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REVIEW ARTICLES


Guidelines for evidence-based practice on nursing prescription prevention of falls in Alzheimer's patients in the ICU - Systematic Literature Review


Diretrizes para a prática baseada em evidência sobre prescrição de enfermagem prevenção de quedas em pacientes com Alzheimer na UTI- Revisão Sistematizada da Literatura


Lorene Soares Agostinho1, Isabel Cristina Fonseca da Cruz1

1Universidade Federal Fluminense

ABSTRACT

Introduction: Falls in the hospital environment are a major problem for health organizations, because the consequences of this fall on the health of the individual can result in an increase in the hospitalization time, worsening of the clinical picture and even death. Patients with neurological disorders often present changes in their level of consciousness, impaired mobility, sensory alterations, orthostatic hypotension, previous history of falls and bladder or bowel alterations, making them more susceptible to falls in hospital settings. Methodology: This is an integrative review study, conducted through an online database search of scientific nursing publications between the years 2011 and 2017. Discussion: Risk factors for falls can be divided into two groups: intrinsic factors and extrinsic factors. recommended through the findings that the nursing professional is attentive to the patient, especially those hospitalized in intensive care units. Conclusion: The effective participation of all sectors that somehow provide care to the patient, even indirectly, including managers, is essential so that the best possible understanding of the risks of falling in the in-hospital environment can occur. improving the safety of hospitalized elderly patients

Key-words: Fall; Elderly; Patient Safety.


RESUMO

Introdução: Quedas em ambiente hospitalar são um grande problema para as organizações de saúde, pois as conseqüências desta queda sobre a saúde do indivíduo podem resultar no aumento do tempo de internação, piora do quadro clínico e até mesmo a morte. Pacientes portadores de doenças neurológicas frequentemente apresentam alterações do nível de consciência, mobilidade prejudicada, alterações sensoriais, hipotensão ortostática, história prévia de quedas e alterações vesicais ou intestinais, os tornando mais suscetíveis as quedas em ambientes hospitalares. Metodologia: Trata-se de um estudo de revisão integrativa, realizada através de uma busca em base de dados online de publicações cientificas de enfermagem entre os anos de 2011 e 2017. Discussão: Os fatores de risco para queda podem ser divididos em dois grupos: fatores intrínsecos e fatores extrínsecos. Recomendam-se através dos achados, que o profissional de enfermagem esteja atento ao paciente, sobretudo os internados em unidades intensivas. Conclusão: É de suma importância a participação efetiva de todos os setores que de alguma forma prestam assistência ao paciente mesmo que seja de forma indireta, incluindo gestores, para que ocorra a compreensão da melhor forma possível dos riscos de queda no ambiente intra-hospitalar e consequentemente a melhoria da segurança do paciente idoso hospitalizado.

Palavras-chaves: Queda; Idoso; Segurança do Paciente.


INTRODUÇÃO

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define queda como um evento que leva o indivíduo ao chão ou em um nível inferior. Estima-se que 391 mil pessoas morreram no ano de 2002 em consequência de quedas, transformando este evento na segunda maior causa de morte resultante de injúria não intencional, depois dos acidentes de trânsito(1).

A hospitalização eleva o risco de queda, pois os pacientes estão em ambientes que não são familiares, onde em muitos casos são portadores de doenças que predispõem à queda, onde muitos dos procedimentos terapêuticos, como as múltiplas prescrições de medicamentos podem aumentar risco de queda no ambiente hospitalar(2).

O Alzheimer é representado por respostas cognitivas não adaptadas, devido ao seu comprometimento cerebral extenso. O comprometimento é responsável pela redução/perda da autonomia e capacidade de tomar decisões, e também por afetar o funcionamento ocupacional e social de cada indivíduo. A dependência é consequência da doença. Sendo assim, o idoso que manifesta um potencial promissor para a perda das capacidades funcionais e/ou mentais pode apresentar dependência total ou parcial para as atividades cotidianas, necessitando de maiores cuidados(3).

Quedas em ambiente hospitalar são um grande problema para as organizações de saúde, pois as conseqüências desta queda sobre a saúde do indivíduo podem resultar no aumento do tempo de internação, piora do quadro clínico e até mesmo a morte, além de consequências emocionais e sociais. Trata-se de um incidente que tem mobilizado pesquisadores na busca de instrumentos que possam avaliar os pacientes com risco aumentado, com o objetivo de se instituírem medidas preventivas(1).

Os medicamentos que são utilizados com certa frequência em pacientes com doenças neurológicas e cardiovasculares também podem apresentar efeitos associados significativamente ao risco aumentado para quedas em ambiente hospitalar, exceto os antiparkinsonianos. O uso de todos os demais medicamentos está descrito na NANDA-I como fator de risco para o diagnostico de enfermagem de Risco de queda(4).

Diante do exposto, o estudo tem por objetivo identificar intervenções de enfermagem frente ao paciente com Alzheimer, utilizando a estratégia PICO para determinar se há efetividade a intervenção prevenção contra queda.

Tendo como questão pratica quais as intervenções de enfermagem para prevenção contra quedas no tratamento de paciente com Alzheimer na unidade de terapia intensiva?

Quadro 1: Descrição dos componentes da estratégia PICO

Quadro 1

METODOLOGIA

Trata -se de um estudo de revisão integrativa, realizada através de buscas em bases de dados online de publicações cientificas Scielo , Medline, BVS e LILACS entre os anos de 2011 e 2017, aplicando filtros como texto completo, português, inglês e espanhol. utilizando como descritores quedas; Idoso; segurança do paciente. Sendo assim após a combinação dos descritores foram encontrados 72 artigos, após leitura foram selecionados 10 artigos que se enquadravam na pesquisa. Tendo como critérios de inclusão: artigos relacionados com a temática da pesquisa. E de exclusão: repetições de artigos em mais de uma base de dados. Sendo selecionados por meio de análise de conteúdo e síntese, e foram alinhados em uma tabela no corpo desse artigo.

Quadro 2: Publicações localizadas nas bases de dados segundo Autor (es), Data e País, Objetivo da pesquisa, Força da evidência, Tipo do estudo e principais achados. Niterói, 2017.

Quadro 2

DISCUSSÃO

Segundo a NANDA International, Inc. (NANDA-I), o diagnóstico de enfermagem Risco de queda é definido como “Vulnerabilidade ao aumento da suscetibilidade a quedas, que pode causar dano físico e comprometer a saúde(5).

Os fatores de risco para queda podem ser divididos em dois grupos: fatores intrínsecos e fatores extrínsecos. considera-se fatores intrínsecos todos aqueles que estão diretamente relacionados com a situação física e psicológica do paciente, como por exemplo, o aumento do tempo de reação à situação de perigo, os distúrbios músculo esqueléticos, os medicamentos como ansiolíticos, entre outros. Já os fatores extrínsecos são todos aqueles que estão direta ou indiretamente relacionados ao contexto em que o doente se encontra. Podendo ser a iluminação inadequada, obstáculos no caminho, ausência de corrimões e banheiros entre outros(6,7,8,9). Os fatores de risco extrínsecos, am­bientais ou relacionados ao processo de trabalho, estando juntos ou não aos fatores de risco intrínsecos, são mandatórios para identificação do risco de queda, como mencionado em trabalhos que associam o risco aos fato­res relacionados ao trabalho e à qualificação profissio­nal(10,11).

A disparidade entre o ambiente hospitalar e o ambiente doméstico, com as suas alterações de espaço e organização, pode representar enorme mudança para o paciente, principalmente para os mais idosos ou com maior dificuldade de ajustamento a alterações do seu ambiente(12,13).

De acordo com a Organização Mundial da Saúde- OMS O envelhecimento populacional é uma realidade atual. Onde em 2025, espera-se uma população de 1,2 de bilhões de idosos no mundo (14,15). No Brasil em 2020 esses índices chegarão a 30,8 bilhões. Nos últimos anos, as quedas de idosos em hospitais ocorreram com uma prevalência de 29% de todos os pacientes internados (12,15). A restrição ao leito traz grande perda de massa óssea e muscular e pode levar à perda da capacidade de deambulação, além de aumentar o risco de quedas e fraturas (10,11)

O enfermeiro deve utilizar de ferramentas que auxiliam na identifição de pacientes que se encontram em risco de queda e, a partir da identificação de risco elencar estratégias de prevenção, torna-se um aliado no processo de trabalho do enfermeiro e na promoção da segurança do paciente no ambiente hospitalar (7,15).

Com relação à assistência de enfermagem ao paciente com Alzheimer, foi elaborado de acordo com os achados encontrados na literatura mencionada anteriormente intervenções com relação ao risco de queda que devem ser realizadas por toda a equipe de enfermagem que prestam assistência ao paciente. Esses achados foram divididos em duas categorias, uma delas corresponde aos fatores intrínsecos e a outra aos fatores extrínsecos.

Fatores Extrínsecos:

  • Quarto: observar se a má iluminação, se falta corrimãos no quarto, se o mobiliário é inadequado e se o piso fornece algum risco.observar também se a limitação do espaço físico. Sempre travar as rodas das cadeiras, camas ou outros dispositivos (6,8,13).

  • Objeto dos pacientes: analisar sempre se o vestuário e calçados estão adequados(15).

  • Banheiro: observar se tem piso antiderrapante, boa iluminação e barras de apoio, sempre acompanhar o paciente quando o mesmo for fazer uso do banheiro(10,12,13).

  • Cama: observar se há grades e se as mesmas estão em boas condições; é recomendável sempre que possível manter a cama na posição mais baixa e com as grades dos leitos elevadas, exceto quando há algum tipo de necessidade especial (8,9,14).

  • Dispositivos: Realizar revisões regulares dos andadores, bengalas e cadeiras de rodas para observar se os mesmos se encontram dentro dos padrões de segurança e orientar a família e os pacientes sobre o uso desses dispositivos e sobre o uso correto dos sapatos e sobre solados antiderrapantes (7,10,13).

Fatores intrínsecos:

História prévia: O enfermeiro, como estratégia de prevenção deve conhecer o histórico de quedas previas, sempre analisando criticamente os fatores desencadeantes (6,8,9,11,14,15).

Medicação: Pacientes que realizam o uso de diuréticos, hipoglicêmicos, anti-hipertensivos, beta-bloqueadores, antiarrítmicos, anticoagulantes e inotrópicos devem ser monitorizados, observando sempre os efeitos adversos. Os familiares devem ser instruídos para os efeitos adversos dessas medicações(7,9,10,11,15).

Eliminações fisiológicas: O enfermeiro como prevenção contra queda deve disponibilizar dispositivos para o paciente utilizar no leito ou fornecer ajuda para o paciente se locomover ate o banheiro. Recomenda-se sempre que possível posicionar os pacientes próximo ao banheiro. Pacientes que realizam o uso de laxativos e diuréticos devem ter atenção especial (6,12,14).

Estado cognitivo: os pacientes que se apresentarem agitados, confusos, desorientados ou possuírem alterações no estado de consciência devem ser monitorados bem como aqueles que possuem limitação cognitiva e dificuldades de linguagem e de expressão.(6,8,11,13,15).

Pacientes com doenças cardiológicas, neurológicas e respiratórias devem obter atenção especial e devem ser monitorados (7,9,12). A partir dos achados encontrados na literatura, orienta-se que o profissional de enfermagem adote uma postura de vigilância com relação ao paciente com o diagnostico de Alzheimer, principalmente aqueles que se encontram internados em unidades intensivas, visto que, por vezes os mesmo estão agitados devido as alterações espaciais e as medicações que são utilizadas, obtendo assim um risco aumentado de ocorrência de quedas no ambiente hospitalar.

A prognose dos fatores que levam ao diagnostico de enfermagem de risco para queda, após uma correta avaliação, deverá ser foco de um planejamento de enfermagem voltado para redução dos riscos individuais para queda, a fim de agregar maior efetividade ao planejamento das ações. Visto que a prevenção contra quedas foca nos fatores que ameaçam a segurança do paciente e que podem comprometer a qualidade do atendimento prestado (11,15). É recomendo que as instituiçoes adotem um protocolo para direcionar a assistência prestada pelos seus profissionais em suas rotinas.

É de suma importância a participação efetiva de todos os setores que de alguma forma prestam assistência ao paciente mesmo que seja de forma indireta, incluindo gestores, para que ocorra a compreensão da melhor forma possível dos riscos de queda no ambiente intra-hospitalar e consequentemente a melhoria da segurança do paciente idoso hospitalizado(14).

A família também possui um importante papel na prevenção de quedas, com isso ela deve receber instruções que ajude na compreensão da forma correta de transportar e locomoção do paciente com segurança, tanto no ambiente hospitalar como em sua residência após a alta hospitalar (10).

CONCLUSÃO

Com isso, os protocolos apenas serão eficazes se os profissionais estiverem estimulados para colocar em prática o que está escrito. Pois um profissional que esteja sendo sobrecarregado em suas funções não consegue desenvolver atividades com total dedicação devido ao binômio tempo versus numero de pacientes. Este estudo poderá servir como uma base para estruturação de um protocolo de medidas preventivas contra o risco de queda em pacientes com Alzheimer, já que o mesmo apresentou os fatores que devem ser observados pelos profissionais que prestam assistência ao paciente. Onde os profissionais que conhecem os pacientes com maior chance para quedas, podem adotar específicas medidas preventivas e de segurança, preservando a saúde dos pacientes e a qualidade do atendimento prestado.


REFERÊNCIAS

  1. Vaccari E, Lenardt MH, Willig MH, Betiolli SE, Oliveira ES. Safety of the hospital environment in terms of preventing falls on the part of the elderly: a descriptive study. Online braz j nurs, 2014 Sep; 13 (3):271-81. http://dx.doi.org/10.5935/1676-4285.20144753

  2. Brasil. Protocolo de Prevenção de Quedas. Ministério da saúde. 2014.

  3. Vieira KFL, Baía RV, Lucena ALR, Delgado ART, Oliveira LB. Prevalência e preocupação com o risco de quedas em idosos comunitários. J Nurs UFPE on line., Recife, 11(Suppl. 1):351-7, Jan., 2017. http://dx.doi.org/10.1590/1413-812320152012.00662015

  4. Luzia MF, Victor MAG, Lucena AF.  Diagnóstico de Enfermagem Risco de quedas: Prevalência e Perfil clínico de Pacientes Hospitalizados. Rev. Latino-Am. Enfermagem 22(2):262-8. 2014. DOI: 10.1590/0104-1169.3250.2411

  5. Diagnósticos de enfermagem da NANDA: definições e classificação 2015-2017/ NANDA International; tradução Regina Machado Garcez. - Porto Alegre: Artmed, 2015

  6. Costa SGRF, Monteiro DR, Hemesath MP, Almeida MA. Caracterização das quedas do leito sofridas por pacientes internados em um hospital universitário. Rev Gaúcha Enferm., Porto Alegre (RS) 2011 dez;32(4):676-81. http://dx.doi.org/10.1590/S1983-14472011000400006

  7. Luzia MF, Almeida MA, Lucena AF. Mapeamento de cuidados de enfermagem para pacientes com risco de quedas na Nursing Interventions Classification. Rev Esc Enferm USP 2014; 48(4):632-9. http://dx.doi.org/10.1590/S0080-623420140000400009

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