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Patient in peritoneal dialysis and the risk of infection – evidenced based nursing practice

Cuidados de enfermagem ao paciente em diálise e hemodiálise para a melhoria da qualidade de vida e prevenção ao risco de infecções prática de enfermagem baseada em evidência

 

Thianna Cândida Lima. Enfermeira. Aluna do Curso de Especialização em Enfermagem em Métodos Dialíticos /Universidade Federal Fluminense (UFF). tclima@yahoo.com.br

Isabel Cruz. Doutora em Enfermagem. Titular da UFF. isabelcruz@uol.com.br

 

Abstract: The present article is constituted in a literature revision on the nursing cares in patients with chronic renal inadequacy submitted to the treatment dialysis, in search of to minimize the infection risks and to promote the improvement the quality of life. In that sense, it was aimed at to identify, through the scientific production among the years of 2003 and 2007, the frequency and the risk factors that predispose to complications in patients with chronic renal inadequacy submitted to the peritoneal dialysis, comparing her to the hemodialysis.

Key-words: Cares of Nursing - Dialysis - Quality of Life

 

Resumo: O presente artigo se constitui em uma revisão de literatura sobre os cuidados de enfermagem em pacientes com insuficiência renal crônica submetidos ao tratamento dialítico, em busca de minimizar os riscos de infecção e promover a melhoria da qualidade de vida. Nesse sentido, objetivou-se identificar, através da produção científica entre os anos de 2003 e 2007, a freqüência e os fatores de risco que predispõem a complicações em pacientes com insuficiência renal crônica submetidos à diálise peritoneal, comparando-a à hemodiálise.

Palavras-chave: Cuidados de Enfermagem – Diálise – Qualidade de Vida

 

Introdução

A oferta de assistência ao paciente portador de insuficiência renal crônica tem por objetivo promover a melhora geral do seu estado de saúde e restabelecimento social, além de evitar possíveis intercorrências, sendo um desafio para os profissionais de enfermagem que atuam nos centros de diálise.

O objetivo desta revisão bibliográfica foi identificar a produção cientifica de enfermagem no período de 2003 a 2007, observando a freqüência e os fatores de risco que predispõem a complicações e diminuição da qualidade de vida dos pacientes com insuficiência renal crônica submetidos à diálise e hemodiálise.

A escolha deste tema justifica-se devido ao alto índice de infecções constatado entre os pacientes que fazem uso da diálise e da piora na qualidade de vida destes, sendo essencial que o profissional de enfermagem conheça os procedimentos necessários para a prevenção do risco destas infecções, além de ser um elemento essencial na ajuda aos pacientes, para que tenham, apesar da doença, uma melhora em sua qualidade de vida. 

Desenvolvimento

Metodologia

Pesquisa bibliográfica computadorizada e manual, no período de 2003 a 2007, utilizando as palavras-chave (cuidados de enfermagem-diálise-qualidade de vida), nas seguintes bases de dados (Lilacs, Medline, Bdenf.). Dos 14 textos identificados, foram selecionados 10 para análise, devido às implicações para uma melhor prática.  

Resultados e Discussão

 

Tabela 1 – Publicações localizadas, segundo o tema Cuidados de enfermagem ao paciente em diálise peritoneal para a melhoria da qualidade de vida e prevenção ao risco de infecções, mencionadas nas bases de dados. Niterói, 2007.

 

Autor(es), Data & País

Objetivo da pesquisa

Tamanho da amostra

Tipo de estudo e instru-mentos

Principais achados

Conclusões do autor(es)

Fava SMCL

Oliveira AA

Vitor EM

Damasceno DD

Libânio SIC1

2006, Brasil.

 

 

 

 

 

 

 

 

Paula DHG

Cruz I2

2004, Brasil.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Zabat E3

2003, EUA

 

Analisar as complicações que ocorrem durante as sessões de hemodiálise e a

assistência de enfermagem prestada a pessoas portadoras de Insuficiência Renal Crônica (IRC).

 

Identificar as intervenções de enfermagem para redução dos índices de infecção relacionado ao cateter venoso central (CVC) para diálise.

 

 

 

Revisar a técnica de diálise peritoneal, suas responsabilidades e problemas mais comuns.

 

125 prontuários de portadores de IRC.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Periódicos sobre o tema nos anos de 1999 a 2003.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

1 paciente.

 

Pesquisa documental transversal pelo método  descritivo.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Levanta-mento bibliográfico.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Estudo exploratório e descritivo

 

Complicações mais comuns: hipertensão

e hipotensão arterial. Quanto à assistência de enfermagem durante o processo desse tratamento, constatou-se que eram priorizadas a monitoração dos sinais vitais, administração de medicamentos e orientações quanto ao peso corporal

 

 

A infecção é uma das principais complicações, podendo levar à morte.

As intervenções de enfermagem para estes clientes devem se concentrar em minimizar a introdução de microorganismos e em aumentar a resistência à infecção.

 

 

A higiene é essencial para a prevenção de infecções, responsáveis por 75% dos casos de peritonite relacionados à diálise peritoneal causados por organismos Gram-positivos.

 

 

A assistência de enfermagem prioriza o  monitoramento dos SD, administração de medicações e orientação quanto ao peso. A assistência prestada  através de aporte emocional, avaliação do nível de consciência e sensibilidade dolorosa, são freqüentes, porém, não são registrados nos prontuários.

 

Para que se possa melhorar a prática profissional, é necessário investir na capacitação profissional; incentivar o uso dos (EPI’S) e dos mecanismos de proteção; além de orientar pacientes e familiares quanto à sua condição.

 

É fundamental a inter-relação entre o profissional de enfermagem e o paciente e família, a fim de dirimir dúvidas e explicar sobre sinais e sintomas de sobrecarga fluida para o cuidador.

 

Tanyi RA

Werner JS4

2003, EUA.

 

 

 

 

 

 

 

 Barbosa DA

Gunji CK

Bittencourt ARC

Belasco  AGS

Diccini S

Vattimo F

et al5

2006, Brasil

 

 

 

 

Examinar os níveis de relações entre ajuste,  bem-estar espiritual, e auto-percepção em mulheres com ESRD.

 

Identificar a co-morbidade e causas de mortalidade dos pacientes em início de diálise e analisar se as variáveis pessoais são fatores de risco para mortalidade.

65 mulheres.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

102 pacientes

 

Estudo descritivo e correlacional

 

 

 

 

 

 

 

Estudo epidemio-lógico descritivo com

delinea-mento de Coorte controlado.

 

 

Os pacientes espiritualizados eram psicossocialmente mais bem ajustados.

 

 

 

 

 

 

A hipertensão e as infecções foram as principais causas

de co-morbidade (58,8%). O sítio mais freqüente de infecção foi a corrente sangüínea em 30 (50%).

 

Não se encontrou relação significante entre espiritualidade e saúde, entretanto, os pacientes com níveis maiores de religiosidade possuíam maior ajuste psicossocial global.

 

 

Infecção mais freqüente:  corrente sangüínea; o sexo:  masculino, a raça: branca; a uremia e as morbidades: hipertensão arterial e infecção, foram as que mais contribuíram para o aumento do risco de mortalidade.

Jablonski A6

2007, EUA.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 Pacheco GS

Santos I

Bregman R7

2006, Brasil

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Thomas N8

2004, EUA.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Documentar o nível de alívio dos sintomas que os pacientes em fase de doença renal tratados através da hemodiálise.

 

 

 

 

 

 

 

 

Identificar características sociais e epidemiológicas dos clientes com DRC em

tratamento conservador destacando a importância da abordagem educativa.

 

Descrever os principais desafios enfrentados por profissionais que trabalham em centros de diálise e transplante, promovendo avanços no cuidado ao paciente renal, através de pesquisas e desenvolvimento profissional.

 

 

130 pacientes.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

51 clientes.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

5.000 profissionais de centros de diálise.

 

Estudo descritivo e exploratório.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Método descritivo e

quantitativo, mediante pesquisa epidemio-lógica

e análise documental.

 

 

 

 

Estudo descritivo com aborda-gem qualitativa

 

A qualidade de vida e os sintomas não são efetiva e satisfatoriamente aliviados nos pacientes.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A maioria dos pacientes era constituído por mulheres, brancos, acima de 60 anos, baixa escolaridade e renda familiar, com

hipertensão arterial e situados no estágio 4 da DRC.

 

 

 

Os principais desafios a serem enfrentados pelos profissionais de enfermagem que atuam junto ao paciente renal são, primeiramente o aumento contínuo dos pacientes que necessitam de diálise e do aumento de pacientes dependentes com co-morbidades.

 

Acesso dos pacientes  a todos os métodos para aliviar o sofrimento físico, psicológico, e espiritual 

associado com a doença, em acordo com as recomendações do RWJF ESRD Workgroup, que defende a incorporação de cuidados paliativos nas rotinas da prática   de nefrologia, que oferece  esperança aos pacientes na manutenção da QV.

 

Na ocorrência da DRC interferem determinantes socioeconômicos, o que reforça a importância de abordagem educativa aos clientes, visando o autocuidado.

 

 

 

 

 

 

É de extrema importância o acesso fácil e contínuo à atualização profissional dos profissionais que atuam junto aos pacientes renais.

Silva HG

Silva MJ9

2003, Brasil.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Martins RI

Cesarino CB10

2005, Brasil

 

 

 

 

Estudar a eleição pela DPAC e os sentimentos com relação a esta escolha pelos clientes.

 

 

 

 

 

Avaliar a qualidade de vida de pessoas em tratamento de hemodiálise

(HD) e identificar as atividades cotidianas que podem comprometer sua qualidade de vida.

25 pacientes

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

125 pessoas com IRC em tratamento de HD.

 

Estudo explorató-rio

descritivo com análise de dados

 

 

 

 

 

 

 

Estudo descritivo, do tipo

Transversal e com abordagem quantitativa.

Esta opção

terapêutica geralmente é decorrente do desgaste físico,

principalmente por ausência de acesso vascular.

 

 

 

 

Os resultados evidenciaram

prejuízo na qualidade de vida, demonstrando menores escores nos domínios dos aspectos físicos, emocionais

e vitalidade.

Necessidade da

divulgação dos tipos de métodos dialíticos e suas

Vantagens. Atuação da(o) enfermeira(o) como  educador e facilitador da adaptação do cliente.

Conscientização do cliente sobre o autocuidado. Importância do apoio familiar ao cliente.

 

Verificou-se correlação negativa entre tempo de HD e componente físico.

Identificou-se que as atividades

corporais e recreativas mostraram maiores

percentuais de comprometimento, tanto na amostra global quanto na estratificada por

Sexo.

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: UFF – Especialização Enfermagem em Métodos Dialíticos.

 

Avaliação crítica dos artigos selecionados e implicações para a prática de enfermagem para o cliente de alta complexidade

 

O tratamento da insuficiência renal crônica (IRC) é realizado através da terapia renal substitutiva, por meio da diálise peritoneal, hemodiálise e transplante renal. Entretanto, apesar dos avanços tecnológicos e maior conhecimento destas terapias, os pacientes ainda podem apresentar complicações durante e após o tratamento1.

O texto ressalta que, devido as intercorrências e complicações, os pacientes em tratamento dialítico podem apresentar uma taxa de mortalidade 3,5 vezes maior do que na população geral. Desta forma, cabe ao enfermeiro realizar as funções administrativas, assistenciais, educativas e de pesquisa. Dentre as funções assistenciais destaca-se: orientar pacientes renais e seus familiares quanto ao autocuidado e tratamento dialítico; assistir o paciente em tratamento dialítico mediante elaboração do processo de enfermagem; prevenir, identificar e tratar complicações intradialíticas em conjunto com a equipe médica; estabelecer normas e rotinas para prevenção e controle de infecções hospitalares na unidade de diálise, entre outras inúmeras funções.

O estudo é bastante relevante, pois destaca as principais complicações da diálise, de forma objetiva, demonstrando a importância da enfermagem na minimização de tais casos, evitando muitas complicações ao fazer o diagnóstico precoce das intercorrências.

Devido à complexidade dos pacientes em diálise, a infecção se torna uma das principais complicações, podendo levá-los à morte. Desta forma, as intervenções de enfermagem para estes clientes concentram-se em minimizar a introdução de microorganismos e em aumentar a resistência à infecção, sendo o enfermeiro o profissional responsável pela prevenção e controle de infecções relacionadas ao CVC.2

O estudo faz uma revisão bibliográfica dos riscos de infecção no tratamento dialítico em cateter venoso, discorrendo de forma clara e relevante sobre o assunto, com informações essenciais ao profissional de enfermagem que atua em diálise, pois os riscos de infecção são bastante altos.

A partir da bibliografia pesquisada, o estudo sugere, em busca de melhor qualidade na prática profissional, que se invista na capacitação profissional; que se incentive o uso dos equipamentos de proteção individual (EPI’S) e dos mecanismos de proteção; e que se oriente pacientes e familiares quanto à sua condição.

As intervenções de enfermagem em um centro de diálise devem ser capazes de prevenir problemas e monitorar o paciente atentamente. Suas prioridades devem incluir a monitoração do paciente, mantendo uma técnica asséptica rígida.3 

Os pacientes em diálise peritoneal possuem seu sistema imunológico debilitado, possuindo maior risco de peritonite, especialmente aquelas causadas por bactérias endógenas. O portal principal de entrada para estes organismos é pelo cateter lúmen ou seu local de saída, o que justifica a importância da técnica da diálise peritoneal ser meticulosa e os cuidados com o local de saída do cateter. Segundo o estudo, aproximadamente 75% dos casos de peritonite relacionados à diálise peritoneal são causados por organismos Gram-positivos.

O estudo explicita detalhadamente os procedimentos necessários à diálise peritoneal, destacando a importância da higiene, crucial para prevenir infecção, aconselhando o uso de técnica asséptica rígida. Também é enfatizada a importância da inter-relação entre o profissional de enfermagem e o paciente e família, reconhecendo a experiência destes com o procedimento, respondendo a todas as duvidas que possam ter, além de explicações sobre sinais e sintomas de sobrecarga fluida para o cuidador.

O progresso de pessoas que iniciaram hemodiálise e diálise peritoneal, após 1(um) ano de tratamento, demonstra ser difícil explicitar qual modalidade oferece melhor qualidade de vida, mas afirmando que as duas melhoraram a saúde e bem-estar geral destes pacientes.4

Segundo o estudo, existem vantagens e desvantagens distintas em cada uma das duas modalidades, que deveriam ser exploradas com os pacientes para uma melhor escolha. Para tanto, o profissional deve ser tão explícito quanto possível, descrevendo intercâmbios específicos e buscando as preferências individuais para estes aspectos de qualidade de vida.

A importância de tal estudo consiste em demonstrar que a escolha da modalidade de tratamento deve ser feita individualmente, levando em conta as preferências de cada indivíduo sobre diferentes aspectos e prioridades que consideram mais importantes, permitindo, assim, uma melhor qualidade de vida, pois, a hemodiálise ou a diálise peritoneal mantém o estado geral de saúde satisfatório.

Durante o tratamento dialítico, a co-morbidade dos pacientes é elevada e está relacionada, entre outros motivos, à suscetibilidade à infecção, sendo 10 a 20 vezes maior que a da população geral. Estudo realizado em Sorocaba/SP mostrou que as causas de óbito de pacientes com IRC estão relacionadas principalmente às infecções.  Dentre estes, o sítio mais freqüente foi a corrente sangüínea, geralmente relacionada ao cateter venoso central.5

Diversos fatores têm sido responsáveis pela elevada incidência de infecção em pacientes em diálise. Estes fatores estão associados ao processo dialítico, principalmente à obtenção de acesso vascular e peritoneal, às múltiplas transfusões e as más condições de higiene dos pacientes, além da imunossupressão associada à uremia.

A relevância do estudo está em seus dados, indicando a necessidade de educação continuada para os profissionais da área de saúde quanto à prevenção de infecções, tendo em vista a resposta imunológica deprimida pela própria doença. Se esta prática for adotada, deverá ocorrer a redução da morbi-mortalidade que acomete esta população de pacientes.

Os pacientes deveriam ter acesso ao conhecimento de todos os métodos dialíticos disponíveis para aliviar o sofrimento físico, psicológico e espiritual associados com a doença, em acordo com as recomendações do RWJF ESRD Workgroup, que defende a incorporação de cuidados paliativos nas rotinas da prática de nefrologia, oferecendo  esperança aos pacientes na manutenção da qualidade de vida.6

É de extrema importância a participação ativa do paciente em seu processo de recuperação e adaptação aos problemas ocasionados por esta patologia, dessa forma, a educação para o autocuidado é essencial, devendo ser rotina da equipe que atua junto a esses pacientes, durante o tratamento conservador.7

Mundialmente, a doença renal crônica (DRC) tornou-se um dos problemas de saúde pública por suas crescentes taxas de prevalência, ocorrendo, inclusive no Brasil, uma elevação significativa de clientes mantidos em programa de diálise.

Estudo realizado em 2005 constatou que o perfil de clientes atendidos se constitui, em sua maioria, por mulheres, brancos, acima de 60 anos, baixa escolaridade e renda familiar, com hipertensão arterial e situados no estágio 4 da DRC, ressaltando a relação de determinantes socioeconômicos na ocorrência da DRC, o que reforça a importância de abordagem educativa aos clientes, visando o autocuidado

Os principais desafios enfrentados por profissionais que trabalham em centros de diálise e transplante na Europa, promovendo avanços no cuidado ao paciente renal, através de pesquisas e desenvolvimento profissional, demonstrando que os problemas são semelhantes em outros paises.

O ponto de partida do texto é a Associação Européia de Diálise e Transplante/Associação Européia de Cuidado Renal (EDTN/ERCA), com profissionais europeus e de outras partes do mundo, voltados a pesquisa de produtos e serviços, além de iniciativas educacionais, segundo a necessidade de seus sócios.8

O estudo conclui que os principais desafios a serem enfrentados pelos profissionais de enfermagem que atuam junto ao paciente renal são, primeiramente o aumento contínuo dos pacientes que necessitam de diálise e do aumento de pacientes dependentes com comorbidades. Ressaltam também a importância de acesso fácil e contínuo à atualização profissional, propiciados pela instituição.

Dentre as modalidades de tratamento para a insuficiência renal, a diálise peritoneal possibilita maior independência e liberdade ao cliente, tornando-o instrumento indispensável para o seu autocuidado e a melhora da qualidade de vida.9

O estudo ressalta que, apesar de suas vantagens, ainda não é o de primeira opção, sendo ainda pequena a participação da enfermagem neste processo, mas tem um papel importante no acompanhamento ambulatorial e domiciliar deste cliente, necessitando maior formação específica. Para tanto, necessita participar mais efetivamente junto aos clientes, orientando-os e esclarecendo-os constantemente, não assumindo unicamente o papel assistencial, mas participando da avaliação inicial do paciente e da decisão sobre a terapia dialítica, em parceria com o médico.

Para os autores, a enfermeira necessita ter, além da fundamentação científica e da competência técnica, conhecimentos dos aspectos que levam em consideração os sentimentos e as necessidades dos pacientes. Assim, o papel da enfermeira é destacado como de grande colaboração na tentativa de ajudar o paciente renal crônico a adaptar-se ao novo estilo de vida.

Os avanços tecnológicos e terapêuticos na área de diálise contribuíram para o aumento da sobrevida dos renais crônicos, sem, no entanto, possibilitar-lhes o retorno à vida em relação aos aspectos qualitativos. Esses pacientes, que dependem de tecnologia avançada para sobreviver, apresentam limitações no seu cotidiano e vivenciam inúmeras perdas e mudanças biopsicossociais que interferem na sua qualidade de vida.10

Neste estudo constatou-se prejuízo da qualidade de vida das pessoas com doença renal crônica, que apresentaram menores escores nos domínios dos aspectos físicos, emocionais e vitalidade.

Este estudo oferece subsídios para que o enfermeiro perceba a necessidade de avaliar a qualidade de vida das pessoas com doença renal crônica e as atividades cotidianas, que são comprometidas com o tempo, para promover transformações condizentes com a realidade e prevenir o comprometimento dessas atividades. 

Conclusão 

Através da análise dos artigos, foi possível verificar a importância do profissional de enfermagem na prevenção ao risco de infecções aos pacientes em diálise peritoneal, através de cuidados básicos em relação a estes, além de ser essencial no repasse de informações ao paciente e familiares, evitando, com isso, diversas intercorrências ao longo do tratamento.

Desta forma, é necessário que o profissional de enfermagem se familiarize com as metodologias de melhoria da qualidade e as incorpore em suas atividades diárias, para a obtenção dos melhores resultados possíveis em suas intervenções.

Para que tal aconteça, alguns objetivos devem ser alcançados, como uma melhor qualificação dos profissionais de enfermagem, através de capacitações contínuas sobre novas tecnologias, em busca do tratamento que melhor se adapte a cada caso, proporcionando melhor qualidade de vida e menos riscos de comorbidades e mortalidade aos pacientes renais submetidos à diálise.

O enfermeiro que atua em um centro de diálise, deve atuar também como um educador, esclarecendo, de forma objetiva, as dúvidas do doente e dos cuidadores, oferecendo um tratamento humanizado a estas pessoas, com vistas a uma melhor qualidade de vida destes. Uma orientação clara e precisa sobre os procedimentos e cuidados básicos pode representar uma diminuição considerável dos riscos de infecção nestes pacientes.

Por fim, o enfermeiro e sua equipe de saúde devem perceber a necessidade de avaliar a qualidade de vida dos pacientes e as atividades que são comprometidas com o tempo, a fim de promover transformações condizentes com a realidade e prevenir o comprometimento dessas atividades cotidianas.

O presente estudo pode servir de suporte a todos os profissionais de enfermagem que atuam em centros de diálise, fornecendo subsídios a um atendimento mais próximo do doente, de forma educativa e esclarecedora, sobre os procedimentos básicos na prevenção ao risco de infecções e melhoria da qualidade de vida. 

Referências Bibliográficas 

1. Fava SMCL, Oliveira AA, Vitor EM, Damasceno DD, Libânio SIC. Complicações mais freqüentes relacionadas aos pacientes em tratamento dialítico. Rev Min Enf abr/jun 2006; 10(2): 145-50. 

2. Paula DHG, Cruz I. Literature review on risk of infection in intravenous catheter related to the dialysis treatment. Online Braz J Nurs 2004 3(1). Disponível em: www.uff.br/nepae/objn301paula.htm. Acesso em: 2007 June 25. 

3. Zabat E. When your patient needs peritoneal dialysis. Nurs 2003 Aug; 33(8): 52-4. 

4. Tanyi RA, Werner JS. Adjustment, spirituality, and health in women on hemodialysis. Clin Nurs Research 2003 Aug; 12(3): 229-45. 

5. Barbosa DA, Gunji CK, Bittencourt ARC, Belasco  AGS, Diccini S, Vattimo F et al. Co-morbidade e mortalidade de pacientes em início de diálise. Acta Paul Enferm 2006 jul; 19(3): 304-09. 

6. Jablonski A. Level of symptom relief and the need for palliative care in the hemodialysis population. J Hosp Palliat Nurs 2007  Jan/Feb; 9(1): 50-8. 

7. Pacheco GS, Santos I, Bregman R.  Características de clientes com doença renal crônica: evidências para o ensino do autocuidado. R Enferm UERJ, Rio de Janeiro, 2006 jul/set; 14(3): 434-9. 

8. Thomas N. Renal nursing research, evidence-based practice and education - A European perspective. Nurs T Research 2004; 9: 334-45. 

9. Silva HG, Silva MJ. Motivações do paciente renal para a escolha a diálise peritoneal ambulatorial contínua. Rev Eletr Enferm 2003 jan/jun; 5(1): 10-4. 

10. Martins RI, Cesarino CB. Qualidade de vida de pessoas com doença renal crônica em tratamento hemodialítico. Rev Latino-am Enferm 2005 set/out; 13(5): 670-6. 

Leituras Adicionais 

Abrahão SS. Determinantes de falhas da diálise peritoneal no domicílio de crianças e adolescentes assistidos pelo Hospital das Clínicas da UFMG. Dissertação (Mestrado em Ciências da Saúde). Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte; 2006. 

Figueiredo A. Diálise peritoneal ambulatorial contínua: manual de orientação. Porto Alegre: Fotoletras; 1999. 

Silva MJP. Aprendizagem da comunicação não verbal. In: Comunicação tem remédio: a comunicação nas relações interpessoais em saúde. 2 ed. São Paulo: Gente,; 1996.

 





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