem como melhorar o valor geral dos cuidados de saúde, os resultados dos pacientes e a qualidade de vida de forma geral.

5

Marthick M, McGregor D, Alison J, Cheema B, Dhillon H, Shaw T, 2021, Austrália (14).

Explorar o efeito de intervenções de cuidados de suporte assistidas por tecnologias digitais nos resultados de pacientes com câncer.

A busca dos estudos foi realizada na MEDLINE, PubMed , Embase, PsycINFO, Cochrane Central Register of Controlled Trials e Scopus. Com os seguintes termos: cuidados de suporte; saúde digital e pacientes com câncer.

Revisão sistemática da literatura.

As intervenções presentes no estudo incluíram educação em saúde digital, psicoterapia, suporte de enfermagem, exercícios remotos, entrega de programas de reabilitação e intervenções de mindfulness digital. As intervenções digitais mostraram-se benéficas e independentes de doenças e fatores demográficos. Além disso, o uso da tecnologia para o acompanhamento do câncer parece ser aceitável para os pacientes, é clinicamente seguro e melhora o conhecimento em saúde e as práticas de autogerenciamento.

1A

Wilson CM, Mooney K, 2020, EUA (15).

Descrever o uso do monitoramento digital de sintomas oncológicos e ferramentas de coaching de autogestão do paciente, como enfermeiros podem otimizar seu uso como adjuvante na melhoria dos cuidados oncológicos e discutir questões e estratégias necessárias para adoção em uma variedade de condições clínicas.

A busca dos estudos foi realizada na PubMed, fornecendo base para o artigo.

Revisão Narrativa da Literatura.

Enfermeiros de oncologia e profissionais de enfermagem podem liderar mudanças na prática que melhoram os resultados dos pacientes por meio da compreensão e da modelagem do uso de ferramentas digitais, pois ainda há um uso limitado de tecnologias digitais no atendimento de pacientes oncológicos, sendo necessário mais estímulo ao uso de tais ferramentas.

5

Wolf B, Scholze C, 2018, Alemanha (16).

Ilustrar como a quimioterapia personalizada pode levar a uma melhor qualidade de tratamento e, para o paciente, uma melhor qualidade de vida.

Artigos que tratam sobre os benefícios da quimioterapia personalizada.

Revisão Narrativa da Literatura.

É um método eficaz pois contribui para não sobrecarregar os pacientes desnecessariamente, para aumentar o sucesso do tratamento e assim, a longo prazo, reduzir os custos, é necessário personalizar a terapia e um dos meios são com uso de leitores de microplacas inteligentes.

5

 Cannon C, 2018, EUA (17).

Revisar soluções de telessaúde, aplicativos móveis e dispositivos que atualmente estão impactando pacientes, cuidadores e provedores que trabalham no cenário da oncologia.

Artigos que descrevam soluções de telessaúde, aplicativos móveis e dispositivos no tratamento ao paciente oncológico.

Revisão Narrativa da Literatura.

Os enfermeiros que cuidam de pacientes com câncer devem estar cientes da difusão e do impacto da telessaúde e da saúde móvel (como aplicativos) para essa população única, pois proporciona independência do local, melhor documentação de dados e resultados de testes, melhor atendimento, melhor comunicação entre profissionais de saúde e pacientes, melhor adesão do paciente e disponibilidade de dados para pesquisa.

5

Adelson KB, Qiu YC, Evangelista M, Spencer-Cisek P, Whipple C, Holcombe RF, 2014, EUA (18).

Relatar a implementação de uma plataforma de pedidos de quimioterapia eletrônica e analisar o impacto na prática clínica oncológica no local.

Profissionais de saúde responsáveis pela prescrição e administração de quimioterapia.

Estudo de produção tecnológica.

A transição para a solicitação eletrônica de quimioterapia oferece à instituição a chance de desenvolver e monitorar a prática oncológica baseada em evidências, padronizar os cuidados de suporte e aumentar a segurança do paciente.

Além de ter sido criado um fluxograma de enfermagem que permite quantificar os números de reação, examinar o gerenciamento e avaliar problemas com números de lote de medicamentos específicos, otimizando o cuidado mediante ferramentas tecnológicas.

4

Penedo FJ, Oswald LB, Kronenfeld JP, Garcia SF, Cella D, Yanez B, 2020, EUA (19).

Descrever o potencial das intervenções de eSaúde para melhorar os resultados do câncer e destacar as lacunas restantes na literatura publicada, incluindo validade externa.

A busca dos estudos foi na PubMed. A seleção foi estudos que abordassem eSaúde e cuidados com o câncer.

Revisão sistemática da literatura com estudos amostrais.

 

As plataformas de eSaúde facilitam o monitoramento e o gerenciamento de pacientes durante o tratamento ativo do câncer, essa tecnologia fornece o benefício crucial de aumentar o acesso ao tratamento do câncer de forma mais ampla para populações de difícil acesso e desprivilegiadas.

2A

Akhu-Zaheya LM, Khater WA, Lafi AY, 2017, Jordânia (20).

Avaliar a eficácia clínica da pulseira de holograma no manejo de quimioterapia em pacientes adultos com câncer.

175 pacientes oncológicos foram distribuídos aleatoriamente em 3 grupos.

Estudo experimental duplo cego.

O uso das pulseiras de holograma entre pacientes com câncer teve um efeito positivo nos sintomas. Os níveis dos sintomas diminuíram e os escores de atividade da vida diária aumentaram. No entanto, os efeitos variaram entre os tipos de sintomas.

1B

Cheong IY, An SY, Cha WC, Rha MY, Kim ST, Chang DK, et al. 2018, Coreia do Sul (21).

Avaliar a eficácia e a viabilidade de cuidados de saúde móveis abrangentes usando um programa de reabilitação personalizado para pacientes com câncer colorretal submetidos a quimioterapia ativa.

 102 pacientes com câncer colorretal submetidos à quimioterapia.

Estudo descritivo exploratório com abordagem quantitativa.

O aplicativo se mostrou eficaz para melhorar o desempenho físico e aliviar os sintomas relacionados ao câncer e ao tratamento em pacientes com câncer colorretal, mesmo durante a quimioterapia. Este tratamento abrangente do câncer pode ser benéfico para todos os pacientes submetidos a qualquer regime de quimioterapia, independentemente de onde o paciente esteja em seu curso de quimioterapia. Sendo positivo que os profissionais de saúde orientem os pacientes em seu uso.

2B

Fonte: Cardoso e Cruz, 2022.

Em relação às tecnologias abordadas nos artigos, 30% (n=3) destacaram o uso de aplicativos para realizar o cuidado e monitoramento, principalmente dos sintomas, 30% revelaram tecnologias relacionados a procedimentos no cuidado ao paciente oncológico. 20% (n=2) refletiam sobre o uso das diversas tecnologias na oncologia e 20% abordaram sobre o monitoramento digital.

 

DISCUSSÃO

Com os avanços observados nas últimas décadas na terapia intensiva, há uma série de TDICs que foram desenvolvidas para otimizar o cuidado prestado aos pacientes. O uso de sistemas digitais pode fornecer monitoramento de sintomas, treinamento de autogerenciamento e alertas aos enfermeiros oncológicos sobre a deterioração do paciente, sendo uma área emergente de inovação clínica (5).

Observa-se que 30% dos artigos abordavam sobre criação de aplicativos em saúde, este se mostrou importante para o processo de enfermagem como um todo, mas principalmente para as intervenções serem realizadas de forma precisa. Porque os aplicativos permitem aos pacientes uma sensação de confiança, oferecendo um método conveniente de contato com seus profissionais de saúde e a segurança de serem monitorados em seu processo de tratamento, principalmente nos sintomas (12,13,21).

Dos artigos selecionados na revisão, 30% abordam sobre procedimentos, e destes, 1 (10%) aborda sobre a solicitação de quimioterapia via eletrônica. O que permite otimizar a qualidade do tratamento fornecido, desenvolvendo e monitorando a prática oncológica baseada em evidências, e assim padronizar os cuidados de suporte e aumentar a segurança do paciente (24).

Outro artigo relata a criação de quimioterapia personalizada, com o uso de uma plataforma de análise automatizada com leitor inteligente de microplacas, com o objetivo de permitir aos profissionais compor a mistura de princípios ativos ideal para cada paciente. Essa abordagem permite testar novos medicamentos em biópsia humana e encontrar novos ingredientes ativos únicos para cada indivíduo, tornando os efeitos da terapia mais efetivos e com menos danos ao paciente, otimizando a terapêutica do mesmo (16).

Existe um estudo que aborda sobre a eficácia clínica da pulseira de holograma no tratamento de náuseas e vômitos induzidos por quimioterapia entre pacientes adultos com câncer. Foi observado que houve diferença significativa na intensidade dos sintomas nos pacientes que utilizaram a pulseira, mostrando um resultado benéfico aqueles que fizeram uso da mesma (20). Um dos artigos relata como a telemedicina é positiva na área da oncologia, principalmente no cuidado interprofissional, pois melhora a comunicação entre si e com os pacientes, bem como não se limita pelo ambiente físico (17). Uma das revisões analisadas reflete que, a tecnologia permite educação em saúde de forma digital para os pacientes e familiares, psicoterapia, suporte de enfermagem e entrega de programas de reabilitação transcendendo o espaço físico, bem como suas limitações (14).

A enfermagem tem um papel importante na área da oncologia, principalmente no reconhecimento e manejo dos sintomas, sendo estes próprios da doença ou causados pelas terapias antineoplásicas, como a quimioterapia. O enfermeiro oncologista tem a responsabilidade de identificar, intervir, avaliar e monitorar os efeitos dos quimioterápicos causados ao paciente, realizando o processo de enfermagem no cuidado dele, sendo potencializado pelas tecnologias digitais, que otimizam o tempo, melhoram o acesso do paciente aos profissionais bem como a terapêutica fornecida aos mesmos (15,19).

Dessa forma, é possível observar como as TDICs têm influência positiva no cuidado ao paciente oncológico em uso de quimioterapia, bem como a abrangência e variedades de tecnologias disponíveis para uso tanto no preparo e solicitação das medicações quanto no controle dos sintomas provenientes do mesmo.

 

CONCLUSÃO

As tecnologias digitais são importantes para o trabalho do enfermeiro junto à pessoa com câncer em tratamento quimioterápico, podendo se fazer presente em todas as etapas do processo de enfermagem, principalmente no controle dos sintomas provenientes da doença e/ou do tratamento. Seja para alertar o enfermeiro em tempo hábil das necessidades do paciente ou até mesmo para realizar intervenções com o objetivo de minimizá-los. Entretanto, a tecnologia digital não deve substituir as tecnologias leves e leve-duras do cuidado, sendo importante para complementar as mesmas, somando–as aos conhecimentos baseados em evidência.

Ao longo dos anos as tecnologias têm progredido e aperfeiçoado os cuidados, principalmente ao paciente crítico, pode-se notar avanços em diversas áreas do cuidado ao paciente oncológico. Cabe aos profissionais, em especial ao enfermeiro, se adequarem e se atualizarem, junto ao processo de estudo implantado em sua unidade, para, assim, prestar um cuidado de excelência aos pacientes e familiares garantindo uma assistência qualificada.

Diante disso, é possível observar que o paciente adulto em cuidados críticos é beneficiado pela criação e desenvolvimento de tecnologias digitais voltadas para o tratamento quimioterápico. É preciso, no entanto, que toda equipe de enfermagem compreenda a tecnologia utilizada e que a mesma seja direcionada aos problemas do paciente no tempo oportuno. Através da combinação entre esses fatores, o cuidado com o paciente é potencializado e ele tem maior chance de ter seu tempo de internação na unidade de terapia intensiva reduzido, bem como possui menor possibilidade de retornar para a unidade pós-alta.

REFERÊNCIAS

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