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Nursing assistance to patient with heart diseases during cardiac surgery- evidenced based nursing practice

Assistência de Enfermagem frente ao cliente cardiopata em perioperatório de cirurgia cardíaca- prática de enfermagem baseada em evidência

Nichola de Oliveira. Enfermeiro. Aluno do curso de Especialização em Enfermagem em Cuidados Intensivos com ênfase em Cardiologia da UFF. nicholaoliveira@hotmail.com Isabel Cruz. Doutora em Enfermagem. Titular da UFF. isabelcruz@uol.com.br

 

Abstract: This review was written according scientific articles of nursing practical based on evidences according to the theme: patientswith heart diseases in the pre-operatory room for cardiac surgery. Sistematic Literature Review, that was realized between September of 2007 and December of 2008. de It has been observed that it is indispensable to evaluate the patient in all the phases of the surgery cycle for the diagnosis closure of Nursing and the assistance of the Nurse assistant. It has also been observed that being the Coronary Unit a sector of high complexity built with high technology machines, it may become a cold and threatening environment for the patient, who ends up needing a humanized assistance free from the environmental and physical factors that can affect who is in it. The assistance with all health team as also been identified as one of the most important roles for the patient suffering from a cardiac pathology in need of a surgical intervention, to recover.

Key-words: perioperative, cardiac surgery, nursing assistance.

Resumo: Esta revisão bibliográfica, teve seus dados colhidos em bases cientificas on line, e possui como  objetivo  identificar a prática do enfermeiro baseada em evidência frente ao cliente cardiopata em perioperatório de cirurgia cardíaca. Pesquisa bibliográfica computadorizada, realizada no período de setembro 2007 a dezembro de 2008, onde foram selecionadas estudos dos últimos cinco anos devido à necessidade de dados mais recentes e atualizados. Observou-se que há a necessidade de avaliar o cliente em todas as fases do ciclo operatório para o fechamento do diagnóstico de Enfermagem e a operacionalização da assistência de Enfermagem. Observou-se ainda que a Unidade Coronariana por ser um setor de alta complexidade com presença de alta tecnologia pode se tornar um ambiente frio e ameaçador para o cliente. Dessa forma existe a necessidade de uma assistência humanizada e multiprofissional livre de fatores ambientais e físicos que possam agredir o cliente que nele está inserido.

Palavras-chave: perioperatório, cirurgia cardíaca, assistência de enfermagem

 

Introdução

            A modernidade cotidiana e a comodidade nas realizações de tarefas trazem juntamente com as mudanças econômicas, sociais e os avanços tecnológicos, uma mudança no estilo de vida das pessoas, tarefas que antes demandavam muito esforço físico – por exemplo – hoje são realizadas por todo um aparato tecnológico. As facilidades do mundo moderno em solucionar problemas também criaram outros desafios a serem vencidos.

Os maus hábitos de vida como inatividade física, o uso de tabaco e bebidas alcoólicas e má alimentação são condições que favorecem o aparecimento de doenças como as cardíacas que hoje deixou de ser uma doença elitizada, acometendo qualquer tipo de pessoa independente de classe social, raça, ou credo.

             As doenças cardíacas são a 1ª causa de morte no nosso país e algumas destas podem levar os pacientes a intervenções cirúrgicas o que acarreta em internações em centros de tratamento intensivo aumentando o grau de ansiedade do cliente e de seus familiares (1).

            Existe um aumento considerável nos últimos anos de clientes que apresentam algum tipo de patologia cardíaca cujo principal tratamento é a intervenção cirúrgica fato este devido aos avanços tecnológicos nesta área (2).

O enfermeiro que presta assistência a clientes que necessitam de intervenção cirúrgica deve possuir algumas habilidades como estabilidade emocional, capacidade de trabalhar em equipe, bom relacionamento interpessoal, capacidade técnica para uma boa assistência a beira do leito e ainda saber tratar o cliente assim como aos seus familiares de forma humanizada.

Portanto, faz-se necessário o estudo referente a enfermagem que atua nesta área, pois a presença de profissionais capacitados tanto tecnicamente como capazes de cuidar do outro de forma holística, humanizada e embasada cientificamente é necessário para o sucesso da cirurgia, uma vez que esta clientela necessita de cuidados pré, trans e pós - operatórios muito específicos. A quebra de rotina, o contato com pessoas estranhas e a perda da individualidade em uma unidade hospitalar representam grande carga de estresse para o cliente pré-cirúrgico (3). O cuidados pré-operatórios devem incluir medidas de orientação, que garantirão ao cliente conhecimento a cerca da terapêutica implementada, e conseqüente melhora nos níveis de estresse pré ato cirúrgico, o que garante melhores condições fisiológicas ao ato cirúrgico. Durante o período cirúrgico, em que a circulação sanguínea e a respiração estão sendo mantidas artificialmente, a fisiologia orgânica deve ser monitorada e ajustada para ficar dentro dos mais estritos parâmetros da normalidade. A resposta do organismo no pós cirúrgico também é complexa e multifatorial. As alterações induzidas pela circulação extracorpórea e agressões durante o ato cirúrgico são de natureza hemodinâmica, física e química (4). Devendo o enfermeiro estar atento ao desenvolvimento de um olhar critico as alterações precoces que este cliente apresente a fim de sistematizar ações de cuidado efetivas e especificas ao cliente no Peri – operatório cardíaco, uma vez que a organização do conhecimento permite a instrumentalização deste profissional na construção deste cuidado especializado.

 O objetivo principal desse trabalho é identificar na produção científica baseada em evidências, subsídios científicos ao cuidado do profissional enfermeiro frente ao cliente cardiopata em pré, trans e pós-operatório de cirurgia cardíaca.

A construção da análise será realizada observando-se também os fatores facilitadores e dificultadores dessa assistência e ainda a importância de um trabalho multiprofissional e humanizado.

            O presente estudo pretende trazer para o corpo de enfermagem um conhecimento mais solidificado, a partir critica dos artigos, a cerca do cuidado ao paciente em cirurgia cardíaca, visando maior acertividade na assistência prestada. Dessa maneira, espera-se demonstrar os mais elevados níveis de evidência para uma assistência adequada ao cliente que se encontra em qualquer uma das fases da cirurgia cardíaca.

 

Desenvolvimento:

 

Metodologia - A metodologia utilizada foi de revisão bibliográfica computadorizada, através de artigos eletrônicos, utilizando as bases de dados: Bireme, Lilacs, Scielo e Cochane acessadas de setembro de 2007 até dezembro de 2008. Para maior entendimento do tema, foram utilizados também artigos de periódicos nacionais e estrangeiros como Revista Latino Americana de Enfermagem, Enfermagem Atual, Nursing e Revista da Escola de Enfermagem da USP. Livros e base de dados do SUS também foram consultados. Os artigos e periódicos se encontram em inglês e português e as publicações selecionadas para análise são as dos últimos cinco anos, a fim de selecionar dados mais atualizados a cerca da temática proposta. Foram identificados quinze artigos, destes dez nacionais e cinco internacionais, sendo selecionados sete artigos nacionais e três internacionais devido às implicações para uma melhor prática,e a coerência com o objetivo proposto. As palavras chave utilizadas na busca dos artigos foram: Cirurgia Cardíaca, Planejamento de assistência ao paciente; Processos de enfermagem e cuidado intensivo. 

            Do material selecionado foi realizada leitura detalhada de cada texto a fim de atender os objetivos propostos pelo estudo, sendo elaboradas as seguintes categorias temáticas: Assistência de Enfermagem prestada mediante o diagnóstico de Enfermagem encontrado durante o perioperatório de cirurgia cardíaca; A humanização e a Unidade Intensiva e Intervenções multiprofissionais aplicadas a clientes em perioperatório de cirurgia cardíaca.          Uma tabela foi construída para melhor disposição dos dados obtidos para posterior análise.

 

Resultados e Discussão

Tabela 1 – Publicações selecionadas, segundo o tema: Assistência de Enfermagem frente ao cliente cardiopata em perioperatório de cirurgia cardíaca.Localizados em: Bireme,Scielo , Lilacs e Cochane . Niterói, 2008.

 

Autor(es), Data

& País

 

Objetivo da

Pesquisa

 

Tamanho da

amostra

 

Tipo do estudo

& instrumentos

 

Principais achados

 

Conclusões do

autor(es)

 

Galdeano 5 LE, Rossi LA, Santos CB, Dantas RAS. 2006  Brasil

 

Identificar os diagnósticos de Enfermagem presentes em pacientes durante o período perioperatório de cirurgia cardíaca

 

17 clientes

 

Estudo qualitativo,

Aplicação de questionário baseado nas necessidades humanas de Wanda Horta e classificação de Mohana

 

Os diagnósticos mais evidentes foram, no período pré-operatório: intolerância a atividade física, risco para infecção e distúrbio no padrão do sono. No transoperatório: risco para infecção, risco para desequilíbrio no volume de líquidos, risco para aspiração, proteção alterada, integridade da pele prejudicada. No pós-operatório os: mobilidade física prejudicada, risco para infecção, risco para disfunção neurovascular periférica, risco para aspiração, integridade da pele prejudicada e dor

 

 

A partir da determinação dos diagnósticos de Enfermagem é possível prestar intervenções de qualidade aos clientes submetidos à cirurgia cardíaca

 

Barbosa 6 PMK, Pontelli LRO, Maurício MM, Nunes RCA, 2003, Abril, Brasil

 

Demonstrar ações de Enfermagem frente a diminuição do débito cardíaco

 

Revisão Bibliográfica

 

Revisão Bibliográfica

 

A diminuição do débito cardíaco é um dos principais achados em uma Unidade de perioperatório de cirurgia cardíaca

 

Que esse tipo de estudo traz maiores subsídios para a assistência de Enfermagem

 

Bellvomini7 ASB, Tanaka LH 2003, Outubro, Brasil

 

Conhecer a percepção da Equipe de Enfermagem frente ao cliente em pré-peratório cardíaco

 

3 Enfermeiros

5 Auxiliares de Enfermagem

 

Pesquisa qualitativa

Entrevista utilizando-se um roteiro e posterior avaliação do conteúdo

 

 

A ansiedade  é o sentimento mais evidente nos clientes.A atuação da equipe de Enfermagem varia de acordo com valores e percepção atuando com diálogos, atenção e carinho

 

Através da diminuição da ansiedade o cliente se mostra mais confiante para a cirurgia.

 

 Paiva 8 BSR, Marsicano EO, Suassuna NMSF, 2007, Agosto, Brasil.

 

Verificar a realização do Exame Físico por parte dos Enfermeiros  na realização da Sistematização da Assistência de Enfermagem em clientes internados em Unidades Complexas

 

 

3 Enfermeiros

 

Estudo transversal, descritivo de natureza exploratória.

Formulário composto pela caracterização dos sujeitos e questões fechadas

 

Há uma baixa prevalência de Enfermeiros que realizam o Exame Físico embora o façam em clientes cardiopatas. Contudo mesmo nesses pacientes não realizam ausculta cardíaca e respiratória

 

Os profissionais não realizam o Exame Físico por falta de conhecimento específico suficiente, sendo, tais registros do Enfermeiro  escassos e incompletos.

 

 

Assis CC, 9 Barros ALBL,  Ganzarolli  MZ, 2007, Setembro, Brasil.

 

Avaliar ao resultados após intervenções de Enfermagem fadiga em portadores de doenças cardíacas.

 

30 pacientes

 

Estudo quase experimental, transversal

Foi utilizado um instrumento de coleta de dados composto por intervenções e cuidados de Enfermagem.

 

 

O principal diagnóstico de Enfermagem encontrado foi fadiga e as intervenções de Enfermagem utilizadas atingiram satisfatoriamente os resultados esperados.

 

Ao sistematizar a assistência de enfermagem, alcançamos resultados favoráveis em suas evidências clínicas.

 

Béltran, 10 SO

2008, Espanha.

 

Descobrir o significado dos pacientes criticamente enfermos em relação a experiência se serem dependentes dos Enfermeiros para satisfação de suas necessidades

 

9 pacientes

 

Estudo Fenomenológico. Entrevista.

 

A incapacidade de satisfazer suas próprias necessidades e de não poder tomar decisões contribuem para o padecimento na Enfermidade

 

Que os Enfermeiros não devem assumir todos os cuidados de uma forma geral. É necessário antes observar e identificar as necessidades de cada um dos clientes

 

 

Randuz V,12 Gasperi P. 2006, Fevereiro, Brasil

 

Demonstrar o papel do Enfermeiro na Unidade Coronariana

 

Revisão Bibliográfica

 

Revisão Bibliográfica

 

A atuação do Enfermeiro em uma Unidade coronariana é complexa já que o mesmo precisa ser um Educador em Saúde possuir conhecimento técnico científico apurado e saber tratar o paciente e sua família de forma humanizada

 

O  Enfermeiro que atua em Unidade Coronariana precisa estar preparado para lidar com situações de alegria e tristeza e entender que a boa recuperação e o sucesso de uma cirurgia cardíaca também do tipo de cuidado de Enfermagem dispensado a este cliente

 

 

Barbosa11 PMK, Fucuta RS, Santos CA 2005

 Brasil

 

 Identificar as necessidades de orientação aos visitantes de pacientes internados na Unidade de Terapia Intensiva

 

50 visitantes

 

Estudo descritivo, exploratório, de campo, transversal, com abordagem quantitativa com análise estatística

 

Os Enfermeiros devem ser capacitados para transmitir informações voltadas para a UTI, principalmente relacionada a tecnologia utilizada e ainda relacionadas ao estado do cliente

 

É necessário que a equipe multiprofissional  oriente melhor  os familiares para diminuir seu sofrimento e  angústia.

Borghi S13

2005

Brasil

Avaliar os efeitos da pressão positiva expiratória final e da intervenção fisioterápica na fase I da reabilitação cardiovascular sobre o comportamento da função pulmonar e da força muscular inspiratória e sobre o pós-operatório de cirurgia cardíaca

24 pacientes

Estudo prospectivo, randomizado

As variáveis espirométricas mostraram reduções significativas do pré para o 5º dia pós-operatório

a cirurgia cardíaca produz reduções da força muscular inspiratória, dos volumes e fluxos pulmonares e que a pressão positiva associada à intervenção fisioterápica foi mais eficiente em minimizar essas alterações do que quando a fisioterapia foi realizada de forma isolada. Entretanto, os volumes pulmo nares não foram completamente restabelecidos até o 5º dia pós-operatório.

 

Hawkes CA, 14 Dhileepan S, Foxcroft D

2007

Inglaterra

 

Avaliar os efeitos da extubação precoce após a cirurgia cardíaca.

 

Revisão de Literatura

Revisão de Literatura

Não houve evidências de diferença entre os pacientes extubados precocemente ou no tempo convencional.

Os estudos não tinham poder estatístico suficiente e foram desenhados para mostrar diferenças entre os grupos, não para demonstrar equivalência de tratamentos. Sugestão para estudos futuros: estabelecer a segurança e a eficácia da extubação imediata em relação à extubação precoce;

 

Fonte: UFF – Especialização Enfermagem  Em Cuidados Intensivos Com Ênfase Em Cardiologia

 

 Avaliação crítica dos artigos selecionados e implicações para a prática de enfermagem para o cliente de alta complexidade

Assistência de Enfermagem prestada mediante o diagnóstico de Enfermagem encontrado durante o peri-operatório de cirurgia cardíaca.

A assistência de enfermagem prestada a clientes que estejam em peri-operatório de cirurgia cardíaca deve estar embasada no diagnóstico de Enfermagem apresentado pelo cliente, pois assim é possível prestar uma assistência individualizada. Para isso, é necessário conhecer o cliente através da anamnese e do exame físico. Mediante a identificação dos diagnósticos de enfermagem de pacientes no período pré-operatório de cirurgia cardíaca, pretende-se auxiliar os enfermeiros na elaboração de intervenções fundamentadas e adequadas às necessidades individuais de cada paciente, colaborando para a implementação de ações rápidas e eficazes para a resolução dos problemas identificados (5).

O enfermeiro, muitas vezes, deixa de realizar o exame físico por várias razões como desconhecimento científico, falta de tempo e até mesmo por achar que não é necessário chegar a um diagnóstico preciso para prestar uma assistência adequada o que pode acarretar em não identificação dos problemas e com isso a não realização de cuidados necessários. Por exemplo, diminuição do débito cardíaco é um dos principais achados em uma Unidade de peri-operatório de cirurgia cardíaca (6) e estar atento à este achado é fundamental ao enfermeiro desta unidade. 

            Identificar sintomas subjetivos relacionados ao medo e ansiedade pela cirurgia ou resultado desta também é viável, já que através desses sintomas pode haver alterações fisiológicas que podem até mesmo impedir ou agravar o ato cirúrgico. A ansiedade diante da cirurgia é o sentimento mais evidente nos clientes e a atuação da equipe de Enfermagem varia de acordo com valores e percepção atuando com diálogos, atenção e carinho (7). A diminuição deste achado subjetivo fará com que o cliente mostre-se mais confiante para a cirurgia.

Há um quantitativo pequeno de enfermeiros que realizam o exame físico (8). Portanto o enfermeiro deve estar atento a essas situações para intervir adequadamente evitando assim um maior desgaste por parte do paciente e dos profissionais que o assistem.

Como diagnósticos de enfermagem freqüentemente encontrados no pré-operatório, por exemplo: Intolerância à atividade. No trans-operatório, por exemplo: Risco para infecção. No pós-operatório imediato, exemplo: Risco para disfunção neurovascular periférica(5). Ao reconhecer tais diagnósticos é possível planejar a assistência de enfermagem de forma mais efetiva. Reduzindo as atividades deste cliente, atentando para medidas básicas de prevenção às infecções e ás atividades de orientação ao cuidado para a plena reabilitação deste cliente. Ao sistematizar a assistência de enfermagem, alcançamos resultados favoráveis em suas evidências clínicas (9).

 

A Humanização e o ambiente da Unidade Intensiva

      O enfermeiro que atua em unidade intensiva de qualquer natureza, seja ela geral ou especializada, como as unidades coronarianas, deve possuir além do conhecimento técnico científico - necessário ao cuidado do cliente portador de patologias cirúrgicas - o capacidade de atender a este cliente e a sua família de forma humanizada para que esta estadia seja o menos traumática possível e a recuperação adequada. O trabalho do enfermeiro em uma unidade coronariana é muito amplo e complexo. A enfermagem moderna tem buscado a criação de um corpo próprio de conhecimento, conferindo à profissão um padrão científico de ação (10), uma vez que os clientes encontrados nesse tipo de unidade necessitam de uma assistência global, ou seja, deve ser visto tanto pelos aspectos físicos quanto psicológicos.

       A família também é um fator importante nesse contexto e nesse momento necessita também da assistência de enfermagem. Durante o atendimento aos pacientes em estado crítico na unidade de terapia intensiva, é possível identificar que os profissionais que atuam neste setor, não estão preocupados com o processo de humanização junto aos familiares (11) o que torna evidente a necessidade de melhor atuação junto aos familiares por parte da equipe multiprofissional objetivando minimizar o sofrimento e angústia dos visitantes, uma vez que o processo de saúde e doença do cliente encontra-se diretamente relacionado e atingido também por aspectos subjetivos da rede social na qual está inserido.

       O cliente que se encontra em qualquer uma das etapas de uma cirurgia cardíaca necessita de uma avaliação de enfermagem contínua e ininterrupta para que o sucesso do procedimento seja alcançado, pois ele se encontra nesse momento desamparado, assustado e amedrontado. Sua capacidade decisória e de atuação encontra – se dependente de outras pessoas e isso acentua a sensação de que estar doente é perder o direito de exercer sua autonomia (12), o apoio do profissional enfermeiro que o acompanha é essencial. O enfermeiro não deve assumir o sofrimento do paciente de maneira paternalista, afastando – o cada vez mais do processo decisório, mas envolve-lo de forma consciente e informada – dentro das limitações de cada um – do processo saúde – doença que o paciente vivencia.   

Por ser um setor de alta complexidade necessita da gerência contínua do enfermeiro tanto nos aspectos organizacionais como assistenciais. É uma unidade que prima por preservar vidas e evitar complicações e para isso o enfermeiro deve ser portador de muitas qualidades como destreza manual, espírito de liderança, pensamento lógico e crítico e talvez o mais importante humano. Não basta apenas habilidade técnica e conhecimento científico. É necessária estabilidade emocional, capacidade em trabalhar em equipe, integridade moral e facilidade de assimilação.

Intervenções multiprofissionais aplicadas a clientes em peri-operatório de cirurgia cardíaca

            O cliente que será, está ou foi submetido a intervenção cirúrgica necessita da assistência de uma equipe multidisciplinar com o objetivo de deixar o cliente apto para a cirurgia caso seja necessário.

Após a cirurgia deve-se reestabelecer o sistema hemodinâmico e recuperá-lo o mais precocemente possível. A cirurgia cardíaca produz reduções da força muscular inspiratória, dos volumes e fluxos pulmonares (13) e a extubação precoce reduz o tempo de permanência na unidade de terapia intensiva e no hospital (14,15). Logo, ações de monitoramento do padrão respiratório do cliente se fazem necessárias, e as intervenções não se restringem á atuação da enfermagem, envolvendo profissionais médicos e fisioterapeutas.

Estabelecer o meio mais efetivo de controle da dor e redução da ansiedade dos pacientes (14) também são ações que propiciam um período peri-operatório com maiores chances de sucesso. Para tal, cada um dos profissionais dentro do seu contexto realiza procedimentos pertinentes na sua área para que o sucesso tão esperado do procedimento cirúrgico seja alcançado.

 

Conclusão:

            Com o avanço tecnológico a patologia cardíaca vem sendo tratada de forma diferenciada através de alta tecnologia e procedimentos invasivos cujo prognóstico vem a ser muito mais satisfatório. Porém, o procedimento cirúrgico em si não é o fator determinante para a boa recuperação do cliente cardiopata. É necessário que haja suporte tecnológico e humanizado durante toda a fase do procedimento, com uma equipe de enfermagem e multiprofissional preparada para atender ao cliente em todas as suas necessidades.

A participação do enfermeiro durante todo o período perioperatório cardíaco se faz necessário para que a assistência seja adequada mediante as necessidades físicas e psicológicas apresentadas pelo cliente. Realizar revisões sistemáticas sobre as evidências para diferentes momentos do processo de uma cirurgia cardíaca,a construção e reconstrução do conhecimento, constituem premissa para um cuidado que prioriza a qualidade.

Para tanto a utilização da sistematização da assistência de enfermagem embora não seja uma prática realizada de forma usual pelos profissionais, se torna imprescindível para que o cuidar se torne o mais adequado possível. Para que esta assistência seja atendida apenas a alta tecnologia e o bom preparo técnico não bastam. Fatores como as políticas das organizações, normas, objetivos dos serviços, muitas vezes estabelecidos por médicos e administradores sem a participação dos enfermeiros, atitudes, crenças, valores, habilidades técnicas e intelectuais por vezes dos próprios profissionais, muitas vezes as deficiências do ensino formal e na sua relação com a prática do trabalho de enfermagem, que levam à desvalorização do processo de enfermagem pelos próprios enfermeiros, ou até mesmo a maneira como o processo tem sido operacionalizado nos serviços como uma imposição da chefia de enfermagem que valoriza mais a documentação à implementação dessa metodologia de forma efetiva na prática, tudo isso faz com que a sistematização da assistência de enfermagem não seja realizada.

É necessário que este cliente seja atendido assim como à sua família em todas as suas necessidades de uma forma humanizada esperando-se assim sua adequada recuperação e inserção novamente na comunidade.

 

Referências Bibliográficas

  1. Brasil. Ministério da Saúde. Mortalidade. DATASUS. Disponível em www.datasus.org.br. Acesso em: 12 nov 2007.

  2. Knobel E. Terapia Intensiva Enfermagem.  São Paulo. Atheneu, 2005.

  3. Lima FB, Silva JLL, Gentile AC. A relevância da comunicação terapêutica na amenização do estresse de clientes em pré-operatório: cuidando através de orientações. Informe-se em promoção da saúde, v.3, n.2.p.17-18, 2007. Disponível em: http://www.uff.br/promocaodasaude/informe. Acesso em: 12 nov 2007

  4. Souza LHM, Elias OD. Fundamentos da Circulação extra- corpórea. 2ª ed. Rio de Janeiro: Centro Editoral Alfa; 2006.

  5. Galdeano LE, Rossi LA, Santos CB, Dantas RAS. Diagnóstico de enfermagem no perioperatório de cirurgia cardíaca. Rev Esc Enferm USP 2006: 26-33. Disponível em http://www.ee.usp.br/REEUSP. Acesso em: 10 nov 2007.

  6. Barbosa PMK, Pontelli LRO, Mauricio MM, Nunes RCA. Débito cardíaco diminuído: diagnóstico e intervenções de enfermagem a pacientes internados na terapia intensiva. Nursing 2003 abr; 59 (6): 22-7.

  7. Bellvomini AS, Tanaka LH. Assistência de enfermagem no pré-operatório de cirurgia cardíaca: percepção dos enfermeiros e auxiliares de enfermagem. Nursing 2003 out; 65 (6): 21-5.

  8. Paiva BSR, Marsicano EO, Suassuna NMSF. Os enfermeiros de unidade intensiva de Juiz de Fora frente ao exame físico. Enferm Atual 2007 jul/ago; 40: 37-41.

9.       Assis CC, Barros ALBL, Ganzarolli MZ. Avaliação das intervenções e dos resultados esperados para o diagnóstico de enfermagem fadiga, em portadores de insuficiência cardíaca. Acta Paul Enferm 2007 jul./set; 20 (3): 357-61.

10.   Béltran SO. Estar críticamente enfermo significa no ser capaz y no poder decidir. Index Enferm.  [periódico en la Internet]. 2008  Jun [citado 2008  Dic  15] ;  17(2): 92-96. Disponible en: http://scielo.isciii.es/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1132-12962008000200003&lng=es&nrm=iso. Acesso em 01 dez 2008.    

11.   Barbosa PMK, Fucuta RS, Santos CA. Necessidade de orientação a            visitantes de pacientes internados na unidade de terapia intensiva. Enferm Brasil 2005 jun; 4 (3): 156- 62.

12.   Randuz V, Gasperi P. O papel do enfermeiro em unidade coronariana. Enferm Atual 2006 jan/fev; 31: 22-6.

13.   Borghi S . A influência da pressão positiva expiratória final (PEEP) associada à intervenção fisioterapêutica na fase I da reabilitação cardiovascular. Clinics 2005 dez; 60 (6): 465-72. Disponível em http://www.scielo.br/scielo. Acesso em: 22 out 2007.

14.   Hawkes CA, Dhileepan S, Foxcroft D. Extubação precoce para adultos submetidos a cirurgia cardíaca (Cochrane Review). In: Resumos de revisões sistemáticas em português. Oxford; 2007 Disponível em http:// www.rbccv.org.br/detalhe_artigo.asp. Acesso em: 11 out 2007.

15.   Lourenci RB. Sistematização da assistência de enfermagem ao paciente submetido ao cateterismo cardíaco: análise da produção científica. Online Braz J Nurs [internet]. 2006 [citado 2009 Jun 19]; 5(3) Available from:  www.uff.br/nepae/objn.

 

Leituras Adicionais

Cintra EA, Nishide VM, Nunes WA. Assistência de enfermagem ao paciente gravemente enfermo. 2a. ed, São Paulo: Atheneu, 2003.

Hudak CM, Gallo BM. Cuidados intensivos de enfermagem: uma abordagem holística. 6a. ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1997.

 

 





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